O Acompanhamento Familiar no Desenvolvimento Educacional da Criança
Este artigo tem como objetivo analisar o acompanhamento familiar no desenvolvimento educacional da criança.
Consiste em uma pesquisa bibliográfica e de campo no enfoque fenomenológico com abordagem qualitativa. Os dados foram coletados através de entrevista semi-estruturada realizada com uma professora do 4º ano do ensino fundamental de uma escola pública municipal do município de Davinópolis- MA. A pesquisa revelou que um dos grandes desafios enfrentados pelo professor na sala de aula é a falta de acompanhamento familiar.
1 INTRODUÇÃO
A família é a base de formação e construção do ser na sociedade, sendo o ponto de referência da criança, que antes mesmo de nascer, seus pais já possuem um pré-planejamento para designar como essa criança vai aprender, descobrir e apropriar-se dos conhecimentos da maneira mais sensata possível para construir sua identidade, integrando-se na sociedade como ser crítico e participativo em busca da melhoria do meio social em que vive, dessa forma a família como precursora e incentivadora da construção da autonomia desse ser, deve sempre possuir tempo para participar e interagir com as instituições que auxiliam nessa formação.
Família e escola devem manter parceria, pois, é através delas que a criança consegue desenvolver-se satisfatoriamente, expressando seus sentimentos, satisfazendo suas necessidades, interesses e desejos, reconstruindo um novo mundo. Portanto, é de primordial importância, que a família e a escola estabeleçam momentos de interação e discussão sobre a educação da criança ficando a cargo de cada um assumir suas responsabilidades e trabalhando em conjunto para que se obtenha bons resultados.
Assim, o presente artigo procura demonstrar a importância do acompanhamento familiar para o desenvolvimento educacional da criança, considerando alguns aspectos como a educação familiar, o acompanhamento da família nas atividades escolares e a participação dos pais nas reuniões, que contribuem para a aprendizagem escolar da criança.
Em virtude disso, este ensaio pauta-se em uma pesquisa bibliográfica e de campo, baseadas nas teorizações de Tiba (1998), Piletti (1995), Leite (1972) dentre outros, utilizando o enfoque fenomenológico e abordagem qualitativa para analisar como o acompanhamento familiar auxilia no desenvolvimento educacional da criança.
2 A FAMÍLIA COMO BERÇO DA CONSTRUÇÃO INICIAL DO IDENTIDADE DO SER HUMANO
A família é o ponto de referência na construção do ser. Dessa forma vale analisar e refletir sobre a formação familiar atualmente, o conceito, visão e seu papel.
A constituição brasileira de 1988 explicita que a família é à base da sociedade (art.226). Como em poucos anos a sociedade mudou muito, com a organização familiar não foi diferente. Os modelos de família hoje se diferem bastante dos antepassados, isso ocorreu devido a modernização e evolução das pessoas perante a humanidade que a cada dia que passa desconstrói valores antigos construindo novos valores (LEITE, 1972).
Analisando a sociedade antiga, de acordo com Leite (1972), percebe-se que, na formação familiar preservava-se a instituição família conservando as propriedades e o título de nobreza, ocasionando assim o casamento forçado para a mulher, formando então uma família onde a mulher deve servir o homem, cuidar da casa e dos filhos, ficando a cargo do marido trabalhar para sustentar a família. Tudo isso acontece por causa da sociedade machista que predominava naquela época na qual, as mulheres deveriam ser submissas ao homem e ocupar-se do trabalho doméstico, dedicando-se ao máximo para manter os laços de afetividade na família e status passando a ideia de que todos viviam bem, felizes e unidos.
