A Pedagogia segundo a Filosofia de Sócrates: Artigo enviado pelo nosso parceiro, Prof Marcos L Souza – Pedagogo – Historiador – Escritor e Pesquisador.
A Pedagogia segundo a Filosofia de Sócrates
O filósofo Sócrates viveu em Atenas, a cidade na época era considerada referência em todas as esferas no campo social. Mestre do filósofo Platão (428 – 348 a.C.), Sócrates inicia a sua jornada filosófica quando a Oráculo de Delfos afirma ser ele o homem mais inteligente do mundo pelo fato de ele não saber nada. O filósofo diferente de outros pensadores de sua época, nada afirmava, somente perguntava. Ao frequentar a Praça de Atenas (Ágora), o filósofo indagava os cidadãos que ali passavam, perguntava sobre vários assuntos, como política, economia, religião, conhecimento etc. Essa atitude questionadora trouxe vários discípulos, principalmente jovens, despertando medo e receio em alguns governantes da época. O medo que os assombravam era o da possibilidade de uma futura mudança nos costumes tradicionais dos atenienses, inclusive o questionamento sobre a sua gloriosa democracia. Além disso, o medo que os governantes da cidade possuíam de que os cidadãos fossem críticos e autônomos era um perigo para o poder vigente da época.
Na Pedagogia Socrática o diálogo tem um poder significativo para a aprendizagem. Sócrates, sendo o primeiro a desenvolver essa prática, mostra para os futuros educadores a importância do diálogo para a produção do conhecimento.
Pelo diálogo, ele as tira do seu sossego, da sua tranquilidade, da sua paz podre e fétida. Quanto a Sócrates contenta-se em dialogar, em dialogar daquela maneira, em alvoroçar, em inquietar e em esperar que, há seu tempo, esse diálogo produza os resultados esperados: uma revolução das mentes; uma revolução do homem, uma revolução no homem. E tudo isto acontece com um homem que já é velho por causa de uma simples história e por causa de certo tipo de diálogo que esse homem inventa (FONSECA, 1996, p.7).
O diálogo socrático leva o aluno para uma verdadeira aprendizagem, indo além de qualquer conteúdo, a finalidade da educação para Sócrates é fazer o aluno a pensar e a refletir sobre os conceitos que ele afirma conhecer
Uma das frases mais conhecidas do filósofo e educador Sócrates é a famosa citação “Só sei que nada sei”, este e outros pensamentos socráticos foram difundidos na obra de Platão, um dos seus discípulos que mais tarde desenvolveu um sistema de educação tão afrente de sua época que até os dias de hoje serve de base para projetos educacionais em todo mundo, justamente por sua linha de pensamento respeitando a educação infantil e outros ciclos da educação. De acordo com o que afirma inúmeros filósofos, foi Sócrates quem atribuiu sentido a palavra filosofia. Os diálogos socráticos além de suas ideias são caracterizados pela argumentação, com o propósito de levar a questão a um impasse, ou seja, eles terminam sem conclusão. Cabe ressaltar que a questão central de Sócrates e dos sofistas será de como educar os indivíduos para a vida na cidade, conforme Silva e Pagni ( 2007) “esta pergunta sobre como e para que educar constitui o eixo em torno do qual gravitará o pensamento filosófico e educacional ao longo da tradição ocidental, de Platão a Hegel”.
Sócrates chegara à conclusão de que com a modernidade de Atenas (Processo Evolutivo), era preciso rever o modelo de educação que preconizava formar o guerreiro jovem, belo e bom para uma morte gloriosa nos campos de batalha, e o ensinamento intelectual e moral consistirem em um direito somente dos indivíduos de sangue divino. Com a urbanização de Atenas não fazia mais sentido este tipo de educação, levando em conta esse e outros aspectos, surge à necessidade de indivíduos ativos na vida política da polis em detrimento ao guerreiro belo e bom, agora era preciso formar cidadãos para viver democraticamente na cidade e para isso é preciso uma nova educação, um novo conceito educacional que traria frutos não somente para os Atenienses, mais para o mundo todo.
A areté (Nova Atenas) que agora se inaugura está voltada para a formação do cidadão para o governo da polis, cuja preocupação se centra na formação política, ética e moral dos indivíduos para o exercício do poder. A virtude que mais interessa desenvolver é a cívica. No novo processo formativo, o instrumento fundamental para a realização da virtude cívica é a palavra. (SILVA E PAGNI, 2007, p.21 e 22).
Em detrimento ao novo conceito de educação, começam a ocorrer os questionamentos sobre os mitos e as condutas, até então consideradas verdades absolutas, os debates gregos são realizados em praça pública com a participação maciça da sociedade e comunidade ( Escolas são pessoas) “José Pacheco”, não se faz escolas somente com prédios, o modelo da nova educação Socrática se baseia na participação da sociedade e da classe política para uma formação educacional completa. Assim surgem os sofistas, filósofos e professores, que tinham técnicas e métodos de ensino didáticos e atraentes, com habilidades na argumentação os sofistas persuadiam facilmente seus interlocutores. Com essas habilidades eles se destacam como elementos fundamentais na democracia ateniense, uma vez que, ao ensinarem à retórica, arte da persuasão, os indivíduos que a aprendiam passavam a exercer a sua cidadania.
