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A Importância dos Jogos no Processo de Alfabetização no Primeiro Ano da Educação Infantil

Alfabetização na Perspectiva do Letramento: a Importância dos Jogos no Processo de Alfabetização no Primeiro Ano da Educação Infantil

Resumo: O objetivo deste estudo é investigar a utilização de jogos no processo de alfabetização no primeiro ano da educação infantil, na qual ele aparece como recurso facilitador ao aluno com dificuldades de aprendizagem auxiliando no processo de letramento e agindo como um recurso que direciona o ensino da leitura e escrita na alfabetização, investigou-se como ocorre o processo de alfabetização e letramento, identificando a importância dos jogos nesses processos, a fim de compreender a importância dos jogos e discutir a partir da pesquisa de campo como os jogos são utilizados nas práticas pedagógicas. A metodologia utilizada para a realização desta pesquisa é qualitativa e bibliográfica, temos como referencial teórico os seguintes autores: Ana Teberosky, Emília Ferreiro, Kishimoto entre outros. Nos resultados as professoras salientam a necessidade de se estabelecer a relação entre o concreto e o lúdico, pois, nessa idade a criança constrói conceitos jogando. Como foi demonstrado neste trabalho, através de jogos é possível que o aluno supere a fusão inicial do objeto com o significado, que se traduz na aquisição da leitura e escrita pela diferenciação do símbolo e do significado dos jogos.

Palavras-chave: Alfabetização, Aprendizagem, Jogos, Letramento.

1. Introdução

O trabalho apresentado tem como objetivo investigar a importância dos jogos no processo de alfabetização e o papel do jogo como facilitador para o letramento. Na utilização de jogos, para desenvolver habilidades de leitura e escrita é necessário considerar situações em que o ler e o escrever tenham um significado para o educando. Cabe ressaltar, então, as diferenças entre letramento e alfabetização já que nem sempre o indivíduo sabe que a escrita “representa” a fala. Esse indivíduo além de saber ler e escrever tem que ser letrado, ou seja, entender o que se está lendo, interpretando.
O desenvolvimento da leitura e escrita desperta atenção pela importância  que desempenha em todo o processo educativo. A leitura nos mostra que a aprendizagem desses tópicos tem início muito antes da criança entrar no ensino fundamental: autores como Emília Ferreiro, Ana Teberosky, Magda Soares, Isabel Solé entre outros, têm contribuído de forma marcante para o estudo destes processos.
Os jogos sem dúvida são meios facilitadores na descoberta da leitura e escrita: profissionais da área educacional, comprometidos com a qualidade da sua prática pedagógica e/ou psicopedagógica, reconhecem a importância dos jogos como veículo  para o desenvolvimento  social,  emocional e  intelectual dos alunos.
Através dos jogos o indivíduo pode brincar naturalmente, testar hipóteses, explorar toda a sua espontaneidade criativa. Os jogos não são apenas uma forma de divertimento: são meios que contribuem e enriquecem o desenvolvimento intelectual. Para manter seu equilíbrio com o mundo, a criança precisa brincar, criar e inventar.
A criança devota ao jogo a maior parte do seu tempo; com jogos as crianças desenvolvem o seu raciocínio e conduz o seu conhecimento de forma espontânea: no brincar, elas constroem um espaço de experimentação, de transição entre o mundo interno e externo. Durante nossas experiências em sala de aula percebem-se as dificuldades que os alunos possuem na leitura e escrita, alunos da educação infantil, sem saber ler e escrever. Assim, entende-se que é necessário renovar os métodos de ensino em sala de aula; os educandos precisam ser estimulados a aprender e a aprendizagem deve ser repleta  de  criatividade.
Muitos ainda continuam no ensino tradicional e os alunos continuam reproduzindo conteúdo do quadro sem conhecer as letras. Os efeitos negativos dessa prática podem ser percebidos durante todo o percurso escolar. O nosso foco de pesquisa terá como estudo a importância dos jogos no processo da alfabetização. De que forma acontece o processo de alfabetização? Como os discentes estão empregando suas práticas pedagógicas? Qual a importância dos jogos no processo de alfabetização? Cabe aos educadores reconhecer e refletir sobre o papel do jogo como estratégia pedagógica e/ou  psicopedagógica, explorando seu potencial educativo e buscando assim o sucesso escolar. Serão abordados os principais conceitos e diferenças entre alfabetização e letramento, apoiados em teorias de autores como Magda Soares, Isabel Solé, Emília Ferreiro e Ana Teberosky entre outros.