Com a chegada dos processos paralelos de industrialização e urbanização, a ampliação da faixa de alfabetização, começa a surgir uma nova ideologia que sustenta a ideia de que o indivíduo vale por aquilo que faz e não pelo o que seus antepassados fizeram. Assim surge um novo ideal de família, baseado na escolha afetiva de jovens, com o objetivo de realização da felicidade individual, dando significado ao sentimento amoroso e construção pessoal (LEITE, 1972). Sendo assim distinguem-se novas constituições familiares, além da tradicional família nuclear composta por pai, mãe e filhos, que é idealizado nas instituições educacionais, no qual cada membro cumpre sua função específica, encontram-se situações familiares variadas: pais separados e filhos vivendo com apenas um deles; novos casamentos e meio-irmãos; crianças que moram com avós ou tios, lar desunido, pais alcoólatras etc. famílias que são consideradas desestruturadas e que apresentam diferentes situações afetivas. Desse modo, percebe-se que não existe um único modelo de família, pois a instituição familiar, como qualquer outra entendida como criação humana, está sujeita a determinações históricas e culturais, e como tal sofre modificações ao longo do tempo podendo constituir-se tanto em meio à solidariedade, afeto e segurança, quanto em um espaço de conflitos e disputa.
Diante disso, a sociedade passa a ter outro olhar sobre a família, onde homem e mulher começam a dividir os mesmos direitos e obrigações, a mulher passa a ser mais valorizada e começa a ganhar valor no meio social, inserindo-se no mundo do trabalho demonstrando suas capacidades. Uma vez que nosso modelo de sociedade, caracterizado por situações de injustiça e desigualdade, também cria famílias que lutam com muita dificuldade pela sobrevivência (PILETTE, 1995). Com todo esse crescimento e desenvolvimento da sociedade, os membros da família ocupam-se de tarefas que tomam grande parte de seus tempos, pois, ambos estão em busca de construir algo melhor que promova o bem estar da família que quer sempre viver em um ambiente confortável e bem estruturado. Em busca desse conforto, alguns devem sofrer um sacrifício e na maioria das vezes os mais atingidos são os filhos, sendo assim, percebe-se que os casais hoje veem diminuindo cada vez mais o número de filhos na família, optando por no máximo dois filhos para que se tenha um lar bem estruturado.
2.1 Educação familiar e suas influências na aprendizagem da criança
Segundo a teoria Integração Relacional, do psiquiatra e educador Içami Tiba (1998), o comportamento humano apresenta três níveis: 1. nível biológico ou instintivo, que é regido pelos instintos característicos dos animais mamíferos; 2. nível psicológico ou aprendido, que resulta da inteligência humana formando a base para o nível seguinte; 3. nível social ou evoluído, que caracteriza a capacidade relacional do ser humano, visto que este é um ser gregário que vive em sociedade. Neste nível está presente a disciplina, a gratidão, a religiosidade, a ética relacional e a cidadania. Com base nisso, entende-se que o ser humano quando nasce é guiado apenas pelos instintos cuja relação com o mundo é caracterizada pela sensação de prazer e desprazer, após algum tempo o individuo percebe-se em uma realidade onde busca o equilíbrio entre situações que satisfaçam suas necessidades e as exigências sociais e culturais.
De acordo com Tiba (1998), atualmente a educação domiciliar está muito carente desse terceiro nível, posto que já é muito difícil as famílias ensinar o segundo, por conta da falta de uma maior clareza do certo e do errado que prejudica o estabelecimento de limites e responsabilidades. Tudo isso, resultante de falhas na educação familiar, favorecendo uma relação de prazer e desprazer com o mundo, rejeitando qualquer esforço, pois aos filhos tudo é permitido e quando esse filho torna-se aluno está despreparado para as práticas de aprendizagem da escola que exigem deles prontidão para as aulas.
A criança escolhe algo. Se é gostoso vai em frente. Se encontra dificuldades, larga. É uma geração com muita iniciativa e pouca “acabativa”, que está indo para escola sem grandes motivações de estudo e dificilmente se adaptará ao sistema psicopedagógico clássico (TIBA, 1998, p.28-29).
O tipo de educação familiar pode prejudicar ou facilitar a aprendizagem, pois, esta é afetada por vários fatores ligados à família, trazendo consequências negativas para o desenvolvimento da criança dentre os quais se destacam, segundo Piletti (1995), a educação autoritária, que oprime e divide sentimentos provocando dificuldades para a criança se relacionar com o meio social podendo ocasionar fuga para um mundo de fantasia, e as vezes agressividade e teimosia; o excesso de mimos, que induz a dedicar-se a aprendizagem escolar como meio para alcançar um mimo que costuma ter em casa; a educação desigual, quando o pai age de um jeito e a mãe de outro; a educação que valoriza a ambição, quando os pais esperam que os filhos alcancem resultados fora do comum, desenvolvendo nas crianças um falso sentimento de superioridade que pode frustrá-la quando as expectativas dos pais não forem alcançadas; a falta de amor, crianças não amadas ou rejeitadas pelos pais manifestam muita necessidade de reconhecimento, atenção e carinho, desenvolvendo muitas vezes comportamentos inadequados na escola como meio de chamar a atenção. Então, acredita-se que a educação familiar adequada é aquela feita com amor, paciência e coerência, para desenvolver nos filhos autoconfiança e espontaneidade favorecendo a disposição para aprender.
