O que é Transtorno Desafiador de Oposição? O Transtorno Desafiador de Oposição pode se manifestar em crianças e adolescentes como reações agressivas frequentes e discussões com professores
Alunos fazem birra, provocam os colegas, por vezes desobecedem aos adultos e têm manifestações explosivas de raiva. Entretanto, quando a desobiência é contínua às figuras de autoridade, e tais comportamentos começam a afetar de forma significativa as relações com colegas e professores e o desempenho na escola, pode ser sinal do chamado Transtorno Desafiador de Oposição (TDO).
O comportamento disruptivo na infância é a causa da maioria das indicações a serviços de psiquiatria infantil tanto no Brasil como em outros países e costuma se manifestar entre os 6 e 8 anos de idade, fase na qual os relacionamentos sociais ficam mais definidos. Um dado da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) indica que 50% dos pacientes atendidos em um centro de atenção e reabilitação para infância apresentavam queixa de comportamento disruptivo. Embora o tema careça de mais dados e pesquisas conclusivas, hoje diz-se que o Transtorno Desafiador de Oposição é uma combinação de fatores sociais, familiares e genéticos. Alunos que possuem familiares com o transtorno, histórico de abuso, que vêm de famílias conflituosas e que recebem atenção dos pais ou cuidadores de forma inconsistente, apresentam maior risco de manifestar os sintomas. Estatisticamente, crianças e adolescentes do sexo masculino têm maior propensão a manifestar o Transtorno.
A seguir, saiba como o Transtorno Desafiador de Oposição se manifesta nos relacionamentos interpessoais e no comportamento das crianças e jovens e como a escola em parceria com a família pode lidar com esses casos.
Relacionamentos interpessoais e o comportamento na escola
Os comportamentos que mais caracterizam o Transtorno Desafiador de Oposição na escola são:
- tentativa de irritar e perturbar as pessoas próximas
- culpar os outros por seus erros ou mau comportamento
- manipulação de pais e familiares
- comportamento antissocial, associado muitas vezes à recusa em trabalhar em grupo
- rejeição dos colegas
- impulsividade
- desobediência contínua às figuras de autoridade, como pais, professores e coordenadores
- desafio ou recusa em obedecer às regras e combinados estabelecidos
- discussão com professores e colegas e busca recorrente por confrontos verbais
- explosões de raiva frequentes
- baixa auto-estima
- resistir a aceitar ordens
- agressão emocional, atuando de forma opositiva ao que se espera
Na maioria dos casos, este tipo de transtorno traz mais sofrimento às pessoas próximas da criança e do adolescente do que a ela própria, pois ela costuma achar que está correta em suas atitudes agressivas e não as vê como intencionais.
Como lidar com Transtorno Opositivo Desafiador?
Os tratamentos mais indicados hoje são psicoterapias de diferentes abordagens – tanto individual, para a criança ou adolescente, como para a família. Nesse sentido, a terapia cognitivo-comportamental é apontada como mais eficaz. Um médico psiquiatra é o profissional da saúde responsável por avaliar se é o caso de tomar medicamento ou não. Programas de treinamento orientados para pais e que ensinam técnicas para auxiliar na educação e como gerenciar o comportamento dos filhos também são altamente indicados.
A parceria entre família e escola sobre como agir em casos de situações de potencial tensão para aquele aluno também é uma medida importante. No dia a dia, é importante que se estabeleçam alguns combinados entre pais ou responsáveis e educadores. Por exemplo: pais ou responsáveis devem utilizar a mesma linguagem para estabelecer limites aos filhos, evitando que um desautorize o outro, e que haja clareza e objetividade quanto às regras em cada local. Além disso, nessa parceria, professores e demais funcionários podem reconhecer os sintomas de um aluno e encaminhá-lo para acompanhamento psicológico ou psiquiátrico, mantendo esse diálogo aberto. A escola que já trabalha habilidades sociais por meio do aprendizado das competências socioemocionais também auxiliará o aluno a se desenvolver e construir outras formas de convivência, de comunicação e de percepção de si-mesmo.
Ana Carolina C D’Agostini é psicóloga e pedagoga com formação pela PUC-SP, especialização em psicologia pela Universidade Federal de São Paulo e mestre em Psicologia da Educação pela Columbia University. Trabalha com projetos em competências socioemocionais e é consultora do projeto de Saúde Emocional da Nova Escola.
Referências
Crianças com transtorno desafiador opositivo. Academia Americana de Psiquiatria Infantil e Adolescente. Acessado em 17 de julho de 2013.
Paulo, Marta Montovanelli de; Rondina, Regina de Cássia. Os principais fatores que contribuem para o aparecimento do Transtorno Desafiador Opositor. Revista Científica Eletrônica de Psicologia, v. 1, p. 1-7, 2010.
Pinheiro, Maria Antonia Serra. A eficácia em treinamento de pais em grupo para pacientes com transtorno desafiador de oposição: um estudo piloto. Revista de Psiquiatria Clínica, v.32, p. 68-72, 2005.