2. Metodologia

A metodologia utilizada para a realização desta pesquisa é de cunho qualitativo, considerando que esta abordagem proporciona resultados significativos na área educacional, no sentido de oportunizar ao pesquisador uma visão mais ampla no cotidiano escolar, além de produzir conhecimentos e contribuir para a transformação da realidade estudada, ocupam um reconhecido lugar entre as várias possibilidades de se estudar os fenômenos que envolvem os seres humanos e suas intrincadas relações sociais, estabelecidas em diversos ambientes. Algumas características básicas identificam os estudos denominados qualitativos.
Segundo Marconi e Lakatos (2203) um fenômeno pode ser mais bem compreendido no contexto em que ocorre e do qual é parte, devendo ser analisado numa perspectiva integrada, pois permite oportunizar ao pesquisador uma visão mais ampla no cotidiano escolar, além de produzir conhecimentos e contribuir para a transformação da realidade estudada.
A pesquisa foi bibliográfica e de campo que segundo Gil (2002, p.44), ”[…] a pesquisa bibliográfica é desenvolvida com base em material já  elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos”. Desenvolvida em uma escola particular, localizada no bairro da Imbiribeira, teve como objetivo analisar a
importância dos jogos no processo de ensino aprendizagem no primeiro ano da educação infantil, principalmente no que concerne a alfabetização e ao letramento. Utilizamos como instrumento de coletas de dados questionários que segundo Marconi e Lakatos (2003) é um instrumento de coletas de dados, constituído por uma série ordenada de perguntas que podem ser respondidas sem a presença do entrevistador, aplicamos questionários iguais para todos envolvidos. Os sujeitos da pesquisa foram três docentes que trabalham com a alfabetização, a análise de dados analisada está pautada na perspectiva compreensiva do fenômeno social e visa estabelecer uma relação entre a empírica e a teoria.

3. Breve histórico da Educação Infantil

Segundo RCNEI, o atendimento em creches e pré-escolas como direito social das crianças se afirma na Constituição de 1988, com o reconhecimento da  Educação Infantil como dever do Estado com a Educação. O processo que resultou nessa conquista teve ampla participação dos movimentos comunitários, dos movimentos de mulheres, dos movimentos de trabalhadores, dos movimentos de democratização do país, além, evidentemente, das lutas dos próprios profissionais da educação.
Desde então, o campo da Educação Infantil vive um intenso processo de revisão de concepções sobre educação de crianças em espaços coletivos, e de seleção e fortalecimento de práticas pedagógicas mediadoras de aprendizagens e do desenvolvimento das crianças. Em especial, tem se mostrado prioritárias as discussões sobre como orientar o trabalho junto às crianças de até três anos em creches e como assegurar práticas junto às crianças de quatro e cinco anos que prevejam formas de garantir a continuidade no processo de aprendizagem e desenvolvimento das crianças, sem antecipação de conteúdos que serão trabalhados no Ensino Fundamental.
A educação infantil constitui a primeira etapa da educação básica, oferecida em creches e pré-escolas, às quais se caracterizam como espaços institucionais não domésticos que constituem estabelecimentos educacionais públicos ou privados que educam e cuidam de crianças de 0 a 5 anos de idade no período diurno, em jornada integral ou parcial, regulados e supervisionados por órgão competente do sistema de ensino e submetidos a controle social. É dever do Estado garantir a oferta de Educação Infantil pública, gratuita e de qualidade, sem requisito de seleção.
De acordo com as Diretrizes Curriculares Nacionais de Educação Infantil (resolução n° 5, de dezembro de 2009), as propostas pedagógicas da educação infantil devem respeitar princípios estéticos, voltando – se para diferentes manifestações artísticas e culturais e que considerem a diversidade cultural,  religiosa, étnica e social do país.
Dessa forma, dimensão lúdica e dimensão estética são condições essenciais para a formação do sujeito. Nas últimas décadas, os debates em nível nacional e internacional apontam para a necessidade de que a instituição de educação infantil inclua de maneira integrada as funções de educar e cuidar.
Educar na sociedade contemporânea significa, portanto, proporcionar situações de cuidados, brincadeiras e aprendizagem orientadas de forma integrada  e que possam contribuir para o desenvolvimento das capacidades infantis de relação interpessoais.

4. Língua Linguagem

A linguagem pode ser considerada como a capacidade estritamente humana capaz de manifestar algo, visando à expressão de sentimentos, à manifestação de desejos e opiniões, à troca de informações entre diferentes culturas, dentre outros procedimentos. Cupello (1993, p. 7) afirma que: “Todo ser humano já nasce com a necessidade de aprender uma língua, para poder se comunicar com o mundo.”
Para Borges e Salomão (2003), a primeira forma de socialização da criança é a linguagem, geralmente são os pais, por meio da fala durante o manuseio com o bebê, que efetuam essa inteiração. Por meio da mensagem identificamos a intencionalidade presente em um determinado discurso. Podendo esta ser de natureza verbal ou não verbal. Em se tratando da linguagem não verbal, a mesma vincula-se aos símbolos de uma maneira geral, gestos, expressões faciais, desenhos, pinturas, danças, entre outros elementos.
A linguagem verbal concerne à modalidade escrita ou oral como forma de estabelecer a comunicação por meio das palavras, facilitando a interação entre os interlocutores. Quando nos  referimos  à  língua,  restringimo-nos  a  uma   atividade coletiva realizada por meio de um código formado por palavras regidas por leis combinatórias às quais pertencem a um grupo específico. Como é o caso da língua inglesa, brasileira, italiana, francesa, e muitas outras.
Segundo Emília Ferreiro e Ana Teberosky, as crianças elaboram conhecimentos sobre a leitura e escrita, passando por diferentes hipóteses espontâneas e provisórias até se apropriar de toda a complexidade da língua escrita. Tais hipóteses, baseadas em conhecimentos prévios, assimilações, dependem das interações delas com seus pares e com materiais escritos que circulam socialmente. Em razão de seu caráter social, a língua não permite mudanças arbitrárias, torna-se necessário obedecer a certas regras para que a comunicação se realize de maneira plausível. O agrupamento de palavras de forma desordenada tende a não efetivá-la.
Basicamente, o desenvolvimento da fala interior depende de fatores externos: o desenvolvimento da lógica na criança, como os estudos de Piaget demonstram, é uma função direta de sua fala socializada. “O crescimento intelectual da criança depende de seu domínio dos meios sociais do pensamento, isto é, da linguagem Vygotsky (apud KISHIMOTO, 1991 p.44).”
Desse modo observamos que a criança se adequa com a linguagem do seu cotidiano, ela não inventa palavras novas, mas sim reproduz o que as cercam, é de suma importância que os professores/famílias dispunham de materiais como: livros, gêneros textuais para que as mesmas comecem e se envolvam nesse mundo da linguagem.

