Aprendizado e Desenvolvimento Infantil segundo Vygotsky: Artigo enviado pelo nosso parceiro “Professor Marcos L Souza – Pedagogo – Psicopedagogo – Educador musical – Historiador.
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Aprendizado e Desenvolvimento Infantil segundo Vygotsky
A Educação Infantil como etapa inicial da educação básica é de relevante importância no processo e desenvolvimento das habilidades que possibilitarão a compreensão e interiorização do mundo humano pela criança, neste conceito é primordial se trabalhar atividades operacionais, pois é a partir desta interação com o meio, determinado por um ato intencional e dirigido do professor que a criança aprende (Vygotsky, 1998)
O desenvolvimento infantil esta pautado na interação com o meio. Segundo Vygotsky a criança aprende para depois se desenvolver, deste modo, o ciclo o estimulo das habilidades de um ser humano se dá pela aquisição/aprendizagem de tudo aquilo que o mesmo vivencia e constrói socialmente ao longo da história da humanidade. Ao se tratar de escola, estamos em um âmbito mais aprofundado, pois para além de transmitir o conhecimento acumulado, este processo deve se dar de forma planejada e organizada de modo que, todas as ações realizadas pela escola e seus profissionais devem ser pensadas, refletidas e discutidas, pois todas as ações devem ter intencionalidade e finalidade.
Na Educação Infantil este processo não pode ser diferente, pois é o período de 0 ao 5 anos que o ser humano está em sua maior potencialidade de aprendizagem, sendo a base para o desenvolvimento posterior. Deste modo, destacamos a importância da escola como local para além dos cuidados na Educação Infantil, porque é nele que a criança deve se envolver, interagir e agir com o meio, com o outro e com si mesma para apreender o mundo que a cerca e ir além apreendendo para além da imagem, mas também os significados por trás delas.
Neste sentido, a escola de Educação Infantil não pode se isentar do ato intencional de educar, focando não apenas no cuidar, mais, devendo assim haver um equilíbrio entre o cuidar e o educar para que as crianças possam aprender e desenvolver todas as suas possibilidades e habilidades da forma mais prazerosa possível.
De acordo com a periodização feita por Abrantes (2012) a teoria histórico cultural pode ser dividida em épocas, Primeira Infância (0 a 3 anos), Infância (3 a 10 anos) e Adolescência (10 a 17 anos) e períodos, Primeiro Ano (0 a 1 ano), Primeira Infância (1 a 3 anos), Idade Pré-Escolar (3 a 6 anos), Idade Escolar (6 a 10 anos), Adolescência Inicial (10 a 14 anos) e Adolescência (14 a 17 anos). A transição entre os períodos se dá por meio de crises e a atividade dominante em cada período é respectivamente: Comunicação Emocional Direta, Atividade Objetal Manipulatória, Jogo de Papéis, Atividade de Estudo, Comunicação Íntima Pessoal e Atividade Profissional Estudo.
Assim, o período da Primeira infância está ligada à Atividade Objetal Manipulatória entendida como essencial para a criança desenvolver características, habilidades e aptidões. Essas transformações quantitativas e qualitativas são consideradas fundamentais para o desenvolvimento da mesma persistindo ao longo de toda sua vida adulta. Este período se constitui como a base para as aprendizagens humanas está na primeira infância. Entre o primeiro e o terceiro ano de idade a qualidade de vida de uma criança tem muita influência em seu desenvolvimento futuro e ainda pode ser determinante em relação às contribuições que, quando adulta, oferecerá à sociedade. Caso esta fase ainda inclua suporte para os demais desenvolvimentos, como habilidades motoras, adaptativas, crescimento cognitivo, aspectos sócio-emocionais e desenvolvimento da linguagem, as relações sociais e a vida escolar da criança serão bem sucedidas e fortalecidas. (PICCININ, 2012, p. 38)
Características Psicológicas do Desenvolvimento
Ao adquirir controle de seus movimentos no que se refere à autonomia de andar sozinha a criança começa, então, a aperfeiçoar o grau de dificuldade deste caminhar, seja pisando em algum objeto, seja andando para trás ou mesmo um degrau, sente como a um desafio a alcançar diante desses estímulos dificultosos. A capacidade de caminhar independente da ajuda de um adulto proporciona à criança um novo panorama do mundo exterior, ampliando a compreensão dos objetos a sua volta, bem como sua manipulação, uma vez que estes eram “limitados” pelos pais. A criança se dá conta de que há a existência de obstáculos em seu trajeto e que precisa captar maneiras de evitá-los. O caminhar dá autonomia à criança.
