Como fazer uma boa atividade para Educação Infantil – Com a aprovação da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), um novo referencial surge para guiar essa tarefa e garantir que todas as crianças possam ter acesso aos direitos de aprendizagem esperados para sua faixa etária.
Selecionamos cinco dicas que podem auxiliar na preparação de uma boa atividade para os pequenos. As orientações são de Beatriz Ferraz, assessora pedagógica dos planos de atividade de Educação Infantil de NOVA ESCOLA. Beatriz falou sobre o tema durante a Virada de Autores de Educação Infantil e Língua Portuguesa, que acontece entre os dias 19 e 22 de junho, em Itapeva (MG).
Como fazer uma boa atividade para Educação Infantil
1. Proporcione uma experiência diversa em cada atividade
A Base traz cinco campos de experiências para a Educação Infantil e uma série de objetivos de aprendizagem para cada um deles. Mas isso não significa que estes devam ser tratados de forma isolada. De acordo com Beatriz, a forma como os campos estão apresentados na Base é um convite para, a cada atividade, acionar diferentes campos. “É importante que a gente reforce esse convite nas atividades para garantir ao máximo um planejamento rico considerado tudo que pode acontecer nos momentos com as crianças”, explica a assessora pedagógica.
Assim como no mundo adulto, na Educação Infantil, os pequenos podem viver experiências de diversos campos durante uma mesma atividade: os bebês podem se comunicar por balbucios e palavras, mas também por outras formas, como gestos ou garatujas. Ambas formas estão contempladas por objetivos de aprendizagem em diferentes campos de experiência. Uma boa atividade consegue explorar de forma articulada diferentes objetivos transpassando os campos de experiência.
2. Planeje, mas deixe espaço para as ideias trazidas pela turma
Quando for planejar uma atividade, leve em consideração a inteligência e curiosidade natural dos pequenos em explorar e encontrar soluções. “As atividades devem colocar em evidência essas características”, diz a especialista. “As crianças vão querer fazer de diferentes jeitos e vão ter muitas ideias. O professor, com base na observação de como elas interagem com a proposta, terá possibilidades para trabalhar não antes das ideias das crianças, mas a partir delas”, explica.
Se o professor estiver no controle total da atividade, não incluir os elementos que as crianças estão trazendo para aquele momento e direcioná-las para “as respostas” da exploração, a riqueza da experiência será prejudicada. “O professor precisa potencializar a curiosidade da criança e dar o tempo da experiência. Elas são capazes de criar conexões e serem ativas em sua aprendizagem”, defende Beatriz. A participação ativa das crianças é um dos elementos que devem estar previstos no planejamento do professor.
3. Garanta situações de convivência
Entre os elementos que Beatriz considera essenciais de estarem no planejamento estão as ações de convivência e as oportunidades das crianças se conhecerem. Esses momentos favorecem a construção de identidade, ampliam linguagens, o conhecimento sobre si, o outro e em relação às diferenças. No desenvolvimento da atividade, vale garantir espaço para que os pequenos possam se expressar sobre as situações que estão vivenciando em sala, seus sentimentos e suas dúvidas.
4. Crie interações de qualidade
O professor da Educação Infantil deve prever no planejamento – e garantir na execução da atividade – que as interações entre os pequenos, entre pequenos e adultos, com o espaço e com a atividade sejam de qualidade. Três atitudes embasam essa garantia: apoio emocional, apoio na aprendizagem e organização do espaço. “O apoio emocional é toda a relação que o professor estabelece com vínculo profundo e estável”, destaca Beatriz. “As aprendizagens se dão em contexto seguro e pleno entre adultos e crianças”. Neste processo, mostrar que acredita na criança, não banalizar suas descobertas e valorizar características como curiosidade e persistência ajudam no processo de aprendizagem. Também é necessário fazer um planejamento intencional dos materiais e espaços. Essa seleção é o que garante que as crianças terão autonomia e liberdade para agir e contribuam para enriquecer a proposta pensada inicialmente.
5. Preveja tempo para as atividades e não se esqueça da importância da rotina
O plano de atividade não deve influenciar a rotina dos pequenos. Horários como o do lanche ou de outras dinâmicas fixas devem ser mantidas e consideradas na hora do planejamento. “A rotina dá previsibilidade e isso é importante como segurança para eles estarem nos espaços escolares e construírem vínculos”, explica a especialista. Por isso, prever o tempo das atividades é essencial. Se a atividade tiver uma grande duração, considere quebrá-la em etapas.
Além de manter a rotina, para garantir que as crianças se sintam confortáveis com a dinâmica do espaço escolar e mais seguras em relação ao dia, vale estabelecer um contrato didático com elas, compartilhando a agenda do dia. Dessa forma, elas não se sentem ansiosas em relação ao que acontecerá na sequência e entendem a proposta de cada atividade. “Partilhar com elas qual é a proposta de cada atividade abre mais espaço para que a criança dê todo o potencial que ela poderia naquela situação”.
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