5. Leitura e Escrita

A leitura é um processo de interação entre o leitor e o texto para satisfazer um propósito ou finalidade. Lemos para algo: devanear, preencher um momento de lazer, seguir uma pauta para realizar uma atividade, entre outras coisas. Para compreender o texto o leitor utiliza seus conhecimento de mundo e os conhecimentos do texto. Controlar a própria leitura e regulá-la implica ter um objetivo para ela, assim como poder gerar hipóteses sobre o conteúdo que se lê. Por isso a leitura pode ser considerada um processo constante de elaboração e verificação de previsões que levam a construção de uma interpretação. Na leitura de um texto
encontramos inicialmente o título, subtítulo, negrito, itálico, esquema. Isso pode ser utilizado como recursos para prever qual será o assunto do texto, por exemplo.
Para Solé (1998), os indicadores servem para ativar o conhecimento prévio e serão úteis quando precisar extrair as ideias centrais. O que foi apresentado até agora pode dar pistas de como as práticas pedagógicas podem organizar situações de ensino e aprendizagem que tragam em si essas análises.
Um dos objetivos mais importantes da escola é fazer com que os alunos aprendam a ler corretamente. Essa aquisição da leitura é indispensável para agir com autonomia nas sociedades letradas. No ensino inicial da leitura, são esforços para iniciar os pequenos nos segredos do código a partir de diversas abordagens.
Poucas vezes considera-se que essa etapa tem início antes da escolaridade obrigatória, o trabalho de leitura costuma se restringir a ler o texto e responder algumas perguntas relacionadas a ele: como seus personagens, localidades, o que mais gostou o que não gostou etc. Isso revela que o foco está no resultado da leitura e não em seu processo de ler, compreender e aprender e fundamentalmente que ao ler, o leitor se proponha a alcançar determinadas estratégias responsáveis pela compreensão, quanto o controle que, de forma inconsciente, vai exercendo sobre ela, a medida que se lê, o controle da compreensão é um requisito essencial para ler de forma eficaz, para que o leitor se envolva na atividade de leitura é necessário que esta seja significativa.
É necessário que sinta que é capaz de ler e de compreender o texto que tem em mãos, só será motivadora, se o conteúdo estiver ligado aos interesses do leitor  e, naturalmente, se a tarefa em si corresponde a um objetivo, como isso pode ser transferido para a sala de aula: sabe-se que na diversidade da classe torna-se muito difícil contentar o interesse de todas as crianças com relação à leitura, portanto, é papel do professor criar o interesse, uma forma possível de propiciar esse interesse é possibilitar o a diferentes suportes para a leitura, que sejam e incentivem atitudes de interesse e cuidado nos leitores.
Ao professor cabe o cuidado de analisar o conteúdo que veiculam, compreensão leitura e aprendizagem significativa. A leitura nos aproxima da cultura, por isso um dos objetivos da leitura é ler para aprender, quando um leitor compreende o que lê, está aprendendo e coloca em funcionamento uma série de estratégias cuja função é assegurar esse objetivo, isso nos remete a mais um objetivo fundamental  da  escola:  ensinar  a  usar  a  leitura  como  instrumento   de
aprendizagem, devemos questionar a crença de que, quando uma criança aprende a ler, já pode ler de tudo e também pode ler para aprender, se a ensinarmos a ler compreensivamente e a aprender a partir da leitura, estamos fazendo com que aprenda a aprender.
Para Soares (2005, p.22) “[…] a escola valoriza a língua escrita e censura a língua oral espontânea que se afaste muito dela”. A dificuldade no processo de ensino e aprendizagem se caracteriza com preconceitos linguísticos e culturais que afetam o processo de alfabetização e assim levando ao fracasso das crianças das classes populares.
Na escola ao se deparar com a linguagem escrita, as crianças em muitos casos se encontra diante de algo conhecido, sobre o que já aprendeu várias coisas, ou seja, ela já trás um conhecimento de mundo com sua vivência.
Segundo Solé (1998), o fundamental é que o escritor transmita uma mensagem, uma informação, e que a leitura capacita para ter acesso a essa linguagem, na aquisição deste conhecimento, as experiências de leitura da criança no seio da família desempenham uma função importantíssima, para além da existência de um ambiente em que se promova o uso dos livros e da disposição dos pais a adquiri-los e a ler, o fato de lerem para seus filhos relatos e histórias e a conversa posterior em torno dos mesmos parecem ter uma influência decisiva no desenvolvimento posterior destes com a leitura.
