Educar na era do aprendizado contínuo é desafio para as escolas e professores |
É o caso do filósofo e professor Mário Sérgio Cortella, que se diz otimista com o futuro e afirma que o Brasil conseguiu avançar na direção de ser a pátria educadora. “Evidentemente, isso não nos acalma. Apenas traz a certeza de que é possível fazê-lo.”
Cortella lista três grandes problemas, quando o assunto é educação: a democratização não só do acesso, mas também da permanência na escola; a necessidade de uma nova qualidade de ensino, com uma estrutura mais voltada para o século 21; e a necessidade de atualização com formação mais continuada da parte docente.
Mas há luz no fim do túnel? Mario Sergio Cortella diz que não existe um único caminho para resolver os problemas de educação. “Hoje, há sérias lacunas, tanto no ensino público quanto no privado. De maneira geral, a Educação brasileira ainda é muito ostentatória, muito mais apoiada na informação do que no conhecimento. Informação é cumulativa, conhecimento é seletivo.”
O filósofo diz que apesar dos avanços nos últimos anos, é preciso investir mais em Educação. “Tivemos um avanço na democratização do acesso de crianças de 7 a 14 anos no Ensino Fundamental. O número de jovens e adultos analfabetos diminuiu, mas continua alto. A comunidade passou a se envolver mais com os trabalhos educacionais, em função da formação de conselhos de escolas, colegiados e conselhos municipais de Educação. Também foram estruturadas formas de avaliação e de planejamento que não tínhamos antes. Isso não nos coloca em mundo triunfalista, mas também não é catastrófico. Estamos no caminho certo”, afirma. “Mas, repetindo Churchill, estamos no fim do começo. Não no começo do fim.”
E para discutir os caminhos da Educação, o JC inicia hoje, com este SER Especial e a matéria de capa do Economia, que aborda o Programa Aprendizagem como facilitador do primeiro emprego, a série “Educação e Vocação”. De hoje ao próximo dia 22, você vai encontrar entrevistas com especialistas sobre o tema e vai tirar dúvidas sobre processo de aprendizagem, vocação e outros temas que afligem pais e educadores. Boa leitura!
Educação no divã
Éder Azevedo/JC Imagens |
Paulo Cesar Razuk: “A educação é o caminho para você se conhecer, conhecer o mundo e conhecer o outro” |
Professor aposentado do Departamento de Engenharia Mecânica da Unesp de Bauru, Paulo Cesar Razuk acredita que a educação seja a base tudo. “A educação é o caminho para você se conhecer, para você conhecer o mundo e para você conhecer o outro”, argumenta.
Para Razuk defende, a reforma educacional no ensino médio flexibiliza a estrutura curricular, ponto que ele qualifica como positivo. “Por outro lado, exige dos nossos alunos secundaristas uma definição em relação ao seu futuro. Será que eles estão preparados para enfrentar um desafio como esse? E as nossas escolas? Estão preparadas? Eu creio que não”, pontua.
O que deve mudar, segundo o professor, é a forma de ministrar o conhecimento. “Você não pode ficar com muitos detalhes em sala de aula. Os alunos devem ter recursos para correr atrás do saber, porque eles vão precisar disso pelo resto de suas vidas, afinal, a produção de conhecimento está cada vez mais acelerada. O professor, na verdade, passa a ser um auxiliar”, explica.
Samantha Ciuffa |
Chiara Ranieri, diretora acadêmica da FIB |