[…] Dizem os psicólogos e confirmam, na prática, professores e psicopedagogos, que não há desenvolvimento equilibrado e saudável da criança, sem a família. A escola contribui para socialização crescente da criança, porém, é na família que ela encontra todos os insumos necessários (autoestima, afetividade, confiança, motivações intrínsecas, quadro de emoções saudáveis, aceitação, autonomia, intencionalidade, decisão, maturidade, respeito, elementos de reciprocidade etc.) para aguar este processo de socialização e de socio-afetividade, chão e base de sustentação para o desenvolvimento da aprendizagem (CARNEIRO, 2010, p.43).
Dessa forma, o compromisso deve ser de todos, devendo os pais, com coerência, constância e responsabilidade, ensinar a educação relacional necessária ao processo de aprendizagem escolar, estabelecendo regras a serem obedecidas pelos filhos em qualquer lugar, pois, o não cumprimento dessas regras acarretará em consequências. Uma vez que, é a família que geralmente proporciona as crianças suas primeiras experiências educacionais, influenciando-as e moldando aos poucos seu comportamento, mesmo que de forma inconsciente. Quanto à escola, esta deve levar em consideração a situação familiar de cada aluno, proporcionando o aprendizado do conhecimento através da organização sistemática das informações e conceitos, promovendo a aquisição de novas e diferentes habilidades.
3 A CRIANÇA E SUAS PECULIARIDADES NO MEIO SOCIAL
O Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil (1998) define a criança como um sujeito social e histórico que faz parte de uma organização familiar que estar inserida em uma sociedade, com uma determinada cultura e momento histórico. Sendo assim, percebe-se que a criança caracteriza-se por suas particularidades que a definem e formam de acordo com o meio social. Dessa forma diante do processo de desenvolvimento da criança, faz-se necessário analisar e compreender suas ideias e maneiras de entender o mundo em que vivem, sendo este caracterizado particularmente de acordo com os aspectos afetivos, emocionais, cognitivos e sociais da criança.
Nessa perspectiva a criança é marcada pelo meio social em que se desenvolve, tendo a família como um ponto de referencia, sendo ela a primeira instituição social responsável pela efetivação dos direitos básicos da criança. Pois, é nas relações que ela vivencia no ambiente familiar e através das trocas interpessoais que a criança desenvolve sua identidade, autoconfiança e dínamo de suas motivações (CARNEIRO, 2010).
Compreender o mundo do adulto passa a ser um desafio valioso para a criança, sendo que ela desenvolve um sentimento unilateral de respeito em relação ao adulto, construindo sua primeira moral que é dependente da vontade dele. Esta moral só poderá ser superada depois dos sete anos, com a substituição do respeito unilateral da criança para com o adulto, pelo respeito mútuo (PILETTI, 1995).
A partir dos oito anos, a intenção da criança começa a ser importante no julgamento moral, porque diminui a influência das crianças da mesma idade. Aos nove anos a maioria das crianças se ver independente e às vezes dispensa a ajuda dos pais, formando o seu próprio ponto de vista como consequência da interação com seus companheiros (LAMARE, 1969).
Só a partir do fim da infância, quando o indivíduo já pode organizar de maneira autônoma suas normas de conduta e seus valores, é que pode estruturar sua personalidade (PILETTI, 1995). Portanto não se deve marcar e estigmatizar as crianças pelo o que a difere, mas levar em conta suas singularidades, respeitando-as e valorizando-as como fator de enriquecimento pessoal e cultural. E como a escola pode contribuir para esta valorização? Para o engrandecimento pessoal e cultural dos pupilos?
