Rubem Alves e suas contribuições para a educação
Rubem Alves e suas contribuições para a educação – De acordo com as leituras a respeito de Rubem Alves, a escola tem que levar em consideração a criança e não o adulto, desse modo permitindo que a mesma expresse seus anseios, vontades, indagações acerca do conhecimento a ser construído no ambiente escolar.
Rubem Alves e suas contribuições para a educação
Rubem Alves critica as propagandas de crianças deficientes, onde o intuito das mesmas era mostrar que era possível transformar crianças cegas em fazedoras de vassouras, ou seja, elas virariam seres sociais e receberiam reconhecimento público se, e somente se, fossem transformadas em meios de produção. “Conheço um mundo de artifícios de psicologia e de didática para tornar a aprendizagem mais eficiente. Mas as escolas não passam de instituições dedicadas à destruição das crianças.” (ALVES, 2001). Visto que as informações e os conhecimentos científicos são fáceis de encontrar (na internet e/ou nos livros), as escolas precisam ensinar os seus alunos a pensar, a aprender. É possível ver que suas teorias se aproximam da tendência escolanovista e renovadora da escola, na qual o lema é “aprender a aprender”.
O autor fala que o fracasso da educação brasileira pode ser visto como um sinal de esperança se comparado a um estômago exigente. Se estiver vomitando tudo, é porque sabe o que é bom, sabe que precisa melhorar o cardápio. O pior seria se a nossa educação aceitasse tudo, feito urubu. Desde cedo as crianças já aprendem que o tempo se divide em tempo de aflição e tempo de alegria, tempo de escola e tempo de férias, tempo de dor e tempo de prazer. Tem escolas que devoram as crianças em nome de rigor, de ensino apertado, de boa base, de preparo para o vestibular. Ninguém pensa em boa base em termos de prazer, alegria, espírito comunitário, sentimentos generosos e humanistas, sensibilidade artística entre outros. O que se vê é uma angústia geral e uma procura por escolas que apertam e desenvolvem o espírito individualista de competição e de deixar o outro para trás, como o exemplo do vestibular: Conhecimento idiota que a memória, sábia, se encarregará de vomitar o mais depressa possível. Dentro em breve nada mais restará. Apenas as cicatrizes. A ansiedade. Os olhares tristes e acusatórios dos pais. O dinheiro perdido. As recriminações. E o terrível sentimento de derrota. Como se a vida deixasse de fazer sentido, pois todos os rituais preparatórios diziam que entrar na Universidade era a única coisa que importava. Eles contam às cabeças que ficaram. Nada dizem daquelas que rolaram pelo chão. […] Os vestibulares instauram o ódio entre pais e filhos. (ALVES, 1980). Os exames vestibulares são como instrumentos de terror que determinam os rumos da educação com muito mais poder que todas as nossas leis. Rubem Alves (1980).
Rubem também estabelece certa relação com os temas do psiquismo, processos intelectuais, emoções, linguagem e atividades do desenvolvimento humano que foram desenvolvidos num segundo momento dos seus estudos. Segundo Vygotsky o homem não pode ser estudado separadamente de suas ações sociais: A teoria histórico-cultural é a denominação usualmente dada à corrente psicológica que explica o desenvolvimento da mente humana com base nos princípios do materialismo dialético cujo fundador é L. S. Vygotsky. (LIBÂNEO, 2004). O dever da escola é de ensinar conhecimentos científicos, porém o mesmo deve se relacionar com os conhecimentos do cotidiano. Para que ambos coexistam e torne o conhecimento científico no âmbito escolar mais fácil e prazeroso de ser estudado, sendo o professor o mediador deste conceito, envolvendo os alunos. Assim como Rubem Alves afirma, essa teoria parte do pressuposto de que os alunos percebam que o conhecimento que é adquirido nas escolas vai além do espaço da sala de aula. Entendendo que a educação não é uma ciência independente e que a escola faz parte da sociedade no geral. Agregando diversos tipos de culturas, raças e ideias tendo-os como desafios para satisfazer a todos, deixando de existir em si para si. Na educação, não basta apenas conhecer os dados e as informações de maneira isolada. Para que os conhecimentos adquiram sentido aos jovens, é necessário situá-los no contexto mais amplo. É necessário, pois, descobrir o que une os objetos de conhecimento entre si a fim de que tomem sentido no todo de que fazem parte. Umas das formas de promover o desenvolvimento da inteligência geral é, incentivar o aluno à curiosidade, à interrogação, à dúvida, à atividade crítica, mas também à solução de questões propostas pelas disciplinas escolares, cujo conteúdo, envolvendo a indução, a dedução, a discussão, pode ou não estar ligado à vivência do educando.
A teoria histórico-cultural de Vygotsky se baseia no método dialético da construção do conhecimento científico, onde o aluno no decorrer de sua vida cotidiana acumula conhecimentos e os leva para a vivência da escola, e inserido na prática escolar este aluno desaprende e reaprende de forma científica tudo aquilo que havido conhecido sem a intervenção de seu professor. Por meio deste processo, Vygotsky apresenta uma nova perspectiva sob a aprendizagem analisando que dessa maneira o professor leva a criança a pensar e explicar as questões, pois o professor trabalha com o aluno sendo um interventor de seu conhecimento.
Rubem Alves deixou inúmeras colaborações para com a educação, fazendo também um paralelo com a teoria histórico-cultural de Vygotsky e seus conceitos defendidos. Mesmo que Rubem Alves não escreva de forma direta para a educação, seu trabalho acaba se voltando para a mesma, devido a sua abordagem, sua linguagem humanística e espiritualista da educação. Segundo ele, o professor deve ser o mediador do conhecimento no processo de ensino-aprendizagem, fazendo com que o aluno aprenda a descobrir o mundo, para que se tenha paixão naquilo que se está aprendendo. Propõe que o educador olhe para cada aluno e suas respectivas especificidades, pois ele está lidando com humanos e não com números abstratos. Por isso, entendemos que Rubem Alves seja uma boa referência aos educadores a refletirem o seu fazer pedagógico e o dia a dia da atividade escolar.
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