Conhecendo a história da Educação Brasileira: Educadores Brasileiro muito a frente de seu tempo.
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Conhecendo a história da Educação Brasileira
1. Anísio Teixeira
Principal referência sobre o tema, o educador baiano Anísio Teixeira (1900-1971) é considerado um dos mais importantes defensores do direito à educação no Brasil. Para ele, a escola era um espaço de exercício da democracia e principal instituição republicana, tendo como função a de garantir o pensamento autônomo e livre dos estudantes a fim de prepará-los para construir a sociedade desejada.
Autor de mais de dez livros, Anísio foi o criador da primeira experiência bem sucedida de educação integral no Brasil, com a criação do Centro Educacional Carneiro Ribeiro.
Educadores pioneiros
Além de Anísio, muitos intelectuais participaram do Movimento Escolanovista. Inspirados pelas ideias do norte-americano John Dewey, Fernando de Azevedo, Cecília Meireles, Lourenço Filho, Hermes Lima foram alguns dos humanistas que participaram da iniciativa.
Foi também o idealizador das Escolas Parque, e criador do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (INEP) e da Coordenação de Aperfeiçoamento do Pessoal do Ensino Superior (CAPES) e um dos fundadores da Universidade de Brasília (UNB).
Anísio esteve ainda entre os 26 autores do Manifesto Pioneiros da Educação Nova, publicado em 1932 como fruto da discussão do Movimento Escolanovista, que discutia que a educação deveria garantir a formação ampla dos estudantes e que todos da sociedade são corresponsáveis pela escola.
2. Darcy Ribeiro
Influenciado pelas ideias do Movimento Escolanovista, e muito próximo de Anísio Teixeira, Darcy Ribeiro (1922-1997) foi um dos principais antropólogos e pensadores da educação no país. Além de seu envolvimento com a questão indianista no país, atuou fortemente pela defesa da escola pública e da atenção ao desenvolvimento integral dos estudantes.
Darcy Ribeiro abraça Paulo Freire, que se despedia da Secretaria Municipal de Educação de São Paulo.
Crédito: Douglas Mansur/ Acervo Paulo Freire
Foi Ministro da Educação, e depois Chefe da Casa Civil no governo João Goulart, deposto pelo golpe civil-militar em 1964. Durante o período ditatorial, teve seus direitos cassados e foi forçado a se exilar, época em que contribuiu com reformas e discussões educacionais em diferentes países. De volta ao Brasil, Darcy implementou junto ao Governo Leonel Brizola no estado do Rio de Janeiro, os Centros Integrados de Ensino Público (CIEPs), uma das principais políticas de educação integral no país, e que trouxe à tona a necessidade de integrar a assistência social às ações educacionais.
Autor de inúmeros livros e membro da Academia Brasileira de Letras, Darcy também foi o primeiro reitor da Universidade de Brasília (UNB), e criador da Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF), que tinha como projeto formações interdisciplinares, em proposta considerada bastante disruptiva para o cenário do ensino superior no país.
3. Paulo Freire
professor pernambucano Paulo Freire (1921-1997) defendia transformações radicais para a educação. Entre suas inúmeras contribuições, estava a da necessidade de valorizar o conhecimento popular, integrando-o à pedagogia. Defensor incansável de um ideário democrático, Freire acreditava que a educação era a maior das armas contra a opressão e que a autonomia dos educandos deveria ser a principal conquista do fazer educativo. Para ele não existe ensino sem aprendizagem, em uma relação interdependente, de profundo respeito entre educador e educando.
Movimentos sociais
Vários movimentos sociais e políticos foram extremamente importantes para a história da educação integral no país. Vertentes e grupos da Igreja Católica, como as ações coordenadas por Alceu Amoroso Lima, grupos e iniciativas anarquistas, movimentos da luta por terra, como o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), grupos em defesa da educação popular – muitos deles inspirados por Paulo Freire, e movimentos de mulheres, contra a carestia e da educação ambiental figuram entre os muitos que defendem a atenção ao desenvolvimento integral dos estudantes e a corresponsabilidade pela educação.
Entre as suas várias contribuições à educação, Freire desenvolveu um método de alfabetização de adultos, baseado no contexto de vida dos educandos, evocando um princípio muito caro à educação integral – de vínculo e atenção ao território e às identidades dos sujeitos.