A escola não é um sistema isolado e independente da sociedade, ela deve contribuir para transformar a realidade, ainda mais numa época em que as crianças nem bem entraram no processo de educação familiar, estão indo cada vez mais cedo participar da socialização na escola, dessa forma a escola ganha cada vez mais força na educação das novas gerações.
Como hoje, encontram-se várias constituições familiares distintas, percebe-se que a educação doméstica ficou ainda mais complicada gerando dificuldades na capacidade relacional do aluno. Ao detectar essa dificuldade, a escola deve criar um canal de comunicação com a família, procurando estabelecer caminhos que irão nortear a educação daquele aluno. Através desse canal a escola pode contribuir para fortalecer laços do aluno com a família até porque a aprendizagem depende diretamente do equilíbrio emocional do aluno. “Cabe à escola orientar sobre o estudo diário. Chamar a atenção da mãe sobre os vícios da ?decoreba? de tomar a lição só na véspera da prova, e recomendar que estimule seu filho a dar aulas sobre o que aprendeu, dia após dia” (TIBA, 1998, p.163).
As escolas devem criar um ambiente que seja favorável tato para as crianças quanto para as famílias desencadeando nestas o desejo de estar presente continuamente e não somente esporadicamente, criado uma rede de relações, que as possibilitem ao redimensionamento de seus conflitos.
4 RELAÇÃO FAMÍLIA E ESCOLA NO DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL DA CRIANÇA
A escola é o local por excelência onde o conhecimento é transmitido pelo professor assimilado pelo aluno. Família também transmite considerável parte da cultura social a nova geração, contudo de maneira diferente da escola. A família desenvolve suas funções educativas de maneira informal (LAKATOS; MARCONI, 2006). Logo escola e família são instituições distintas, embora muitas vezes sejam vista como extensão uma da outra, por haver uma estreita relação entre ambas. Desse modo devem estabelecer uma linha de parceria no processo educativo das crianças, pois, são responsáveis pelo desenvolvimento humano intelectual do aluno. Uma vez que essa responsabilidade é prevista na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), Lei nº 9.394, promulgada em dezembro de 1996, ao entender a educação como dever da família e do estado (título II, art. 2º), tendo uma finalidade de tríplice natureza: o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para cidadania e a qualificação para o trabalho, pois desde o nascimento a educação é decisiva para o desenvolvimento saudável das funções materiais das crianças para aquisição e acumulação de conhecimentos que às acompanharão por toda vida e para a consolidação de valores. Por isso a família precisa estar em permanente comunicação com a escola, consolidando-se com um canal interrupto de diálogo família/escola, que é condição essencial para uma compreensão crescente das potencialidades e limitações do filho/aluno e do aluno/filho (CARNEIRO, 2010).
Todavia, há vários entraves no que se refere à comunicação família/escola, sendo por vez confundidas as responsabilidades educativas que cabem a cada uma delas havendo até confronto, pois os pais educam de uma forma e os professores ensinam de outra, visto que as famílias têm seus olhares sobre a escola, os profissionais têm um modo próprio de ver as famílias, acreditando muitas vezes que elas impõem dificuldades no processo de socialização e de aprendizagem das crianças, baseados numa visão equivocada que gera preconceito, dificultando e até mesmo impedindo o diálogo.
Vale salientar que a escola deve desempenhar sua função formativa visando benefício da criança. Para isso, segundo Tiba (1998), entre a escola e a família deve haver uma soma, e não atropelamento de uma parte pela outra. Dessa forma o professor, que é o profissional com o qual a criança mais convive ao longo da vida, não pode ignorar os conhecimentos que o aluno obteve antes de entrar na escola e continua a obter fora dela, com isso o professor deve levar em consideração as singularidades existentes entre os alunos, bem como a diversidade social, étnica, costumes e valores presentes na sala de aula.
Diante disso escola e família devem trabalhar esforçando-se pela convergência, porque a formação básica do cidadão, objetivo posto pela LDB ao ensino fundamental, dar-se mediante o fortalecimento dos vínculos de família, dos laços de solidariedade humana e de tolerância recíproca em que assenta a vida social (título V, capítulo II, seção III, art. 32). Então, como se vive em uma sociedade marcada pela cultura e violência a questão da tolerância recíproca é um ponto crucial, como expõe Carneiro (2010, p. 256):
[…] Isto indica que a necessidade de uma maior aproximação entre família e escola ? com o envolvimento direto dos pais ? para uma refundação dos princípios de tolerância, e respeitos às diferenças e, sobre tudo, a marcação de linhas de responsabilidade pessoal, de disciplina social e de conduta ética compatível com uma cidadania sadia.
