No Brasil, os professores além de enfrentar salas de aulas cheias e falta de condições adequadas de trabalho, ganham mal. Menos da metade da média salarial paga aos professores de 46 países. Mas na educação infantil esse cenário é ainda pior, pois há uma percepção errada na sociedade de que o trabalho dos professores na educação infantil é mão-de-obra pouco qualificada que não exige educação séria ou remuneração compatível com outros profissionais de curso superior.
A maioria dos municípios não paga o piso salarial aos professores, diz o Ministério da Educação. E esse levantamento foi feito pelo MEC com base nas informações declaradas pelos próprios municípios. Prefeituras e instituições particulares abrem processos seletivos para contratar professores com nível superior, geralmente pedagogos, mas para pagar remunerações vergonhosamente baixas.
As pessoas tendem a pensar nisso como um trabalho não qualificado, quando, de fato, o trabalho de educar crianças é tão complexo quanto trabalhar com adultos no ensino superior. O salário baixo, significa que alguns professores estão sob estresse, o que pode tornar mais difícil a realização de um trabalho eficiente, pois ninguém trabalhando com crianças pequenas deveria se preocupar com a alimentação de suas próprias famílias.
Isso é um problema muito sério por que nas últimas décadas, os avanços na ciência do cérebro tem deixado claro que a aprendizagem que ocorre nos primeiros anos da vida de uma criança constitui a base para uma de uma vida escolar bem sucedida e uma vida adulta produtiva. Quando isso não ocorre, os danos para sociedade e o futuro da economia do país são incalculáveis.
A outra questão é o gênero, pois a grande maioria desses profissionais são mulheres. Ainda confundimos o trabalho desses educadores com o trabalho das mães. E isso pode ser mais fator que gera desvalorização do salário, visto que muitas pesquisas, como a da Síntese de Indicadores Sociais do IBGE, mostram que as mulheres ganham muito menos do que os homens. E ainda segundo o IBGE a jornada de trabalho total é maior, de 55,1 horas por semana, considerando os afazeres domésticos. Para os homens, a jornada média total é de 50,5 horas semanais.
Com tantos desafios e pouco incentivo, muitos pedagogos tem desistido de dar aulas. Quem continua na profissão, cobra a valorização do professor. “Olhar o potencial que o professor tem. É ele que contribui para a educação que vai mudar com a sociedade, que vai tornar essa sociedade cada vez melhor”, destaca Andrea Luize, coordenadora de curso de pedagogia.