Além de sua vasta obra, o pedagogo foi secretário municipal de Educação em São Paulo, quando coordenou a implementação do Estatuto do Magistério, discutiu amplamente o direito dos profissionais da educação, apoiou as discussões sobre gestão democrática e lutou arduamente pelo direito irrestrito à educação pública para todos. O educador recebeu ainda o título de doutor Honoris Causa por 27 universidades, além de inúmeros prêmios internacionais e nacionais. Em 2012, foi declarado Patrono da Educação Brasileira.
Provavelmente um dos mais importantes pensadores da história do Brasil.É considerado um dos pensadores mais notáveis na história da pedagogia mundial, tendo influenciado o movimento chamado pedagogia crítica.
4. Maria Nilde Mascelllani
A pedagoga Maria Nilde Mascellani (1931 – 1999), educadora em diferentes escolas públicas do estado de São Paulo, foi uma das idealizadoras das Classes Experimentais, proposta de educação que visava fortalecer a autonomia dos educandos e seu envolvimento na gestão escolar. Pouco tempo antes do golpe civil-militar, a professora assumiu a coordenação do Serviço de Ensino Vocacional, que tinha como objetivo disseminar e ampliar a experiência das classes por meio dos Ginásios Vocacionais.
Sofrendo inúmeras pressões da ditadura, Maria Nilde resistiu, insistindo na proposta libertária de educação e defendeu arduamente os ideais de uma escola pública autônoma. Foi presa e torturada pelo Departamento de Ordem Política e Social (Deops), indiciada como subversiva e destituída de suas funções. De volta à liberdade, Maria Nilde, que publicou inúmeros trabalhos e textos, criou um centro educacional na Faculdade de Psicologia da PUC-SP, onde foi também foi professora.
5. Florestan Fernandes
Considerado um dos sociólogos mais influentes no Brasil, Florestan Fernandes (1920-1995) teceu considerações muito importantes para o debate da educação integral no país, além de ter sido, como professor, um educador considerado exemplar – acompanhando, de perto e com atenção irrestrita, todos que foram seus alunos. Como ideia central em seu pensamento, a educação teria a capacidade de transformar a sociedade, e a escola seria a instituição prioritária de fortalecimento do que ele chamava de cultura cívica, a atenção ao interesse comum, àquilo que é público.
Florestan defendia que democracia era a liberdade de educar e o direito irrestrito de estudar. Foi árduo debatedor da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), aprovada pouco tempo depois de sua morte e que enuncia o direito à educação integral. Defensor das ideias do amigo Darcy Ribeiro, o sociólogo pontuava sempre a importância de se enfrentar as heranças coloniais e escravocratas, com o combate ao racismo e todas as formas de exclusão e opressão e da construção de um projeto de educação para todos com equidade no país.
Ativo na luta pela escola pública, foi um dos principais advogados pelo Piso Salarial dos Professores, pela Eleição de Diretores pela comunidade escolar, incluindo estudantes e familiares e pelos mecanismos de gestão democrática e participativa nas instituições educativas.
6. Lauro de Oliveira Lima
Lauro de Oliveira Lima Natural de Limoeiro do Norte, no Ceará. Nasceu em 12 de Abril de 1921, ano em que, como ele próprio assinala, o paulista Lourenço Filho inicia trabalho no Ceará, a convite do Governador Justiniano Serpa, para reformar o ensino elementar e instalar o Instituto de Educação, e em que, na Suíça, Jean Piaget publicava sua primeira obra sobre o desenvolvimento da inteligência na criança.
Iniciou seu trabalho com dinâmica de grupo e propondo o método psicogenético. Nos últimos anos de vida, Lauro foi diretor de Pesquisas do Centro Educacional Jean Piaget onde dedicou-se ao treinamento de professores, técnicos e empresários utilizando o método por ele elaborado, denominado Grupo de Treinamento para a Produtividade, que consta de seu livro “Dinâmica de Grupo no lar, na empresa e na Escola”. Além disso manteve-se ativo como escritor, tendo lançado o livro “Piaget: Sugestão aos Educadores” (1999) e “Dinâmica de Grupo” (2002). Em 1996, lançou “Para que servem as escolas?”, pela Editora Vozes, com grande sucesso de vendas.
Conhecendo a história da Educação Brasileira
Texto: Prof Marcos L Souza .
Pedagogo – Educador Musical – Psicopedagogo – Historiador