Nesse sentido, a pedagogia dos sofistas, não só vai declarar que o saber é formado pela ideia de oposição e na luta dos contrários, mas também que os costumes e condutas não são naturais, mas sim uma convenção determinada pelo meio social que o indivíduo está inserido (Princípio da teoria de Vygotsky – Teoria sócio construtivista). Silva e Pagni (2007) expõe que a educação dos sofistas concebe a abertura de uma visão cosmológica para uma visão antropológica, em que a procura e os esclarecimentos das causas do universo são substituídas por aquelas referentes à vida formação do indivíduo tanto educacional como social, um ser capaz de exercer funções tanto na vida corriqueira da cidade como na vida política.
Em vista disso, ocorre a aproximação a um entendimento consciente de educação marcada pela sofistica. A educação seria responsável pela formação humana, por intermédio da aquisição de cultura transmitida pelos mais velhos, da habilidade para usar a palavra, uma educação com conteúdo e objetivos.
A figura de Sócrates tornou-se o eixo da história da formação do homem grego e o maior acontecimento pedagógico da história ocidental.
Apesar de fazer uso dos métodos sofísticos, Sócrates tem uma visão oposta em relação ao resultado final do que é ensinado, para os sofistas o mais importante era a disputa no debate e o vencedor seria o sujeito que mais tinha o domínio da argumentação. O que interessava aos sofistas era o domínio de conteúdos prontos e acabados. Em contrapartida, Sócrates não se colocava na condição do professor que ensina um conhecimento pronto e acabado. Sócrates entendia que o professor era mais que um transmissor de ideias prontas, era um mediador, que por sua vez propunha desafios e questionamentos afim de estimular e aguçar a curiosidade dos aprendizes e educandos.
Sócrates orienta toda a sua atividade filosófica, a partir de duas frases, sua máxima de vida consistia em, por um lado, a frase descrita no Oráculo de Delfos dizia: “Conhece-te a ti mesmo”, palavras que esclarecem o sentido da fragilidade e o limite de todo o conhecimento, pois o mesmo não é uma condição, mas sim uma busca constante (A arte do Desaprender “Rubem Alves”. Por outro, a frase que chamava atenção e causava estranheza aos que lhe procuravam dizia: “Só sei que nada sei”, confessando-se total desconhecedor a respeito dos assuntos que os outros se julgavam sábios.
Sócrates era um exímio provocador de diálogos como forma de buscar a verdade, induzindo as pessoas ao raciocínio sobre aquilo que comentavam. A sua atitude era demonstrar ao ouvinte sua ignorância sobre aquilo que afirmava com total certeza enxergar suas experiências. De acordo com Silva e Pagni, (2007), é desse modo, “que a filosofia faz da filosofia, uma pedagogia da razão”.
A Pedagogia da razão, filosofia que Sócrates professou em vida não é um simples processo teórico de pensamento, mas funcionou como um convite ao pensar e uma forma de reeducação do pensar. A Filosofia socrática possui um sentido educativo por excelência, tanto quanto sua concepção de Educação está baseada num método filosófico e numa filosofia. (SILVA E PAGNI, 2007, pg. 29).
Em síntese a virtude em se adquirir conhecimento na arte do desaprender sempre para Sócrates, era de suma importância no processo educacional filosófico do Ser Humano. Sócrates acreditava que os seres humanos possuíam certas virtudes, tanto filosóficas quanto intelectuais. E o conhecimento era à base de toda a ação virtuosa. Esse conhecimento precisava ser desenvolvido pelo próprio indivíduo em uma relação com um todo (Sociedade, comunidade e todos os elementos que gerem o universo), vindo de sua própria existência. Assim todos os homens deveriam meditar sobre o seu próprio desenvolvimento espiritual ao invés do material, seria um princípio básico da essência educacional e de vida para o ser humano.
Sócrates desenvolveu uma relação intima com a (Pedagogia da Autonomia) e com o método epistemológico que valorizava a crítica e o pensamento autônomo do aluno, Sócrates contribuiu para o desenvolvimento de novas metodologias na educação, buscando uma formação mais humanitária e libertadora para os seus alunos. Por meio dos diálogos, o filósofo ateniense submetia seus discípulos a uma reflexão sobre suas próprias afirmações e conclusões, mostrando a carência e a superficialidade dos conteúdos conhecidos. A preocupação de Sócrates, e também dos professores atuais, é recriar nos educandos a autorreflexão para gerar autonomia na busca do conhecimento. Por isso, a metodologia de Sócrates é tão atual e faz parte de todo processo educativo com uma visão voltada para o futuro agora.
Referências Bibliográficas
PAGNI, P. A.; SILVA, D. J. Introdução à Filosofia da Educação: temas contemporâneos e história. São Paulo: AVERCAMP, 2007.
FONSECA, Maria de Jesus Martins da. Sócrates. 2012. Disponível em: . Acesso em: 25 abr. 2014. Teixeira et al. (2016) Revista Científica UNAR, v.11, n.2, 2015. 52 MARCONDES, Danilo. Textos básicos de ética: De Platão a Foucault. Rio de Janeiro: Zahar, 2007. REALE, Giovanni; ANTISERI, Dario. História da filosofia: Filosofia Pagã Antiga. 3. ed. São Paulo: Paulus, 2003. SERAFINI, Alessandra Menezes dos Santos. A autonomia do aluno no contexto da educação a distância. Disponível em: Acesso em: 25 fev.2014.
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