Alfabetização: como ensinar a ler e a escrever com método fônico
Alfabetização: como ensinar a ler e a escrever com método fônico |
Nesta semana, muitos professores e pais nos escreveram com dúvidas relacionadas à alfabetização e o uso do método fônico nesse processo. Por isso, preparamos para hoje uma publicação especial com explicação teórica sobre o método fônico e também dois exemplos práticos de atividades que podem ajudar no processo de alfabetização.
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Para começar, é importante ponderar que a criança precisa superar três desafios para ler e escrever com fluência:
- Descobrir o princípio alfabético, isto é, descobrir o fato de que as palavras são formuladas por fonemas (sons menores do que a sílaba) e que os fonemas, por sua vez, são representados por grafemas (letras);
- Aprender a decodificar, ou seja, aprender as relações entre os fonemas e os grafemas que os representam para extrair o som das palavras escritas;
- Aprender o princípio ortográfico, ou seja, as regras que regem a escrita das palavras.
O desenvolvimento da consciência fonêmica é a base para a descoberta do princípio alfabético. Consciência fonêmica refere-se à capacidade de identificar os segmentos de som que formam uma palavra. Esses seguimentos se chamam fonemas. O método fônico é a maneira de alfabetizar através dessa conscientização.
Usamos o termo “consciência” porque a criança (ou até mesmo o adulto, quando ele é analfabeto) não tem consciência desses elementos: é por meio de brincadeiras de rimas, assonâncias e aliterações que se toma consciência dos aspectos da palavra.
Todo pessoa que se alfabetiza adquire o princípio alfabético, ou seja, a ideia de que quando se muda uma letra da palavra, muda-se a pronúncia da palavra. Exemplo: se havia lago e mudou para mago, a criança percebe que mudou algo. Se havia pá e virou pé, ela percebe que muda a forma de escrever e de ler a palavra. Quanto mais cedo se adquire esse princípio, mais rapidamente acontece a alfabetização.
Se a criança não adquire a consciência fonêmica, ela pode pensar que as palavras são como desenhos, e passar a decorá-las (o que vai limitar muito seu vocabulário). Ou ela decora apenas as sílabas e compõe as palavras silabando, o que a torna um leitor ineficaz. Somente a tomada de consciência sobre os fonemas permite adquirir o princípio alfabético. Esse é o primeiro passo para uma alfabetização eficaz.
O sistema de escrita da Língua Portuguesa é o sistema alfabético. O alfabeto – composto por 26 letras – permite representar todos os fonemas que nós articulamos para falar qualquer palavra da nossa língua. Esses sons são divididos em vogais e consoantes:
Os fonemas da língua portuguesa | ||
Vogais orais | Vogais nasais | Consoantes |
/a/ /ê/ /é/ /i/ ô/ /ó/ /u/ | /am/ /em/ /im/ /om/ /um/ | /b/ /k/ /d/ /f/ /g/ /j/ /l/ /m/ /n/ /p/ /R/ /r/ /s/ /t/ /v/ /ch/ /z/ /lh/ /nh/ |
Para desenvolver a consciência fonêmica, o professor (ou o adulto que se propor a alfabetizar uma criança em casa) deve apresentar os sons das palavras, mas não de maneira mecânica e sem sentido. Seu objetivo deve ser fazer com que as crianças entendam que:
- as palavras têm sons: cada palavra tem um som diferente;
- as letras representam os fonemas (você vai usar com elas a palavra “sons”, para facilitar o entendimento);
- para mudar a palavra, precisa mudar uma ou mais letras;
- quando muda a letra, a palavra fica diferente, tem outro som;
- para ler, é preciso identificar os sons que as letras representam (analisar) e juntar (sintetizar) estes sons para formar a palavra. As técnicas básicas são duas: análise e síntese de fonemas, para formar a palavra – essa parte está detalhada mais abaixo.
Neste momento inicial, o objetivo ainda não é o de ensinar a criança a ler ou escrever com ortografia perfeita. Seu objetivo é ajudá-la, através de exercícios, a descobrir que há uma relação bastante sistemática entre os sons que ela ouve nas palavras e as letras que representam estes sons.
Antes de chegar ao fonema, pode-se usar as unidades de segmentação mais conhecidas das crianças: palavras e sílabas. Para ajudar nessa etapa, reproduzimos dois exercícios que ajudam a perceber a segmentação dos pedaços das palavras e a forma de juntar (análise) e separar (síntese) essas palavras:
1 – Síntese oral
Existem várias técnicas para ensinar os alunos a decodificar palavras. As mais comuns e mais eficazes são as técnicas de análise (decompor palavras em fonemas) e síntese (juntar fonemas para formar palavras). O objetivo dos exercícios de síntese oral é ajudar o aluno a compreender que palavras são formadas por unidades menores de som (fonemas e sílabas). O grande desafio é identificar os fonemas – que são a menor unidade sonora das palavras. São os fonemas que estão na base do código alfabético.
É mais fácil juntar pedaços de palavra (sílabas) do que fonemas individuais (letras), por isso, os exercícios que vamos propor aqui envolvem a decomposição de palavras em sílabas. Isso é apenas para ajudar a compreender que uma palavra tem som e dentro dela há pedacinhos. Mas os exercícios não podem parar por aqui e devem avançar para os fonemas.
EXEMPLO DE ATIVIDADE: DECOMPONDO PALAVRAS
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2 – Análise oral
A análise é o reverso da síntese. Analisar significa decompor, separar os fonemas (sons) que formam uma palavra. Isso ocorre tanto na leitura quanto na escrita: o código alfabético é reversível, transforma letras em sons e sons em letras. Ele funciona nas duas direções – por isso é importante apresentar os sons e as letras que os representam ao mesmo tempo. O processo de análise envolve:
- ouvir a palavra UAI, por exemplo
- identificar os sons /u/ /a/ /i/
Para ler e escrever, é preciso sempre analisar a síntese de fonemas. Por isso, estes dois exercícios (o de cima e o abaixo) sempre são feitos na sequência, para que a criança compreenda o processo de ida e volta: é assim que funciona o código alfabético.
EXEMPLO DE ATIVIDADE: OS SONS DOS NOSSOS NOMES
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Essas são apenas alguns exercícios que podem ajudar a desenvolver a consciência fonêmica. Eles não se encerram por aqui e, sozinhos, não são capazes de alfabetizar as crianças. O ideal é que os educadores ou pais dediquem-se ao estudo do método fônico para utilizar os princípios em atividades variadas no dia a dia.
A vantagem desse método é que ele é comprovadamente o mais eficaz na alfabetização, de acordo com evidências científicas. Além disso, pode ser utilizado também na alfabetização de adultos e com crianças com dificuldades de aprendizagem.
Fonte: Instituto Alfa e Beto
Acho excelente e pertinente as publicações. Mas me tirem uma dúvida. E os direitos de imagem. Muita gente fala que é ilegal utilizar essas atividades imprimindo para os alunos, que tem que pedir autorização por escrito aos autores. Daí fico na dúvida. Pode me esclarecer se vocês têm um termos de uso no site para os cadastrados dizendo até onde podemos copiar e utilizar as atividades.
Atenciosamente, Lêda Maria Barbosa.