Desenvolvimento Afetivo, Visual, Tátil, Auditivo e Motor
No início da primeira infância a criança é dependente da mãe, as proibições e limites impostos pela mesma geram na criança uma reação de oposição, pois esta não compreende ainda o conceito de amor e ódio. Porém, quando há uma aprovação por parte do adulto em relação ao que a criança faz, ela se sente satisfeita e motivada a fazer as coisas novas. Santos (1999) argumenta que embora a criança não entenda as atitudes, deve passar por situações de satisfação e sofrimento, para que descubra que tipo de ações podem satisfazer a ela e ao adulto. Santos (1999) ainda aposta que a criança deve desenvolver o autoconceito, pois já se vê separada das pessoas e, já entende que o adulto “vai e vota”, que os objetos vão continuar no mesmo lugar, ainda que ela não os veja, é necessário ver a si mesmo como algo contínuo no tempo e espaço. A partir dos dois anos a acriança torna-se mais independente e autoconfiante, porém é egocêntrica, cabe nesse momento o adulto ensinar a acriança a “perceber” a outra, por exemplo, em atividades cooperativas. A visão, o tato e a audição são os meios pelos quais a criança descobre o mundo, sendo que nesta fase ela não tem medo de ver, ouvir e sentir. Esses sentidos possibilitam a criança a perceber e a se trabalhar habilidades como as coisas (tamanho, forma e as cores) que fazem parte do meio, o tato permite que a criança sinta diferentes texturas, agradáveis ou não.
A criança nesta fase escuta tudo e se dispersa facilmente, quanto a sons em alto volume, a criança pode se assustar. Aos dois anos de idade a criança possui os músculos do corpo e o controle motor mais aprimorado, tendo mais facilidade para modelar massinha e rabiscar com giz. Estas situações são de demasiada importância para o desenvolvimento visual e tátil. Nesta idade a criança está no mundo dos sons, o papel do adulto neste momento é de estimular o desenvolvimento dos sentidos para que a criança possa ter uma expressão própria, pois como aponta Martins (2009) Em suma, o desenvolvimento se produz por meio de ciclos e esse é o pressuposto da teoria de Vygotsky, segundo o qual o bom ensino, presente em processos interpessoais, deve se antecipar ao desenvolvimento para poder conduzí-lo. Portanto não há que se esperar desenvolvimento para que se ensine; há que se ensinar para que haja desenvolvimento.
Contudo, faz-se necessário compreender como se dá o desenvolvimento infantil no período da Primeira Infância compreendido do 1 ano aos 3 anos de vida da criança, no qual se desenvolve a Atividade Objetal Manipulatória.
Atividade Objetal Manipulatória
Nos primeiros anos de vida, a criança realiza manipulações dos objetos de maneira externa a eles, com a primeira infância, ela passa a ressignificar a utilização desses objetos, deixando de serem simples “coisas” a detentores de uma função específica, segundo a própria função social deste objeto. É na primeira infância que se constrói a passagem para a atividade objetal, atividade principal do período, na qual o adulto assume o papel de colaborar nesse processo, pois a exemplo de uma colher, ela poderá batê-la, jogá-la ao chão e, mesmo assim, não descobrir sua função, a menos que o adulto intervenha e lhe demonstre sua finalidade.
As ações mais importantes que a criança assimila na primeira infância são as correlativas e as instrumentais. Sendo as ações correlativas aquelas nas quais se estabelece uma relação comum entre determinados objetos, fazendo-as recíprocas espacialmente falando, o que faz a criança levar em consideração as propriedades dos objetos, conferindo-lhe respeito a estas propriedades, dando sentido à atividade desenvolvida através do objeto. Estas ações são presentes na primeira infância, o que não ocorre com a devida “consciência” no primeiro ano de vida, antes de completar um ano. Tais ações são reguladas pelo resultado obtido, que só é alcançado pela contribuição e intervenção do adulto que aponta os erros, norteia como agir, a fim de corrigir com a finalidade do resultado correto.
As ações instrumentais são aquelas nas quais a criança se utiliza de instrumentos e /ou ferramentas para agir sobre outro objeto. Ainda enfatizando a colaboração do adulto na apropriação destes objetos, a ideia é de que o adulto ofereça meios – instrumentos – que colaborem para que a criança se aproprie e assimile o uso do objeto, como por exemplo, a colher, nela está presente o traço que a caracteriza como ferramenta, torna-se um instrumento para que ocorra a alimentação da criança e, que se faz, portanto, uma “intermediadora” entre a mão da criança e o alimento. Deste modo, ocorre à sujeição, a reconversão dos movimentos da mão da criança à forma do instrumento.
