Recentemente, uma comissão da Câmara e outra do Senado autorizaram convites para Camilo Santana, o ministro da Educação, prestar esclarecimentos sobre determinadas questões envolvendo o agronegócio. Estas questões foram parte do Exame Nacional de Ensino Médio (Enem) realizado no último domingo, dia 5.
Essa decisão surgiu em resposta à ação da “bancada do agro” no Congresso, com os requerimentos recebendo aprovação nas comissões de Educação da Câmara e de Agricultura do Senado.
Inicialmente, Camilo Santana seria convocado — uma situação onde sua presença seria obrigatória —, mas a decisão foi alterada para um convite, tornando sua participação facultativa.
Na Comissão de Educação da Câmara, espera-se que Santana compareça em uma audiência marcada para o dia 22, que também contará com membros das comissões de Agricultura e Fiscalização e Controle da Casa. A data da audiência na Comissão de Agricultura do Senado ainda não foi definida.
Críticas a Questões
Este convite segue uma solicitação da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) para que o governo explique três questões específicas do Enem que, segundo a bancada, prejudicam a imagem do setor agropecuário brasileiro. Esta reação ocorreu dois dias após a prova.
A FPA divulgou uma nota pedindo a anulação das questões de número 89, 70 e 71 da prova de cor branca. O grupo alegou que as perguntas foram mal elaboradas, com base em fundamentos ideológicos, permitindo ao aluno escolher qualquer resposta conforme seu ponto de vista.
Além disso, a FPA já havia indicado a intenção de solicitar a presença de Camilo Santana no Congresso para esclarecimentos.
A questão 89 abordava aspectos negativos do agronegócio no Cerrado, incluindo temas como a “superexploração dos trabalhadores” e as “chuvas de veneno”, em referência ao uso de pesticidas.
Por outro lado, a questão 71 discutia a nova era da corrida espacial financiada por magnatas, enquanto a 70 focava no crescimento do cultivo de soja e o desmatamento na Amazônia.
Enem foi elaborado com critérios técnicos, diz Inep
Durante uma sessão na Comissão de Educação da Câmara nesta quarta-feira, Manuel Palácios, presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), declarou que o Enem 2023 foi estruturado com base em critérios técnicos e objetivos.
Palácios esclareceu que as questões foram desenvolvidas por educadores de ensino básico e acadêmicos selecionados ainda no governo de Jair Bolsonaro, em 2020.
“Estamos falando de professores escolhidos em 2020, que permanecem nessa função até os dias atuais. Se existe algum viés na seleção, ele já existe há algum tempo”, enfatizou o presidente do Inep, a instituição responsável pelo Enem.
Ele ainda reforçou que a seleção dos profissionais seguiu critérios públicos e objetivos, baseando-se unicamente em qualificações profissionais.