Quem é: Austin, J.L. na Filosofia
Quem é Austin, J.L. na Filosofia
Austin, J.L., cujo nome completo é John Langshaw Austin, foi um filósofo britânico nascido em 1911 e falecido em 1960. Ele é conhecido por suas contribuições significativas para a filosofia da linguagem e a filosofia da ação. Austin foi um dos principais representantes do movimento filosófico conhecido como filosofia da linguagem ordinária, que busca entender a linguagem com base em seu uso cotidiano e prático.
Primeiros anos e formação acadêmica
Austin nasceu em Lancaster, Inglaterra, em 26 de março de 1911. Ele estudou na Shrewsbury School e, posteriormente, ingressou no Balliol College, em Oxford, onde se formou em Literae Humaniores, um curso que abrange filosofia, literatura clássica e história antiga. Durante seus estudos em Oxford, Austin foi influenciado por filósofos como G.E. Moore e Ludwig Wittgenstein, cujas ideias tiveram um impacto significativo em seu próprio trabalho filosófico.
Contribuições para a filosofia da linguagem
Austin é mais conhecido por seu trabalho na filosofia da linguagem, especialmente por sua teoria dos atos de fala. Em seu livro “How to Do Things with Words” (Como Fazer Coisas com Palavras), publicado postumamente em 1962, Austin argumenta que as palavras não são apenas instrumentos para descrever a realidade, mas também podem ser usadas para realizar ações. Ele identifica três tipos principais de atos de fala: atos locucionários, atos ilocucionários e atos perlocucionários.
Os atos locucionários referem-se ao simples ato de proferir palavras com significado gramatical. Por exemplo, quando dizemos “Está chovendo”, estamos realizando um ato locucionário, pois estamos expressando uma proposição verdadeira ou falsa. Já os atos ilocucionários são aqueles em que usamos as palavras para realizar ações, como prometer, ordenar ou perguntar. Por fim, os atos perlocucionários são aqueles em que usamos as palavras para influenciar o comportamento ou as crenças dos outros.
A crítica ao positivismo linguístico
Uma das principais contribuições de Austin para a filosofia da linguagem foi sua crítica ao positivismo linguístico, uma corrente filosófica que defendia a ideia de que a linguagem só pode ser usada para descrever fatos observáveis e verificáveis. Austin argumentou que essa visão limitada da linguagem não é suficiente para compreender sua complexidade e variedade de usos na prática cotidiana.
Ele mostrou que muitas vezes usamos a linguagem para realizar ações que não podem ser reduzidas a meras descrições de fatos. Por exemplo, quando dizemos “Eu prometo fazer isso”, não estamos apenas descrevendo uma intenção, mas também estamos realizando um ato de promessa. Austin argumentou que a linguagem é essencialmente performativa, ou seja, ela não apenas descreve a realidade, mas também a constitui e a transforma por meio de seus usos práticos.
A teoria dos jogos de linguagem
Outra contribuição importante de Austin para a filosofia da linguagem foi sua ideia de que a linguagem deve ser entendida como um “jogo” complexo, no qual as palavras adquirem significado por meio de seu uso em contextos específicos. Ele argumentou que não podemos entender o significado de uma palavra isoladamente, mas apenas em relação aos outros elementos do jogo de linguagem em que ela é usada.
Essa ideia foi posteriormente desenvolvida por filósofos como Wittgenstein e se tornou uma parte central da filosofia da linguagem ordinária. Segundo essa abordagem, o significado de uma palavra não é fixo ou universal, mas depende do contexto em que é usada e das convenções compartilhadas pelos falantes de uma determinada comunidade linguística.
Contribuições para a filosofia da ação
Além de suas contribuições para a filosofia da linguagem, Austin também fez importantes avanços na filosofia da ação. Ele argumentou que a ação humana não pode ser reduzida a meros movimentos físicos, mas envolve uma dimensão intencional e significativa. Austin propôs uma análise detalhada dos diferentes tipos de ações e das condições necessárias para que uma ação seja considerada bem-sucedida.
Ele também introduziu o conceito de “felicidade performativa”, que se refere à satisfação que sentimos quando nossas ações são bem-sucedidas e alcançam seus objetivos. Austin argumentou que a felicidade performativa é uma parte essencial da experiência humana e que a compreensão adequada da ação requer levar em consideração tanto seus aspectos físicos quanto seus aspectos intencionais e significativos.
Influência e legado
Austin teve uma influência significativa na filosofia contemporânea, especialmente na filosofia da linguagem e na filosofia da ação. Suas ideias foram amplamente discutidas e desenvolvidas por outros filósofos, como John Searle e Stanley Cavell. A abordagem da filosofia da linguagem ordinária, que Austin ajudou a estabelecer, continua sendo uma área de pesquisa ativa e influente na filosofia contemporânea.
Além disso, as ideias de Austin também tiveram um impacto significativo em outras disciplinas, como a sociologia e a antropologia. Sua ênfase no uso prático da linguagem e na importância do contexto social e cultural influenciou a forma como essas disciplinas entendem a comunicação humana e a construção da realidade social.
Conclusão
Austin, J.L. foi um filósofo britânico cujas contribuições para a filosofia da linguagem e a filosofia da ação tiveram um impacto duradouro na filosofia contemporânea. Sua crítica ao positivismo linguístico e sua teoria dos atos de fala abriram novas perspectivas para o estudo da linguagem e da ação humana. Sua abordagem da filosofia da linguagem ordinária e sua ênfase no uso prático da linguagem continuam a influenciar o pensamento filosófico e outras disciplinas relacionadas. Austin deixou um legado importante e seu trabalho continua a ser objeto de estudo e debate na filosofia contemporânea.