Em entrevista, a professora e consultora em projetos de leitura, Denise Guilherme, dá suas impressões sobre o tema
Existe um jeito certo de apresentar um livro para uma criança? |
Escrito por: Anna Rachel Ferreira | Retirado do site NOVA ESCOLA – Não deixe de acessar !
Quando nós, leitores autônomos, falamos de literatura com nossos amigos ou colegas, costumamos compartilhar as impressões que tivemos com cada livro. Eu, pelo menos, não sigo uma regra e comento sempre uma sequência de aspectos, como o autor, editora e contexto. Faço, basicamente, um intercâmbio de experiências, destacando o que mais me marcou.
Fiquei pensando se esse comportamento se repetiria ao compartilhar um título com uma criança que ainda está engatinhando no mundo da leitura.
Com essa dúvida na cabeça, fui conversar com a professora Denise Guilherme, consultora em projetos de leitura e criadora do site A Taba. Confira o que ela me contou:
Qual é a melhor maneira de apresentar um livro para uma criança?
Como diz a contadora de histórias Edi Fonseca, apresentar um livro é como apresentar amigos: nunca apresentamos todas as pessoas do mesmo jeito, porque sempre fazemos um link entre cada uma, nós mesmos e nosso interlocutor. Logo, não existe um jeito padrão nem jeito melhor de apresentar todos os livros. Por exemplo, se a obra é de um autor já conhecido pela criança, esse é um dos aspectos que pode ser destacado, assim como é possível ressaltar um tema que é da preferência do adulto que sugere. Claro que, no segundo caso, ele deve ser compatível com os pequenos.
Pensando em atividades com literatura em sala de aula, quais critérios um professor que trabalha com crianças pode seguir para escolher de que maneira fará uma leitura?
Assim como é diversa a maneira de introduzir um novo livro, também é a forma de lê-lo. Geralmente, propomos que a criança leia sozinha o que ela tem condições de ler sozinha e que o professor leia em voz alta o que ela não tem condições. Mas esse não é o único critério. Alguns livros têm um trabalho específico com a sonoridade e, quando lidos em voz alta, evidenciam sua melodia e cadência. Também há aqueles que trabalham com repetições. Estes, se lidos pelo professor para toda a turma, favorecem a participação dos alunos na leitura, na medida em que eles conseguem detectar as partes recorrentes no texto. Além disso, é um bom incentivo para fazer com que crianças ainda não alfabetizadas comecem a ler. Já publicações com linguagem mais complexa ou ilustrações difíceis de serem analisadas são boas pedidas para leituras compartilhadas. Uma possibilidade é que todos os alunos tenham o livro em mãos para a leitura individual, mas façam uma interpretação de texto em conjunto.
Se o professor quer trabalhar a leitura oral, há gêneros mais indicados?
Sim. O discurso e o poema, por exemplo, são gêneros que têm como fim serem lidos em público. Além disso, eles são bons se o objetivo é focar na entonação e no ritmo da leitura. Outra possibilidade é o uso da teatralização no caso específico do texto dramático, que já nasce para ser encenado. É importante que os uso de cada texto seja real e respeite sua natureza.
Sabemos que também é muito importante que os estudantes desenvolvam o prazer da leitura. Como o professor pode trabalhar isso?
Ler nem sempre é prazeroso. Muitas vezes lemos textos chatos para estudar ou muito densos e longos. É importante não ignorarmos isso. Mas, quando pensamos nos momentos de prazer, é preciso que os alunos tenham liberdade de escolha. Claro que o professor, na posição de um leitor experiente, sempre pode indicar um título. Porém, é importante prestar atenção para não censurar o aluno de acordo com a nossa visão do que ele é capaz de ler. Desbravar uma leitura mais complicada pode ser um desafio bacana para ele também.
Espero que tenham gostado da entrevista. Vocês têm dúvidas? Como vocês têm trabalhado a leitura com a sua turma? Registre sua experiência aqui nos comentários.
Fonte: NOVA ESCOLA