A assimilação das ações instrumentais não ocorre imediatamente, há etapas, sendo que a primeira, tendo o instrumento como continuação da própria mão, suas ações, portanto são manuais ainda; a segunda etapa a criança se prende para a relação instrumento e objeto sob o qual incide a ação, quanto ao êxito, só será alcançado eventualmente; a terceira fase é obtida quando a mão se adapta às propriedades do instrumento, originando as ações instrumentais de fato. Estas que são dominadas na primeira infância, estão em contínuo desenvolvimento no decorrer do tempo, não é acabado. Sua importância está na assimilação do uso dos instrumentos de maneira correta, exata. Os quais se configuram como princípios básicos da atividade humana, permitindo à criança perpassar pela autonomia do uso dos objetos.
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Aparecimento de Novos Tipos de Atividades na Primeira Infância
Ao findar a primeira infância surgem novos contextos de atividades, são os jogos e as formas produtivas de ação. No jogo é importante ressaltar que não há relação com o jogo dos filhotes de animais, que são instintivos, ao contrário, as crianças reproduzem o conteúdo de seus jogos a partir da sua percepção do contato com o adulto. Primitivamente não havia separação entre jogo e trabalho, a criança assimila na prática a forma de obter sustento. Como necessidade social ao passar do tempo, as formas de produção e instrumentos de trabalho deixaram de estar ao alcance da criança, passando a ser construídas para a mesma, ferramentas reduzidas, tendo como característica uma sociedade e a escola preocupadas com uma infância preparada para inseri-las posteriormente no mercado de trabalho.
Destaque, então, para o surgimento dos jogos-exercícios, sob a direção do adulto, logo surge o brinquedo figurativo, momento em que há a separação da criança com as relações sociais, que por sua vez surge o jogo dramático, no qual a criança passa a reproduzir traços da sociedade adulta e suas relações sociais, formando comunidades infantis de representação lúdica, por meio do jogo dramático a criança satisfaz a necessidade de estar inserida no “mundo adulto”, que ocorre por meio dos brinquedos.
Os jogos iniciais a princípio representam atitudes das crianças sob suas visões do adulto de maneira que elas não reproduzem suas vivencias reais, mas sim, imitando o adulto, tal como eles fazem com uma criança, somente mais tarde ocorrerá pela primeira vez jogos com recriações do real. E assim, sucessivamente a criança vai progredindo na assimilação das ações praticadas, utilizando-se de vários tipos de objetos substituindo outros que não possui, ainda não dando nome lúdico, após isto, nomeia os objetos de acordo com o papel que desempenha no jogo, compreende a significância do objeto dentro do jogo e gradativamente vai se criando as premissas para o jogo com papeis.
Este desenvolvimento é prerrogativa para a atividade representativa, por meio do desenho, sendo a representação de determinado objeto.
Caracterizada desde a garatuja com marcas, traços desordenados, linhas retas, curvas sem representação alguma que adentram na prévia representação para a imagem, dividida em duas fases: na qual a criança reconhece o objeto numa combinação casual de traços e a outra intencionalmente a criança reconhece o que desenhou. A atividade representativa só aparecerá quando a criança verbaliza o que deseja desenhar. É de demasiada importância, a saber, que a criança aprende a desenhar, não apenas aperfeiçoando-se, praticando, mas também e valiosamente, pela influência do adulto que lhe propiciará subsídios para que se formem imagens gráficas nas linhas que ela traça.
Desenvolvimento da Percepção e das Noções Sobre as Propriedades dos Objetos
A criança adquire ações visuais por meio da manipulação dos objetos estabelecendo assim, propriedades dos objetos. Para que a criança perceba os objetos de forma mais completa deverão ser oferecidas novas ações de percepção, que surgem ao assimilar a atividade objetal, contudo com as ações correlativas e instrumentais. Existem as ações orientadoras externas que permitem a criança alcançar um resultado prática por meio do contato, da tentativa diante de uma situação, tais ações conduzem-nas ao conhecimento das propriedades do objeto. Comparando-se as propriedades dos objetos é possível que a criança passe à correlação visual das propriedades dos objetos, convertendo-a em modelo para determinar as propriedades de outros objetos, formando um novo tipo de concepção.
