Na coluna desta quinzena quero discutir com você um elemento fundamental, embora muitas vezes mal compreendido, do processo de aprendizagem: as provas. Na sua escola elas são vistas como “inimigas” pelos estudantes? Costumam ser aguardadas com ansiedade tanto pelos mais aplicados, que temem decepcionar nos resultados, quanto pelos que têm mais dificuldades, que receiam receber algum tipo de punição?
Avaliação não é somente prova |
Não é muito difícil perceber que essa ideia de avaliação é bem diferente do que deveria significar para os alunos. O erro conceitual está no fato de que a avaliação não é algo externo ao aprendizado, mas parte fundamental do processo.
Seu objetivo não deveria ser fazer o aluno “provar” que sabe o conteúdo, mas sim servir como diagnóstico do que já foi feito e bússola para o planejamento dos próximos passos. Quando um aluno tira uma nota baixa, não significa apenas que ele foi mal na prova. Isso demonstra que ele não aprendeu o conteúdo ou que a avaliação não condizia com os objetivos de aprendizagem e as atividades desenvolvidas em sala de aula. Assim, o resultado não deve motivar punição, mas intervenções e planejamento. Por mais óbvia que seja essa constatação, ela é muitas vezes deixada de lado. Recomendo a leitura da reportagem Avaliação processual: o raio X do ensino e da aprendizagem na sala de aula, da revista NOVA ESCOLA.
Um dos culpados por isso é o timing dos testes. Em muitos casos, as principais avaliações aplicadas pelas escolas se concentram no fim dos bimestres letivos, quando já não há mais muito tempo para os alunos que não se saíram bem se recuperarem no conteúdo com o qual apresentaram dificuldades. Logo que terminam as provas, eles já são bombardeados por novos conteúdos. Os processos avaliativos, então, acabam realmente servindo apenas para dar uma nota a cada estudante.
No caso de provas objetivas, a tecnologia pode ser uma grande aliada. Ela traz agilidade ao processo, oferecendo os resultados quase que instantaneamente e permitindo que os educadores ajam muito mais rapidamente. Também identifica de maneira simples os pontos frágeis tanto do aprendizado dos alunos quanto do ensino oferecido pela escola.
Nós estamos tendo uma experiência muito legal nesse sentido com a parceria entre a Geekie e o colégio Pio XII, do Morumbi, zona sul de São Paulo. Vou deixar o coordenador pedagógico deles, Alexandre Antonello, contar um pouquinho: “Em um teste da plataforma Geekie Lab, só 9% dos estudantes acertaram uma questão sobre vacina. Esse é um indicador de que alguma coisa não vai bem e é preciso investigar o que aconteceu. Além disso, quando o aluno tem a possibilidade de entrar na internet e ver gráficos com seus acertos e erros, ele tem um estímulo adicional para correr atrás do prejuízo, fortalecendo o senso de responsabilidade.”
Outro benefício da tecnologia é o fato de que ela tornar a experiência do aluno menos cansativa. Ao contrário das avaliações impressas, que são padronizadas e têm número fixo de atividades, um teste eletrônico permite questões com elementos visuais mais interessantes e interativos (com recursos extras, como áudio e vídeo) e uma flexibilidade maior com a adoção da testagem adaptativa (Computarized Adaptive Testing – CAT). Desse modo, à medida que o aluno responde às questões, a inteligência artificial é capaz de calcular em tempo real a sua proficiência em cada assunto e, assim, oferecer uma prova personalizada.
Por fim, a tecnologia ainda diminui custos. É verdade que as escolas precisarão de uma infraestrutura básica, mas, uma vez que essa etapa inicial é resolvida, economiza-se com a impressão e também se reduz o tempo necessário para a organização da avaliação.
Muitas escolas vêm aplicando avaliações no formato eletrônico e obtendo bons resultados: maior precisão, mais agilidade e, o mais importante, uma mudança na percepção geral das provas como algo punitivo. E você, educador, já teve algum tipo de experiência nesse sentido? Acha que pode ser útil para sua escola? Deixe suas impressões nos comentários.
Blog Tecnologia na Educação
Por: Claudio Sassaki
Fonte: Nova Escola