Para Ferreiro e Teberosky (1999), o grande problema da aprendizagem da leitura e da escrita está baseado nos métodos de ensino, pois a preocupação dos educadores está direcionada para o método mais eficaz, considerando essa eficácia a partir da maior quantidade de alunos alfabetizados com mais rapidez, e não com a qualidade dessa aprendizagem.
Os métodos sintéticos e analíticos muito utilizados pelos educadores resumem-se nas estratégias auditiva e visual. No entanto nenhum dos métodos preocupa-se com os aspectos fundamentais da aprendizagem. Eles não dão contam das capacidades linguísticas da criança e a de buscar seu próprio conhecimento.
A leitura não é um simples processo visual, ou a expressão falada do que o olho vê. Na realidade, a leitura é a expressão oral da produção do cérebro, como órgão humano de processamento da informação, portanto, ele controla os órgãos sensoriais e de forma seletiva, utiliza as informações recebidas por eles. Além disso, em um ato de leitura, são utilizados dois tipos de informação: a visual, provida    pela
organização das letras na página impressa e; a não-visual, causada pelo próprio leitor e essencial para sua competência linguística uma vez que possibilitará compreender na mensagem do texto pela exploração visual da página, mesmo que ele não faça a leitura do que está escrito.
Para Ferreiro (2001a), a psicogênese realiza um processo de recontar a escrita, pois propõe que seja desconsiderada a concepção prévia que o adulto tem sobre a escrita, uma vez que as hipóteses parecem ser óbvias e naturais para um adulto alfabetizado por um método apresentado das partes para o todo, assim não são para as crianças.
Portanto, essa é a única forma para que o adulto e mais especificamente, o professor, possam compreender como ocorre o processo de construção da escrita pela criança e, consequentemente, mude as posturas tradicionais de ensino,  gerando práticas de alfabetização democráticas. É de suma importância a mudança nessa concepção sobre a escrita para que se entenda que a alfabetização acontece em um trabalho conceitual. As crianças tentam compreender desde muito cedo  todas as informações que recebem, seja através de textos, de outras pessoas, quando participa de atos sociais que envolvem leitura e escrita. Vale ressaltar, que essa informação antecede o início da instrução escolar.
Cabe ao professor, possibilitar oportunidades para a promoção da efetiva aprendizagem do aluno, respeitando sua individualidade e incentivando suas potencialidades, encorajando o aluno a criar suas próprias hipóteses em relação ao objeto do conhecimento. É importante ressaltar o estabelecimento de regras para as atividades, sendo estas provindas da negociação entre os sujeitos do processo, necessitando estarem claros os limites e possibilidades para ambas as partes (SMOLKA, 1996).
No contexto escolar, normalmente não há valorização nem incentivo no processo espontâneo do conhecimento da criança em relação à escrita, a aquisição desse objeto do conhecimento apesar de ser um processo que exige acesso à informação socialmente vinculada e que muitas vezes necessita descobrir as propriedades da língua escrita através de outros informantes e da participação de atos sociais onde a escrita sirva para fins específicos, caracteriza-se como um processo com rupturas, com períodos precisos de organização, para cada um dos quais existem situações de conflito que podem antecipar-se. No entanto, é fundamental  destacarmos  que  esses  conflitos  têm  papéis  imprescindíveis de construção no processo, pois a escrita apresenta-lhes desafios intelectuais, problemas que necessitarão ser resolvidos para que possam ser compreendidas as regras de construção internas do sistema.
A leitura e a escrita têm sido consideradas como objeto de uma instrução sistemática, como algo que deva ser ensinado e que sua aprendizagem suporia uma série de habilidades específicas, daí surgiu a ideia dos testes de prontidão. Dessa forma, desconsidera-se que as atividades de interpretação e de produção escrita começam antes da escolarização, que a aprendizagem se insere em um sistema de concepções previamente elaboradas e, não pode ser reduzida a um conjunto de técnicas perceptivo-motoras, como os testes de prontidão indicam. A prontidão para a leitura e a escrita depende muito mais das ocasiões sociais do contato com a leitura e a escrita, do que de qualquer outro fator cognitivo, emocional ou psicológico.
O sucesso na alfabetização está associado ao método utilizado pelo professor e o estado maturacional do aluno, sendo desconsiderado um dos aspectos fundamentais, o objeto de conhecimento envolvendo esta aprendizagem, a língua escrita. Precisa-se levar em conta que para haver alfabetização, é necessário que haja harmoniosidade entre o sistema de representação alfabética da linguagem; as concepções dos que aprendem e as concepções dos que ensinam os professores têm sobre este objeto (FERREIRO; PALÁCIOS, 1987).

