O que é: Certeza na Filosofia

O que é: Certeza na Filosofia

A busca pela certeza é uma das preocupações fundamentais da filosofia. Desde os tempos antigos, os filósofos têm se dedicado a investigar a natureza do conhecimento e a possibilidade de alcançar certeza em nossas crenças e opiniões. A certeza é um estado mental caracterizado pela ausência de dúvida ou hesitação, onde a pessoa tem total confiança na veracidade de uma afirmação ou na validade de um argumento. No entanto, a questão da certeza na filosofia é complexa e tem gerado debates e controvérsias ao longo dos séculos.

A busca pela certeza

A busca pela certeza remonta aos primórdios da filosofia ocidental, com os filósofos pré-socráticos e, posteriormente, com os filósofos clássicos como Platão e Aristóteles. Eles acreditavam que a verdade absoluta e a certeza poderiam ser alcançadas através da razão e do pensamento lógico. Para eles, a realidade era composta por ideias eternas e imutáveis, e a filosofia tinha como objetivo descobrir essas verdades universais.

No entanto, com o surgimento do ceticismo na filosofia grega, a ideia de certeza absoluta começou a ser questionada. Os céticos argumentavam que não podemos ter certeza de nada, pois nossos sentidos podem nos enganar e nossas crenças podem ser influenciadas por nossas experiências e emoções. Assim, a busca pela certeza se tornou um desafio para os filósofos.

O problema da indução

Um dos principais desafios para a certeza na filosofia é o problema da indução. A indução é um processo mental pelo qual generalizamos a partir de casos particulares para chegar a uma conclusão geral. Por exemplo, se observamos que todos os cisnes que vimos são brancos, podemos induzir que todos os cisnes são brancos. No entanto, o problema é que essa conclusão não é necessariamente verdadeira, pois pode haver cisnes de outras cores em lugares que ainda não visitamos.

David Hume, um filósofo escocês do século XVIII, argumentou que a indução não pode fornecer certeza, apenas probabilidade. Ele afirmou que não podemos ter certeza de que o futuro será como o passado, pois não temos evidências suficientes para fazer essa afirmação. Assim, a certeza na filosofia é questionada pela incerteza inerente ao processo de indução.

O ceticismo radical

O ceticismo radical é uma posição filosófica que nega a possibilidade de certeza em qualquer área do conhecimento. Segundo os céticos radicais, todas as nossas crenças e opiniões são incertas e não podem ser justificadas de forma absoluta. Eles argumentam que não podemos confiar em nossos sentidos, pois eles podem nos enganar, nem podemos confiar em nossas faculdades mentais, pois elas podem ser influenciadas por nossas emoções e desejos.

Essa posição cética tem sido defendida por filósofos ao longo da história, como Pirro de Élis, Sexto Empírico e Michel de Montaigne. Eles acreditavam que a busca pela certeza é fútil e que devemos nos contentar com a suspensão do juízo, ou seja, não afirmar nem negar nada.

O racionalismo e o empirismo

Dois dos principais movimentos filosóficos que abordaram a questão da certeza são o racionalismo e o empirismo. O racionalismo defende que a razão é a fonte primária do conhecimento e que podemos alcançar certeza através do pensamento lógico e da dedução. Para os racionalistas, a verdade é encontrada nas ideias inatas da mente humana.

Por outro lado, o empirismo argumenta que a experiência sensorial é a fonte do conhecimento e que a certeza só pode ser alcançada através da observação e da experimentação. Para os empiristas, a verdade é encontrada nas impressões sensoriais e nas relações causais que podemos observar no mundo.

A crítica de Kant

Immanuel Kant, um dos filósofos mais influentes da história, propôs uma solução para o problema da certeza. Ele argumentou que tanto o racionalismo quanto o empirismo são parcialmente corretos, mas também parcialmente equivocados. Segundo Kant, a certeza só pode ser alcançada através da combinação da razão e da experiência.

Kant afirmou que a razão nos fornece as estruturas conceituais necessárias para organizar nossas experiências, mas que essas estruturas são limitadas e não podem nos fornecer conhecimento absoluto. Por outro lado, a experiência nos fornece os dados sensoriais que preenchem essas estruturas, mas esses dados são interpretados pela razão e não podem ser conhecidos em si mesmos.

A certeza na ciência

A ciência é frequentemente considerada como uma fonte confiável de conhecimento e certeza. No entanto, mesmo na ciência, a certeza absoluta é difícil de alcançar. As teorias científicas são sempre provisórias e sujeitas a revisão e refutação com novas evidências.

No entanto, a ciência utiliza um método rigoroso de investigação baseado na observação, experimentação e análise crítica. Esse método permite que os cientistas acumulem evidências e cheguem a conclusões cada vez mais próximas da verdade. Embora a certeza absoluta possa ser inatingível, a ciência busca fornecer explicações confiáveis e verificáveis para os fenômenos naturais.

A certeza na vida cotidiana

Embora a certeza absoluta possa ser difícil de alcançar na filosofia e na ciência, a certeza desempenha um papel importante em nossas vidas cotidianas. A maioria de nossas ações e decisões é baseada em crenças e opiniões que consideramos certas.

Por exemplo, quando atravessamos a rua, temos a certeza de que os carros vão parar no sinal vermelho. Quando tomamos um medicamento, temos a certeza de que ele vai nos curar. Essas certezas são baseadas em nossa confiança nas leis da física, nas regras de trânsito e na eficácia dos medicamentos, entre outras coisas.

A importância da dúvida

Embora a certeza seja valorizada em muitos aspectos de nossas vidas, a dúvida também desempenha um papel importante na busca pelo conhecimento. A dúvida nos leva a questionar nossas crenças e a buscar evidências e argumentos que as justifiquem.

Ao questionar nossas certezas, podemos evitar o dogmatismo e a estagnação intelectual. A dúvida nos permite estar abertos a novas ideias e perspectivas, e nos encoraja a buscar a verdade através do questionamento e da reflexão crítica.

Conclusão

A certeza na filosofia é um tema complexo e desafiador. Embora a busca pela certeza absoluta possa ser difícil, a filosofia continua a explorar as possibilidades de conhecimento e justificação. A certeza na vida cotidiana desempenha um papel importante em nossas ações e decisões, mas a dúvida também é essencial para o progresso intelectual. Através do questionamento e da reflexão crítica, podemos buscar a verdade e expandir nosso conhecimento.