Beatriz Vieira da Silva Andrade, de 19 anos, moradora de Guarujá (SP), foi aprovada para o curso de Sistemas de Informação.
Uma rotina dividida entre trabalho, curso técnico, cursinho pré-vestibular e estudos em casa contribuiu para que a jovem Beatriz Vieira da Silva Andrade, de 19 anos, fosse aprovada na Universidade de São Paulo (USP) como 1ª colocada entre os alunos de escolas públicas para cursar Sistemas de Informação.
Ao g1, a moradora do Distrito de Vicente de Carvalho, em Guarujá, no litoral de São Paulo, contou que a rotina durante o ano passado foi muito exaustiva. “Passar foi surreal, uma coisa que eu não imaginava. Por mais que a gente estude muito, saiba o conteúdo, saiba como foi o resultado, a gente não confia 100%, sempre dá aquela insegurança”.
Segundo Beatriz, o interesse pela área surgiu aos 12 anos, inspirada no padrinho, que é da área de Tecnologia da Informação (TI). Por isso, ela optou por cursar o Ensino Médio junto ao curso técnico de informática no Instituto Federal de São Paulo (IFSP). “Acabei me interessando pela área mesmo sem conhecer. Estudei na federal e acabei gostando mesmo, e decidi continuar na área”.
Além da aprovação na USP, Beatriz foi aprovada no vestibular da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), para o curso de Análise e Desenvolvimento de Sistemas, e também teve um bom desempenho no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).
“Meus pais estão orgulhosos e postam tudo. Minha mãe adora postar as coisas no Facebook. Na quarta, saiu o resultado do Enem, e tirei 970 na redação. Ela é professora de português, e ficou feliz. No outro dia, saiu o resultado da Unicamp, tinha passado e ela postou. Na sexta, saiu a Fuvest, e ela postou de novo”, relembra.
Rotina de estudos
Beatriz revela que pedia para que o dia durasse o máximo possível, porque era muito cansativo, e ela queria, ao menos, conseguir descansar um pouco. Trabalhando no período da manhã e à tarde, a jovem fazia uma pequena pausa antes de iniciar os estudos para lanchar e tomar banho.
Após o término da aula, por volta das 22h, ela seguia até altas horas da madrugada fazendo revisões e listas de exercícios. “Em poucos momentos eu dormia mais que oito horas, geralmente eram seis. Eu só tinha esse tempo [para estudar], já que trabalhava o dia inteiro”.
Com uma rotina de seis a sete horas de estudos por dia, Beatriz aproveitava os fins de semana para torná-los produtivos. “Acordava cedo, limpava a casa, fazia tudo, começava a estudar bem cedo e parava de estudar só na hora do jantar, para ver se eu conseguia produzir mais”.
A jovem relembra uma ocasião em que foi viajar com a família, e que se sentia culpada por não estar estudando. “Eu não conseguia parar de estudar, levava o celular querendo fazer questão, e não conseguia ficar muito tempo sem estudar”.
Período delicado
Para Beatriz, o período do vestibular é algo muito delicado na vida do estudante. “Estou batendo bastante nessa tecla, e não quero romantizar esse processo. É algo muito desgastante. Não é só ter energia e motivação, é preciso ter cabeça”, analisa.
“Uma coisa que aprendi é que todo mundo tem que respeitar o próprio limite, sabe? E eu, muitas vezes, não respeitei. Para ter ideia, nas provas que começavam às 13h, eu estava fazendo revisão até 1h30, e chegava na porta da sala [antes da prova] lendo resumo”, diz.
Beatriz reforça que o período fica mais difícil ainda com a pressão que o vestibulando enfrenta. “Muita cobrança, e às vezes a família e os amigos não entendem o que está acontecendo”.
Mudança
Com a aprovação na USP, Beatriz irá estudar em São Carlos, no interior de São Paulo. Ela continuará conciliando o estudo com o trabalho, para conseguir pagar as despesas da república. “Eu estava nervosa de ir, mas agora estou tranquila para mudar. Fiquei muito tempo em casa, e perdi um pouco da minha bateria social”, avalia.
“A gente tem que sair da zona de conforto, sair do conforto da minha cama, e começar um novo ciclo. Estou animada e esperando que sejam quatro anos legais, e que eu consiga crescer bastante”, finaliza.