Logo, a família não pode cobrar que a educação do filho seja dada pela escola empurrando a esta toda a responsabilidade; e a escola, do mesmo modo, não pode exigir que a educação venha do berço desobrigando-se de suas responsabilidades, porque a tarefa de educar cabe à família e a escola juntas, visto que “a família é a primeira grande referência da vida social para a criança e a escola é a primeira grande referência da vida institucional que lhe apresenta […]” (CARNEIRO, 2010, p. 256).
O casamento escola-família se faz necessário, no intuito de participar efetivamente no processo de construção do conhecimento do cidadão, uma vez que a escola deverá proporcionar instrução, isto é conhecimento que o aluno não tem e a família continua a ser referência importantíssima na vida das crianças, pois observando o exemplo vivo dos pais elas aprenderão a se constituir socialmente. Assim, escola e família têm os mesmos objetivos: fazer a criança se desenvolver em todos os aspectos e ter sucesso na aprendizagem e na vida.
5 A IMPORTÂNCIA DA FAMÍLIA NA ESCOLA: A OPINIÃO DE PROFESSORES
Como dito anteriormente, família e escola como responsáveis pelo desenvolvimento humano e intelectual do aluno, objetivando seu desenvolvimento em todos os aspectos para o mesmo ter sucesso na aprendizagem e na vida. Elas devem ser parceiras no processo educativo das crianças, estabelecendo um canal de diálogo, pois precisam estar em permanente comunicação.
Entretanto, considerando os processos de industrialização da sociedade e as transformações sofridas pelas famílias ao longo do tempo, percebe-se que cada vez mais se diminui o tempo disponível para a participação e presença da família na escola, pois com uma sociedade capitalista marcada por situações de injustiça e desigualdade que submete as famílias a lutarem com muita dificuldade para sobreviverem: a mãe precisa trabalhar fora, ficando ausente do lar por muitas horas e o pai dominado pela competição do mercado, dispõe de menos tempo para se dedicar à família e à educação dos filhos.
Sendo assim, com o objetivo de avaliar a importância do acompanhamento familiar na escola, realizou-se uma entrevista com uma professora de 4º ano da rede municipal na cidade de Davinopólis no estado do Maranhão, no intuito de revelar a contribuição do acompanhamento dos pais no desenvolvimento do aluno.
Analisando a fala da professora, que reconhece a importância da família para o desenvolvimento do indivíduo em todos os aspectos, nota-se que os pais não têm consciência de assumir um compromisso com a escola sendo necessário que o professor chame a sua atenção:
Desse modo, vê-se a angústia da professora em ter que se desdobrar como professora e mãe ao mesmo tempo, assumindo um papel que cabe aos pais, pois “as crianças estão indo à escola para ser educadas e algumas, para ser criadas […]” (TIBA, 1998, p.23), aonde os pais nem ao menos auxiliam com as tarefas de casa, dificultando o trabalho da professora que sente dificuldade para oferecer a seus alunos uma educação de qualidade, uma vez que em sua sala de aula há crianças com diferentes níveis de conhecimento.
Quando a criança é acompanhada pelos pais ela se sente estimulada a desenvolver-se cada vez mais aumentando sua produtividade buscando compreender, participar, interagir com as atividades que pensam interessantes, melhorando assim seu desempenho escolar, diferindo-se bastante das que não têm esse acompanhamento.
Percebo que as crianças que são auxiliadas pelos pais, elas além de terem um bom rendimento escolar, se mostram mais ativas, alegres, prestativas, felizes melhor dizendo, enquanto que as que não têm esse privilégio o rendimento é bem inferior e o pior de tudo são crianças sem nenhuma motivação e por mais que o professor trabalhe essas crianças, fica nítido que falta alguma coisa (Professora 4º ano, janeiro, 2011).