6. Alfabetização e Letramento

Letramento é uma palavra que tem conceito recente, introduzidos na linguagem da educação e das ciências linguísticas há pouco mais de duas décadas. Seu surgimento pode ser interpretado como decorrência da necessidade de configurar e nomear comportamentos e práticas sociais na área da leitura e da escrita que ultrapassem o domínio do sistema alfabético e ortográfico, nível de aprendizagem da língua escrita perseguido, tradicionalmente, pelo processo de alfabetização.
Esses comportamentos e práticas sociais de leitura e de escrita foram adquirindo visibilidade e importância à medida que a vida social e as atividades profissionais tornaram-se cada vez mais centradas e dependentes da língua escrita, revelando a insuficiência de apenas alfabetizar – no sentido tradicional – a criança ou o adulto.
Em um primeiro momento, essa visibilidade traduziu-se ou em uma adjetivação da palavra alfabetização – alfabetização funcional tornou-se expressão bastante difundida – ou em tentativas de ampliação do significado de alfabetização/alfabetizar por meio de afirmações como “alfabetização não é apenas aprender a ler e escrever”.
Alfabetizar é muito mais que apenas ensinar a “codificar e decodificar”, e outras semelhantes. A insuficiência desses recursos para criar objetivos e procedimentos de ensino e de aprendizagem que efetivamente ampliassem o significado de alfabetização, alfabetizar, alfabetizado, é que pode justificar o surgimento da palavra letramento, consequência da necessidade de destacar e claramente configurar, nomeando-os, comportamentos e práticas de uso do sistema de escrita, em situações sociais em que a leitura e/ ou a escrita estejam envolvidas.
Entretanto, provavelmente devido ao fato de o conceito de letramento ter sua origem em uma ampliação do conceito de alfabetização, esses dois processos têm sido frequentemente confundidos e até mesmo fundidos. Segundo Ferreiro (1996, p.24) “O desenvolvimento da alfabetização ocorre, sem dúvida, em um ambiente social. Mas as praticas sociais assim como as informações sociais, não são recebidas passivamente pelas crianças.”
No processo de alfabetização inicial, muitos professores ensinam da mesma maneira, como aprenderam quando eram alunos, e não aceitam os erros que seus alunos cometem e muitas vezes os corrigem da forma incorreta.
Ferreiro (1999, p.47) afirma que “a alfabetização não é um estado ao qual se chega, mas um processo cujo início é na maioria dos casos anterior a escola é que não termina ao finalizar a escola primária”.
A autora defende que, de todos os grupos populacionais as crianças são as mais facilmente alfabetizáveis e estão em processo continuo de aprendizagem, enquanto que os adultos já fixaram formas de ação e de conhecimento mais difíceis de modificar ressalta ainda que:
Há crianças que chegam à escola sabendo que a escrita serve para escrever coisas inteligentes, divertidas ou importantes. Essas são as que terminam de alfabetizar-se na escola, mas começaram a alfabetizar muito antes, através da possibilidade de entrar em contato, de interagir com a língua escrita. Há outras crianças que necessitam da escola para apropria- se da escrita (1999, p. 23).
Para Soares (2001), há uma diferença entre saber ler e escrever, será alfabetizado e viver na condição ou estado de quem sabe ler e escrever, ser letrado, ou seja, a pessoa que aprende a ler e escrever, que se torna alfabetizada e que passa a fazer uso da leitura e da escrita, envolve-se nas práticas sociais de leitura e de escrita que se torna letrada, é diferente de uma pessoa que não sabe ler e escrever é analfabeta ou, sabendo ler e escrever, não faz uso da leitura e da escrita é alfabetizada, mas não é letrada, não vive no estado ou condição de quem sabe ler e escrever e pratica a leitura e a escrita.
Estado ou condição, essas palavras são importantes para que se compreendam a diferença entre analfabeto, alfabetizado e letrado; o pressuposto é quem aprende a ler e a escrever e passa a usar a leitura e a escrita, a envolver-se em práticas de leitura e de escrita, torna-se uma pessoa diferente, adquire outro estado, outra condição. Aprender a ler e escrever e, além disso, fazer uso da leitura e da escrita transforma o indivíduo a outro estado ou condição sob vários aspectos: social, cultural, cognitivo, linguístico entre outros (SOARES, 2001).
Letramento é uma palavra que tem conceito recente, introduzidos na linguagem da educação e das ciências linguísticas há pouco mais de duas décadas. Seu surgimento pode ser interpretado como decorrência da necessidade de configurar e nomear comportamentos e práticas sociais na área da leitura e da escrita que ultrapassem o domínio do sistema alfabético e ortográfico, nível de aprendizagem da língua escrita perseguido, tradicionalmente, pelo processo de alfabetização.
Kleiman (1995), em suas publicações, afirma que letramento não é um método, é uma prática que envolve um conjunto de atividades visando a um desenvolvimento de estratégias ativas de compreensão da escrita e da leitura.
Segundo Soares (2001, p. 38), letramento é o resultado da ação de “letrar- se”, se dermos ao verbo “letra-se” o sentido de “tornar-se letrado”, letramento resultado da ação de ensinar e aprender as práticas de leitura e escrita. Ter-se apropriado da escrita é diferente de ter aprendido a ler e escrever: aprender a ler e escrever significa adquirir uma tecnologia, e de codificar em língua escrita e de decodificar em língua escrita; apropriar-se da escrita é tornar a escrita “própria”, ou seja, é assumi-la como propriedade.
Segundo (Soares, 2001, p. 45), as pessoas se alfabetizam, aprendem a ler e escrever, mas não necessariamente incorporam a pratica de leitura e da escrita, não necessariamente adquirem competência para usar a leitura e a escrita, para envolver-se com as praticas sociais de escrita: não leem livros, jornais, revistas, não sabem redigir um ofício, um requerimento, uma declaração, não sabe preencher um formulário, sentem dificuldade para escrever um simples telegrama.
Uma criança pode ainda não ser alfabetizada, mas ser letrada: uma criança que vive num contexto de letramento, que convive com livros, que ouve histórias lidas por adultos, que veem adultos lendo e escrevendo, cultiva e exerce práticas de leitura e de escrita: toma um livro e finge que está lendo, uma pessoa pode ser alfabetizada e não ser letrada; sabe ler e escrever, mas não cultiva nem exerce praticas de leitura e de escrita, não ler livros, jornais, revistas, ou não é capaz de interpretar um texto lido: tem dificuldade para escrever uma carta, até um telegrama, é alfabetizada, mas não é letrada (SOARES, 2001, p. 47).

