Sara de Souza Bastos, uma jovem de 20 anos, encontrou-se profundamente tocada pela realidade da sua mãe ao enfrentar o desafio da redação do Enem, em Ribeirão Preto, SP.
A Prova e a Emoção
No último domingo, dia 5, em Ribeirão Preto, SP, a jovem Sara de Souza Bastos foi tomada pela emoção ao discorrer sobre a invisibilidade da mulher no mercado de trabalho durante o Enem. A redação pedia que os candidatos elaborassem um texto argumentativo-dissertativo acerca dos “Desafios para o enfrentamento da invisibilidade do trabalho de cuidado realizado pela mulher no Brasil”.
Sara relatou que o assunto proposto era profundamente pessoal, pois remetia à vida de sua mãe, que, atuando como técnica de enfermagem, conciliava a vida profissional com a responsabilidade de criar sua filha sozinha.
Ela compartilhou:
“Conheço bem o tema, só que foi complicado, tratava-se da invisibilidade feminina, algo que é a realidade da minha mãe, e isso acabou gerando uma confusão de sentimentos em mim”, relata a estudante.
A Luta Materna
Sara foi criada por sua mãe, uma batalhadora oriunda do interior da Bahia. Mesmo com parentes em Ribeirão Preto, a mãe de Sara sempre fez questão de educar a filha por conta própria, sem querer incomodar os outros. Ela alternava entre seus afazeres domésticos e seus compromissos profissionais em Serrana, SP, e Ribeirão Preto.
“Minha mãe sempre batalhou para me proporcionar o melhor, conquistamos nossa casa própria, embora antes disso a gente tenha morado de aluguel e até mesmo de favor”, conta Sara.
Quando a mãe de Sara tinha 30 anos, ela decidiu se qualificar como técnica de enfermagem, uma jornada que exigiu dela uma imensa habilidade para equilibrar as obrigações do lar, os estudos e o trabalho.
“Minha mãe é um exemplo gigantesco para mim. Ela sempre me incentivou a ser mais e fazer mais, ela é realmente uma mulher extraordinária”, Sara expressa com admiração.
Atualmente, a mãe de Sara está afastada do trabalho para se dedicar ao tratamento de um câncer.
Aspirações e Desafios
Sara tem aspirações de adentrar no mundo dos negócios, almejando uma vaga no curso de administração em uma universidade pública. Ela já conquistou uma vaga em uma instituição privada através do vestibular, mas optou pelo desafio do Enem.
Ela está no último ano do ensino médio e acumula a responsabilidade de um estágio na área de recursos humanos. Sara comenta sobre a dificuldade do exame, mencionando os textos extensos e a deficiência na qualidade do ensino público como fatores complicadores.
A estudante critica a redução da carga horária de disciplinas essenciais em detrimento de matérias optativas, um movimento que, em sua opinião, pode agravar as desigualdades educacionais.
- “Anseio que, no próximo ano, os estudantes tenham oportunidades melhores. Como é possível ter êxito em uma prova tão importante sem ter acesso ao conteúdo integral que é exigido?”, questiona a estudante.
Enquanto encerra seu último ano do ensino médio, Sara enfatiza a dificuldade em conciliar trabalho e estudo, reiterando seu comprometimento com a educação:
“Ou eu trabalho ou estudo, tenho que me virar nos 30 para aprender no tempo que tenho livre”, conclui.