A pequena Sara Hinesley, 10 anos, não entende por que causa tanta surpresa ela ter ganho uma competição nacional de caligrafia. Afinal, ela apenas se esforçou e se dedicou muito, como os outros competidores, para faturar o prêmio.
Sara gosta de pintar, desenhar e esculpir barro. Ela domina tanto a escrita em inglês, como em mandarim, o idioma chinês. Quando a menina aprendeu a escrever em letra cursiva este ano, conta seus pais, disse ter achado “super fácil”.
Pouco importa o fato de que Sara tenha nascido sem as mãos. “Eu nunca ouvi essa menininha dizer: ‘Eu não posso’”, disse a professora Cheryl Churilla. “Ela é uma pequena estrela do rock. Domina qualquer assunto ou tarefa que dou pra ela, dá sempre o melhor de si.”
luna do terceiro ano da Escola Católica Regional St. John, em Frederick, Maryland (EUA), Sara ganhou no mês passado o prêmio Nicholas Maxim, o Campeonato Nacional de Caligrafia dos Estados Unidos, na categoria “letra cursiva”, reconhecidamente ‘redonda, reta e cirúrgica’ pelos jurados da competição.
O prêmio é concedido anualmente a dois alunos com necessidades especiais – um para redação impressa e outro para roteiro.
Sara nunca usou uma prótese. Quando lhe oferecem ajuda para facilitar alguma tarefa, como cortar papel com uma tesoura, ela rejeita, relata sua mãe, Cathryn Hinesley.
“Ela é bastante independente, sabe que é capaz e dá um jeito de sempre descobriu o seu próprio caminho”, disse Hinesley. “Além disso é uma garota linda, forte e poderosa à sua maneira, vivendo do seu jeito”, afirma a mãe, orgulhosa da filha.
Para escrever, Sara agarra o lápis entre os braços. Ela se concentra nas formas das letras, cada ponto e curva. Escrever em letra cursiva é como “criar uma obra de arte”, diz a menina.
“Eu gosto da maneira como as letras são formadas”, disse Sara. “É pura arte.”
Sara veio da China para os Estados Unidos há quatro anos, adotada por uma nova família. Quando chegou em solo americano, em julho de 2015, sua mãe disse que ela poderia falar e escrever em mandarim. No entanto, ela quis aprender inglês, e assim o fez rapidamente, com a ajuda da irmã, Verônica.
Durante o tempo livre, Sara gosta de desenhar “coisas que estão ao seu redor”, como girassóis. Ela curte nadar, brincar com a irmã Verônica, que também tem 10 anos, além de participar do clube de xadrez da escola. “Há muito pouco que ela não esteja disposta a tentar”, brinca a mãe.
“Sara é um testemunho da perseverança e do espírito humano”, disse Hinesley. “Todo dia eu fico impressionada com as coisas que ela é capaz de fazer e que ela escolhe fazer. Ela não tenta encontrar o caminho para evitar um obstáculo, ela encontra uma maneira de completar a tarefa.”
A menina participou no dia 13 de junho da cerimônia de premiação do Troféu Nicholas Maxim de Caligrafia com a presença da família e amigos. Além do troféu, ela levou uma bolada de US$ 500 (R$ 2 mil) para casa. Ela é a primeira aluna de sua escola a vencer o prêmio, segundo a diretora, Kathy Smith.
“Estamos muito animados e orgulhosos dela!”, afirmou a diretora.