7. A Importância dos Jogos no Processo de Alfabetização

Embora as pesquisas acerca dos jogos tenham se iniciado no início do século XX, e sua intensidade tenha variado de acordo com as contingências políticas e sociais de cada época, o ressurgimento dos estudos psicológicos sobre o jogo infantil nos anos 70 foi, em grande parte, estimulado por Jean Piaget (1971). O mesmo elaborou uma diferenciação dos jogos usando os seguintes procedimentos: observação e registro dos jogos praticados pelas crianças em casa, nas escolas e  na rua na tentativa de relacionar o maior número de jogos infantis e análise das categorias já existentes e aplicações conhecidas dos jogos coletados.
Assim, ao estudar com observação e método a prática de jogos, Piaget propôs uma possível classificação na quais três tipos de estruturas caracterizam os jogos: o exercício (para crianças de 0 a 2 anos), o símbolo (de 2 a 7 anos) e a regra (a partir dos 7anos).
Estas categorias estão dispostas por ordem de complexidade abrangendo desde o jogo sensório-motor elementar até o jogo social superior: os exercícios motores consistem na repetição de gestos e movimentos simples com valor exploratório e o jogo simbólico desenvolve-se a partir dos esquemas sensório-motor (corridas, jogos de bola de gude, etc…) ou intelectuais (de carta, xadrez…) regulamentados por um conjunto sistemático de leis que são as regras.
Para Piaget (apud KISHIMOTO), o jogo de regras é a atividade lúdica do “ser sofisticado e começa a ser praticado por volta dos sete anos de idade, quando a criança abandona o jogo egocêntrico das crianças menores em proveito de uma explicação efetiva de regras e do espírito de regras entre os jogadores.” que o uso dos jogos no contexto educacional só pode ser situado corretamente a partir da compreensão dos fatores que colaboram para uma aprendizagem ativa, ou seja, mais do que o jogo em si, o que vai promover uma boa aprendizagem é o clima de discussão e troca, com o professor permitindo tentativas e respostas divergentes ou alternativas, tolerando os erros, promovendo novas análises.
Acrescenta que a discussão desencadeada a partir de uma situação de jogo mediada por um profissional, vai além da experiência e “possibilita a transposição das aquisições para outros contextos”. Para o autor, isto significa considerar que “as atitudes adquiridas no contexto de jogo tendem a tornar-se propriedade do aluno, podendo ser generalizadas para outros âmbitos, em especial, para as situações em sala de aula.”
De acordo com Campos (2005), dependendo de como é conduzido, o jogo ativa e desenvolve os esquemas de conhecimento, aqueles que colaborarão na aprendizagem de qualquer novo conhecimento, como observar e identificar, comparar e classificar, conceituar, relacionar e inferir. Também são esquemas de conhecimento os procedimentos utilizados no jogo como o planejamento, a previsão, a antecipação, o método de registro e contagem. Através de jogos é possível apreender aspectos importantes da constituição psíquica de uma criança, assim como seu nível de desenvolvimento social e cognitivo.
Piaget (apud KISHIMOTO, 1991) faz referência ao brinquedo em termos de evolução social e inteligência, o mesmo destaca que em cada estágio do desenvolvimento a crianças explora o brinquedo de uma forma diferente, de acordo com a sua busca de entendimento da realidade. Em outra direção Vygotsky também fez alusão ao brinquedo e ao jogo em seu estudo.
Vygotski afirma que: se ignorarmos as necessidades das crianças e os incentivos que são eficazes para coloca-la em ação, nunca seremos  capazes de entender seu avanço de um estágio do desenvolvimento para outro, porque todo avanço esta conectado com uma mudança centrada na motivação, tendências e incentivos (1994, p 121-122).
Segundo Piaget (1971), quando a criança brinca, a criança assimila o mundo à sua maneira, sem compromisso com a realidade, pois sua intenção com o objeto não depende da natureza do objeto, mas da função que a criança lhe atribui.
Nesse sentido, o jogo pode ser utilizado tanto no diagnóstico psicopedagógico quanto  recurso  para  posterior  intervenção  psicopedagógica:  o  jogo  favorece a análise de processos de pensamento utilizados pelo aluno (criança ou mesmo adulto) e das relações que ele estabelece com o parceiro com as regras a serem estabelecidas.
Aponta alguns aspectos que podem ser claramente percebidos através do jogo no aprendente: o conhecimento que já possui o funcionamento cognitivo e das relações vinculares e significações existentes no aprender, o caminho utilizado para aprender ou não – aprender, o que pode revelar o que precisa esconder e como o faz. Ainda numa visão psicopedagógica que procura integrar os fatores cognitivos e afetivos que atuam nos níveis conscientes e inconscientes da conduta, quaisquer jogos, mesmo os que envolvem regras ou uma atividade corporal, dão espaço para  a imaginação, a fantasia e a projeção de conteúdos afetivos, além da organização lógica implícita. Para Campos (2005) o psicopedagogo “não interpreta, mas deve compreender as manifestações simbólicas e procurar adequar as atividades lúdicas às necessidades do aluno.”
Para Piaget (1991a) o jogo é essencial como recurso pedagógico e/ou psicopedagógico, pois no brincar a criança articula teoria e prática,  formula hipóteses e experiências, tornando a aprendizagem atrativa e interessante. Desse modo, a construção de um espaço de jogo, de interação e de criatividade proporcionaria o aprender com sentido e significado, no qual o gostar e querer estariam presentes.
Para Bertoldi (2003), ressalta que a criança que tem seus primeiros contatos com a aprendizagem de forma lúdica, provavelmente, terá chances de desenvolver um vínculo mais positivo com a educação formal e estará mais fortalecida para lidar com os medos e frustrações inerentes ao processo do aprender.
É necessário, ainda, salientar que as aquisições relativas a novos conhecimentos e conteúdos escolares não estão nos jogos em si, mas nas intervenções realizadas pelo profissional que conduz e coordena as atividades, seja ele o professor ou o psicopedagogo.
Segundo RCNEI (1998), brincar de estátuas é um exemplo de jogo em que, por meio do contraste entre som e silêncio, se desenvolve a expressão corporal, a concentração, a disciplina e a atenção. A tradicional brincadeira das cadeiras é outro exemplo de jogo que pode ser realizado com as crianças. Jogos de escuta dos sons do ambiente, de brinquedos, de objetos ou instrumentos musicais; jogos de imitação de  sons  vocais,  gestos  e  sons  corporais;  jogos  de  adivinhação  nos  quais é necessário reconhecer um trecho de canção, de música conhecida, de timbres de instrumentos etc. jogos de direção sonora para percepção da direção de uma fonte sonora; e jogos de memória, de improvisação etc. são algumas sugestões que garantem às crianças os benefícios e alegrias que a atividade lúdica proporciona e que, ao mesmo tempo, desenvolvem habilidades, atitudes e conceitos referentes à linguagem musical.