PAPEL DO EDUCADOR E AS NECESSIDADES DE APRENDIZAGEM
A atuação do professor faz-se de suma importância neste contexto pela determinação no processo de aprendizado, sendo o professor o mediador e que tem o papel de estimular novos caminhos de aprendizagem, possibilitando o desenvolvimento. No tocante ao brincar, como processo, oferece à criança a satisfação de suas necessidades básicas de aprendizagem que oportuniza a comunicação, a extensão das relações sociais para com outras pessoas, adquire competências novas, habilidades, facilita a atividade dentro de um ambiente, dentre outras oportunidades advindas do brincar. O bebê não nasce com estratégias e conhecimentos prontos para perceber as complexidades dos estímulos ambientais. Esta habilidade se desenvolve por meio das experiências vivenciadas por elas na relação com o outro, com o meio e com si mesma.
Assim, é de extrema importância, possibilitar a criança experiências concretas tendo por base o desenvolvimento das habilidades sensoriais, de modo que esta aprendizagem é a base para o desenvolvimento de novas funções. Os conteúdos de formação operacional interferem diretamente na constituição de novas habilidades na criança, mobilizando as funções inatas, os processos psicológicos elementares, tendo em vista a complexidade de sua estrutura e modos de funcionamento, a serem expressos sob a forma de funções culturais, de processos psicológicos superiores. Ao atuarem nesta direção, instrumentalizam a criança para dominar e conhecer os objetos e fenômenos do mundo à sua volta, isto é, exercer uma influência indireta na construção de conceitos. (MARTINS, 2009, p.96)
Diante disso, faz-se necessário pensar nesta temática no trabalho com crianças entre 1 e 3 anos, uma vez que a criança pequena precisa além de cuidados, ser estimulada constantemente em favor de seu processamento sensorial, possibilitando a criança aprender a usar seus órgãos sensoriais e a atribuir significado às sensações. O professor deve ainda garantir o contato da criança com objetos que favoreçam a inserção da mesma no convívio social, por meio das várias linguagens. Portanto, o professor deve realizar seu trabalho de maneira a oferecer a criança, crescimento, reflexão, tomada de decisão enquanto cidadãos capazes de “administrar” sua vida, indo além da simples mediação dos conteúdos.
Importância da Música na Primeira Infância
Na Primeira Infância a criança deve ser estimulada a explorar todos os seus sentidos e, cabe ao mediador esta tarefa, o adulto deve apresentar à criança todas as formas de sentir o mundo.
A música é uma forma de a criança desenvolver ritmo, harmonia, memória, fala, entre várias outras habilidades. Ferreira (2002, p. 13) argumenta que: Considerada em todos os seus processos ativos (a audição, o canto, a dança, a percussão corporal e instrumental, a criação melódica) a música globaliza naturalmente os diversos aspectos a serem ativados no desenvolvimento da criança: cognitivo/ linguístico, psicomotor, afetivo/ social. Assim, a música se constitui como algo fundamental a ser trabalhado com a criança, para que esta descubra o mundo por meio de todos seus sentidos, além de ser um instrumento que auxilia na aprendizagem e no desenvolvimento.
Importância da Leitura na Primeira Infância
O estimulo ao prazer da leitura é outra forma de apresentar o mundo à criança, por meio deste, ela conhece uma das formas mais importantes de comunicação dos adultos, a língua escrita. É por meio do estímulo a leitura de imagens e desenhos que futuramente as crianças terão curiosidade e interesse em aprender o que foi construiu ao longo da história da humanidade. Priolli (p. 4) destaca três pontos explicando a importância de ler para as crianças:
1º Para a formação de bons leitores, é fundamental que as crianças com até 3 anos de idade apreciem e valorizem a escuta e a leitura de histórias desde pequenas. 2º A criança cria o hábito de escutar histórias, valorizando o livro como fonte de conhecimento e entretenimento. 3º A escuta de histórias na escola oportuniza momentos prazerosos em grupo, enriquece o imaginário, amplia o vocabulário, além de familiarizar a criança com a leitura, uma prática valorizada pela sociedade. Entendemos, assim, como sendo mais que necessário ler para as crianças, elas necessitam manusear e explorar os livros, lembrando que tudo que aprendemos nesta etapa levamos para a vida toda.
A Importância do Brinquedo na Primeira Infância
Brincar é o modo que a criança tem de conhecer o mundo que a cerca. É por meio da brincadeira que a criança descobre, aprende e se desenvolve, tanto na escola quanto em casa, na rua, no jardim e, assim por diante. Vygotsky (1998) compreende o brincar como uma atividade social da criança, cuja natureza e origem seriam elementos fundamentais para o desenvolvimento cultural, ou seja, o brincar como compreensão da realidade. Para o autor o brinquedo é o principal meio de desenvolvimento cultural da criança. O brincar atua nas zonas de desenvolvimento proximal e real da criança. É no brincar que a criança se comporta, além do seu comportamento habitual, diário, vivenciando desafios e situações novas.