Diante do fato de que o interesse dos pais em acompanhar os estudos dos filhos é um dos principais estímulos para que eles estudem, a escola deve assumir o papel de convocar esses pais para discutir sobre a importância de sua participação através de reuniões regulares, para analisarem juntas estratégias para melhorar a aprendizagem dos alunos. Porém, há escolas que negligenciam esse compromisso, não disponibilizando esse espaço de diálogo.
Geralmente esses encontros só acontecem quando vamos entregar as provinhas e boletins das crianças, então aproveitamos a ocasião para deixar os pais informados quanto ao desenvolvimento dos filhos (Professora 4º ano, janeiro, 2011).
Diante do exemplo, fica claro que a educação é uma ação conjunta entre pessoas que colaboram e comunicam-se para que assim a ação educativa possibilite à criança a aprendizagem em todas as dimensões: social, cognitiva, afetiva, relacional e pessoal, indispensável para seu desenvolvimento sadio e para apreensão dos conhecimentos.
A sociedade é formada por pessoas que se relacionam entre si. Para que esse relacionamento seja benéfico é necessário que as pessoas estejam efetivamente envolvidas em uma determinada situação dispostas a propor alternativas, procurar soluções melhores, a pensar e construir juntas.
Nas instituições escolares para que esse envolvimento efetivo ocorra é necessário que seja realizado reuniões regulares entre os profissionais da escola e os pais dos alunos com o intuito de analisarem práticas e estratégias educativas que melhorem o desenvolvimento do aluno e a sua aprendizagem. Pois, “quando os pais participam das reuniões propostas pela escola, em geral o desempenho escolar de seus filhos melhora” (TIBA, 1998, p.164).
Para que os pais frequentem as reuniões, eles precisam ser alertados pela escola a respeito da importância desses momentos no processo educativo dos filhos. Uma vez que,É tão importante a participação dos pais nas reuniões escolares que todos os meios para convocá-los são validos: recados na agenda, correspondência, telefonemas, e ?mail ou mesmo sistema ?boca a boca?. Cada escola pode utilizar o meio que julgar mais eficiente (TIBA, 1998, p. 164).
Sendo assim, a escola deve fazer uso do meio de comunicação mais conveniente, levando em consideração as particularidades de cada família e a realidade sócio econômica de cada uma. Desse modo, vê-se a importância da participação dos pais em todos os eventos da escola, sejam eles esportivos ou culturais, contudo, faz-se importante a participação desses pais não apenas como convidados, mas também como promotores ou organizadores dos eventos para sentirem-se pertencentes à escola.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
No decorrer deste artigo procurou-se refletir sobre a importância da participação da família na escola e sua influência para o desenvolvimento educacional da criança na qual, viu-se a necessidade de haver uma linha de parceria que possibilite o diálogo entre escola e família, para haver uma educação estruturada, na qual família e escola devem assumir seus papeis sem negligencias as responsabilidades que cabem a cada uma delas.
Este trabalho permitiu compreender que o acompanhamento família é significativo para o desenvolvimento escolar e social da criança para que esta se torne capaz de conhecer, adquirir e acumular conhecimento para integrar-se na sociedade como ser ativo e participativo com o intuito de melhorar o meio em que vive.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Constituição da Republica Federativa do Brasil de 5 de outubro de 1988.
_______. Lei nº. 9394. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 26 de dezembro de 1996.
_______. Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil: Introdução Brasília: MEC/SEF, 1998, v.1.
CARNEIRO, Moacir Alves LDB fácil: leitura crítico?compreensivo, artigo a artigo. 17. Ed. Atualizada e ampliada. Petrópolis, RJ: vozes, 2010.
LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Maria de Andrade Sociologia Geral 7 .ed. rev. ampliada. São Paulo: 2006.
LAMARE, Rinaldo de. A educação da criança. Rio de Janeiro: Victor Publicações, 1998.
LEITE, Dante Moreira. O desenvolvimento da criança: leituras básicas. São Paulo: Editora Nacional da USP, 1972.
PILETTI, Nelson. Psicologia Educacional. São Paulo: Ática, 1995.
TIBA, Içami: Ensinar aprendendo: como supera os desafios do relacionamento professor aluno em tempo de globalização. São Paulo: Editora Gente, 1998.