8. Análise de Dados

Nesta seção, analisaram-se os dados coletados na pesquisa de campo, a partir das questões propostas e com base nos autores pertinentes à  temática, nossos sujeitos da pesquisa foram três professoras do primeiro ano da educação infantil. Análise das Respostas das Professoras depois de responder sobre a formação profissional e tempo em que atuam na Educação Infantil, foram perguntadas sobre qual era sua visão, a importância de jogos na educação infantil pergunta para a qual se obteve a seguinte resposta: Professora I, “Olha, os jogos ajudam na coordenação motora da criança, facilitam a aprendizagem, desenvolve o raciocínio lógico e promovem a interação alunoaluno”. Professora II se obteve a seguinte resposta: “os jogos na educação infantil são muito aproveitável, pois melhora o desenvolvimento e o aprendizado dos alunos”. Percebemos que o jogo tem papel fundamental nesse início de aprendizagem das crianças. Pois é nesse momento que se pode trabalhar com aplicação de jogos, ou seja, fazendo uma junção do concreto com o lúdico para melhor aproveitamento dos conteúdos.
Nota-se que as professoras salientam a necessidade de se estabelecer a relação entre o concreto e o lúdico, e como se sabe, nessa idade a criança constrói conceitos jogando. Salienta-se que para brincar é preciso apropriar-se de elementos da realidade imediata de tal forma a atribuir-lhes novos significados.
Essa peculiaridade da brincadeira ocorre por meio da articulação entre a imaginação e a imitação da realidade. “Toda brincadeira é uma imitação transformada, no plano das emoções e das ideias, de uma realidade anteriormente vivenciada (RCNEI, BRASIL, 1998, p.27).”
Em seguida a professora foi indagada sobre em quais situações e frequência são utilizados os jogos com seus alunos, professora I se obteve a seguinte resposta: “dependendo da aula, pois em matemática são bastante utilizados. Professora II se obteve a seguinte resposta: “No ensino da matemática, gramática, e ciências da natureza, os jogos são usados para fixar os assuntos em torno de três vezes na semana. Em suas respostas as professoras não investem em jogos de  alfabetização. Em suas respostas, as professoras mencionaram que usam mais jogos com matemática, embora tenham tempo para usarem jogos de alfabetização no processo de aprendizagem com seus alunos.
É preciso lembrar que o RCNEI sinaliza a importância de se destinar esse tempo para atividades lúdicas, pois as brincadeiras com os jogos de construção e aqueles que possuem regras, como os jogos de sociedade (também chamados de jogos de tabuleiro), jogos tradicionais, didáticos, corporais etc., propiciam a ampliação dos conhecimentos infantis por meio da atividade lúdica.
As professoras foram indagadas sobre quais tipos de jogos mais agradam seus alunos, e quais eles mais se interessam. Professora I se obteve a seguinte resposta: “Gostam dos jogos de montar, jogos da memória e jogos de palavras.”
Professora II se obteve a seguinte resposta: Jogos matemáticos, jogos da velha, cruzadinhas com desenhos, jogos da memória.” É o adulto, na figura do professor, portanto, que, na instituição infantil, ajuda a estruturar o campo das brincadeiras na vida das crianças. Consequentemente, é ele que organiza sua base estrutural, por meio da oferta de determinados objetos, ou jogos, da delimitação e arranjo dos espaços e do tempo para brincar.
Por meio dos professores podem observar e constituir uma visão dos processos de desenvolvimento das crianças em conjunto e de cada uma em particular, registrando suas capacidades de uso das linguagens, assim como de suas capacidades sociais e dos recursos afetivos e emocionais que dispõem (BRASIL, 1998, p. 28. v.3).
As professoras foram indagadas como identificar se o jogo tem um valor educacional, e se há capacitação dos professores sobre a utilização de jogos no processo de ensino da educação infantil. Professora I se obteve a seguinte resposta: Identifico se o jogo tem um teor educacional através do desenvolvimento de cada aluno, e quanto à capacitação, este ano teve várias capacitações.” Professora II, se obteve a seguinte resposta: Identifico se o jogo tem um teor educacional quando os jogos ajudam a criar um entusiasmo sobre o conteúdo a ser trabalhado, pois são responsáveis pelo desempenho e desenvolvimento cognitivo, psicomotor e afetivo das crianças.” Quanto a capacitações, não há mais deveria ter, pois os jogos são ferramentas fundamentais para o aprendizado e o desenvolvimento das crianças.”
Ressalta-se que, de acordo com o RCNEI (BRASIL, 1998), é o professor quem deve administrar o tempo das atividades, não podendo as crianças ficarem sem um direcionamento. Na fala das professoras, elas dizem que as crianças são ferramentas fundamentais para o aprendizado‟ e se não houver um direcionamento das atividades, estas podem não contribuir para o desenvolvimento dos participantes. Quando as crianças estão brincando, os jogos mais utilizados por elas são os que elas gostam mais, de forma geral elas gostam de quase todos os jogos como o da velha, quebra cabeça e encaixe, caça palavra, pega-pega, jogo de dominó e blocos lógicos, ou seja, elas gostam praticamente de todos”.
As respostas indicam que todas as brincadeiras são bem-vindas pelas crianças, no entanto, é preciso mais uma vez ressaltar a necessidade de se ter um planejamento, pois mesmo com atividades lúdicas, como jogos, o professor tem que estabelecer critérios e segui-los, pois essas atividades também “são instrumentos essenciais para a reflexão sobre a prática direta com as crianças” (BRASIL, 1998, p. 41. v.3).
O RCNEI (1998, p. 30) Na questão Ressalta em relação à organização do ambiente educativo que é preciso que o professor considere “a interação com crianças da mesma idade e de idades diferentes em situações diversas como fator de promoção da aprendizagem e do desenvolvimento e da capacidade de relacionar-se.” Na resposta da professora, observa-se que os ambientes de aprendizagem diferenciados são valorizados e que ela entende ser esses ambientes motivadores de atitudes positivas, como o companheirismo.