Para Elkonin (1998), o brincar é uma atividade social, humano que supõe contextos sociais e culturais. O jogo/ brinquedo reconstrói as relações sociais, como também atua no jogo com objetos da vida real. O brincar estimula, motiva e deve ser sempre orientado por um adulto. Na escola, o professor, que além de mediar a brincadeira, deve brincar junto. Brincar propicia a aprendizagem por ser estimulador e motivador, ele faz com que a criança tenha um motivo para realizar determinada ação e para as crianças pequenas a aprendizagem acontece no concreto, ou seja, quando a criança participa do processo de apropriação, como, por exemplo, o pente, a criança explora o objeto, e após ver um adulto utilizando o mesmo ela passa a utilizar este de acordo com sua função social, pentear. Em um segundo momento passará a utilizar o pente como barco, avião, neste momento ela já se apropriou do objeto, porém utiliza-o além da função para o qual ele foi criado.
Deste modo, podemos entender a brincadeira na escola como um modo de desenvolver capacidades psíquicas mais avançadas e, a brincadeira em casa como um reforço das capacidades já desenvolvidas pelas crianças. Porém, todas são formas de brincar são de extrema importância para a criança. Destacamos que na escola a criança deve participar de atividades que exijam mais de sua psique, pois cada local deve propiciar atividades diferentes às crianças. Sava (1975, p. 14; apud MOYLES, 2002, p. 4)
Veja ainda:
- A pedagogia de Maria Montessori
- Teorias epistemológicas de Jean Piaget
- Desenvolvimento e Aprendizagem Vygotsky: A zona de Desenvolvimento Proximal
De acordo com a teoria de Vygotsky (1998) que busca compreender a relação entre linguagem, desenvolvimento e aprendizagem frente ao processo histórico cultural e a interação social, percebemos o aprendizado como um processo profundamente social, no qual também é um complexo processo dialético, onde o desenvolvimento não é linear. Aprendizado e desenvolvimento estão inter-relacionados desde o nascimento da criança, sendo os atos intelectuais decorrentes de práticas sociais, assim, o indivíduo se faz humano apropriando-se da humanidade produzida historicamente. Vygotsky (1998) também propõe a investigação da riqueza de informações da criança e o estudo de suas outras capacidades que não tem ligação direta com o conhecimento que ela possui, mas que desempenham papel importante em seu desenvolvimento. Deste modo, chamamos atenção para questões da aprendizagem escolar, atribuindo um valor significativo a ela. A aprendizagem escolar é responsável por produzir algo fundamentalmente novo no desenvolvimento da criança, principalmente no âmbito dos conteúdos operacionais que proporcionam um aprendizagem indireta, mas se constituem fundamentais para o desenvolvimento infantil.
Podemos entender a Primeira Infância e a Atividade Objetal Manipulatória, como um período crucial, onde a mediação é de extrema importância para propiciar à criança aprendizagem e desenvolvimento. Neste momento da vida, a criança começa a desenvolver o psíquico de maneira organizada, pois por meio da fala consegue começar a entender o mundo e a se relacionar melhor com o mesmo, além de iniciar a constituição do pensamento.
A criança no decorrer deste período, desenvolve também, por meio da mediação, todas as habilidades motoras , cognitivas e expressivas. A Atividade Objetal Manipulatória significa o início deste processo, onde inicialmente a criança apenas explora o objeto, depois ela aprende a utiliza-lo de acordo com a função para a qual ele foi criado pela sociedade, e por último, utiliza o objeto simulando que o mesmo é outro, ou seja, por meio da imaginação, uma caixa vira avião, nesta etapa além de já ter aprendido a função do objeto a criança ainda, o utiliza de forma criativa.
Portanto, o professor é figura determinante na formação da criança, pois é por meio da mediação, sistematização, orientação, que a criança adquirirá os conhecimentos construídos socialmente durante a história da humanidade. Segundo Vygotsky (1998) o professor deve apresentar tudo a criança, o que “[…] reafirma para a educação o desafio de possibilitar que as novas gerações se apropriem das máximas qualidades humanas criadas ao longo da história pelos homens e mulheres que nos antecederam.” (MELLO, 2007, p.12)
Artigo > Prof. Marcos L Souza
Pedagogo – Psicopedagogo – Historiador e Educador Musical