No Brasil o trabalho de educar na infância fica muito a cargo das creches e escolas de educação infantil, as chamadas “Escolinhas”. E é justamente nesse período da vida que um boa educação faz toda a diferença. Uma educação infantil de qualidade pode reduzir os custos dos contribuintes, melhorar as perspectivas econômicas para os pais e proporcionar benefícios duradouros para crianças até a idade adulta, de acordo com um novo estudo do economista vencedor do Nobel James Heckman e pesquisadores da Universidade de Chicago e da Universidade do Sul da Califórnia.
As descobertas, divulgadas, em um documento intitulado “Os benefícios do ciclo de vida de um programa influente da primeira infância”, mostram como os programas de alta qualidade podem trazer melhores os resultados na educação posterior, saúde, emprego e comportamento social.
O estudo ainda diz que para reduzir déficits e fortalecer a economia é necessário fazer investimentos significativos na educação infantil. O trabalho pioneiro do professor Heckman com um consórcio de economistas, psicólogos, estatísticos e neurocientistas mostra que o desenvolvimento da primeira infância influencia diretamente os resultados econômicos, sociais e de saúde para os indivíduos e a sociedade. Ambientes precoce adversos criam déficits em habilidades, que diminuem a produtividade e aumentam os custos sociais, aumentando assim os déficits financeiros suportados pelo dinheiro público.
A pesquisa mostrou que muito do que se precisa para ter sucesso na vida é estabelecido na infância. Durante esse tempo, o cérebro humano sofre um rápido desenvolvimento; É um período em que uma criança desenvolve habilidades cognitivas – a base para leitura, matemática, ciência e acadêmicos -, além de habilidades de personagem, crescimento social-emocional, habilidades motoras brutas e funcionamento executivo, que inclui tudo, desde controle de impulso até resolução de problemas.
De modo geral, a carreira de professor já é bastante desvalorizada. E na Educação Infantil, é ainda pior, pois além de ter a menor média salarial, a precarização é muito maior, principalmente nos setores públicos, onde muitas vezes o professor não tem as condições mais básicas de trabalho. Não há maneiras de melhorar a educação infantil sem antes reconhecer o profissional mais importante dessa área, que é o Professor. Para Steve Barnett, diretor do National Institute for Early Education Research, “o problema fundamental é de economia e cultura”, diz Barnett. “Uma boa educação infantil requer muitos profissionais capacitados, não podendo haver muitos alunos por professor, que precisam ter boa formação e serem bem compensados financeiramente, para obter a qualidade desejada de ensino. Precisa colocar essas coisas juntas, e é caro. A ideia de que há uma opção barata aqui é simplesmente falsa “. Para Barnett a falta de experiências formais de aprendizagem precoce tem um impacto negativo em qualquer país – economicamente e socialmente.
Temos visto os governos prometerem construir mais locais para atender as demandas crescentes por creches e escolas de tempo integral, mas a grande verdade é que não adianta construir milhares de novas instituições se não resolver o problema mais essencial, que é a valorização da carreira de professor. Todos queremos que nossas crianças tenham sim uma educação do mais alto nível de qualidade para que, conforme a pesquisa mostrou, possam ser bem sucedidas em suas vidas.