9. Considerações Finais

Esta pesquisa teve por objetivo principal estudar as contribuições dos jogos  no processo de alfabetização no primeiro ano da educação infantil, pois eles devem ser encarados como uma receita infalível para o sucesso escolar, já que nenhum conhecimento deve ser visto como algo acabado – ele se constrói e reconstrói. Para todos aqueles que trabalham com educação infantil é bastante comum na vivência em situações em que é necessário estabelecer a intervenção dos jogos na função das dificuldades de aprendizagem do aluno, os jogos, indubitavelmente, desempenham neste momento um papel nuclear.
O potencial dos jogos, como recurso pedagógico, deve-se ao fato da reunião de alguns pontos essenciais no âmbito educacional. São eles: cultura (o jogo é um objeto sócio – cultural – histórico), interesse do aluno (brincar é a atividade principal da criança) e conteúdos curriculares (diferentes jogos podem expressar diferentes conteúdos). Outro aspecto que deve ser levantado se refere às relações e interações sociais mobilizadas pelo jogar em grupo, na medida em que nessa situação o aprendente vivencia regras, discute, faz negociações, levanta e testa hipóteses e, sobretudo aprende com o outro (um colega mais experiente, o professor ou o jogo mesmo) e consigo próprio.
No processo de letramento, como foi demonstrado neste trabalho, através de jogos é possível ao aluno superar a fusão inicial do objeto com o significado, que se traduz na aquisição da leitura e da escrita pela diferenciação do símbolo e do significado. Tomando o letramento como uma atividade sistemática – na medida que o mesmo faz parte das regras e normas de uma sociedade estabelecida e contemporânea – o exercício da escrita e da leitura deve ser encarado como algo prazeroso, na medida que permite ao indivíduo enxergar e significar sinais gráficos e linguísticos que ampliam seu leque de conhecimento.
Sendo assim, dentro de um contexto educacional que visa propiciar letramento e autonomia aos aprendentes, a utilização de jogos facilita o domínio e uso do código da escrita e leitura, bem como suas práticas e funções. Faz-se necessário ressaltar que os processos de desenvolvimento e de aprendizagem envolvidos no jogar contribuam de forma significativa nos processos de apropriação do conhecimento, uma vez que, quando as crianças durante as atividades lúdicas, serão submetidas a respeitem regras, aprendam a dominar seu próprio comportamento, desenvolvam o pensamento abstrato, a percepção visual, o autocontrole, a observação e a memorização. Sendo assim, pode-se constatar que os jogos são importantes instrumentos pedagógicos para o desenvolvimento dos alunos nas habilidades físicas, cognitivas, afetivas e sociais. Assim, entende-se a grande responsabilidade que o professor deve ter com a educação de seus discentes, uma vez que, o verdadeiro papel do educador é o de fazer com que os alunos, por meio de mediações, se apropriem do conhecimento científico, Sistematizado, contribuindo assim para uma educação transformadora.


Fonte:https://psicologado.com/atuacao/psicologia-escolar/alfabetizacao-na-perspectiva-do-letramento-a-importancia-dos-jogos-no-processo-de-alfabetizacao-no-primeiro-ano-da-educacao-infantil 

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