Crônica e suas características textuais
MODALIDADE / NÍVEL DE ENSINO | COMPONENTE CURRICULAR | TEMA |
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Educação de Jovens e Adultos – 2º ciclo | Língua Portuguesa | Linguagem escrita: leitura e produção de textos |
Educação de Jovens e Adultos – 2º ciclo | História | Cidadania e cultura contemporânea |
Educação de Jovens e Adultos – 1º ciclo | Língua Portuguesa | Leitura e escrita de texto |
Educação de Jovens e Adultos – 1º ciclo | Língua Portuguesa | Linguagem oral |
Educação de Jovens e Adultos – 1º ciclo | Estudo da Sociedade e da Natureza | Educando e o lugar de vivência |
O que o aluno poderá aprender com esta aula
• Interessar-se pela leitura e escrita como fontes de informação, aprendizagem, lazer e arte.
• Desenvolver estratégias de compreensão e fluência na leitura.
• Expressar-se por escrito com eficiência e de forma adequada a diferentes situações comunicativas.
• Analisar características da Língua Portuguesa e marcas lingüísticas de diferentes textos, interessando-se por aprofundar seus conhecimentos sobre a língua.
• Conhecer textos narrativos identificando elementos como título, personagens, complicação e desfecho.
• Ler contos e crônicas, identificando narrador, personagens, enredo.
• Conhecer o gênero textual crônica: forma composicional, função, linguagem e contexto de circulação.
• Produzir uma crônica a partir de um modelo.
Duração das atividades
Conhecimentos prévios trabalhados pelo professor com o aluno
– Noções básicas de consulta a dicionários.
Estratégias e recursos da aula
- Aula interativa com apresentação das opiniões e debate;
- consulta ao dicionário;
- dramatização;
- produção de texto;
- trabalho em grupo.
DESENVOLVIMENTO
Atividade 1: Preparando uma dramatização
1. O professor combinará com dois alunos para representarem o diálogo entre os personagens do texto abaixo e ele próprio fará o papel do narrador. É importante planejar a apresentação.
OBS: Os alunos selecionados levarão o texto com antecedência para casa, para estudo.
2. O professor realiza a apresentação do diálogo.
– BILTRE!
– O que?
– Biltre! Sacripanta!
– Traduz isso para o português.
– Traduzo coisa nenhuma. Além do mais, charro! Onagro!
Parei para escutar. As palavras jorravam de um Ford de bigode. Quem as proferia era um senhor idoso, terno escuro, fisionomia respeitável, alterada pela indignação. Quem as recebia era um garotão de camisa esporte, dentes clarinhos emergindo da floresta capilar, no interior de um fusca. Desses casos de toda hora: o fusca bateu no Ford. Discussão. Bate-boca. O velho usava o repertório de xingamento de seu tempo e de sua condição: professor, quem sabe? Leitor de Camilo Castelo Branco. Os velhos xingamentos. Pessoas havia que se recusavam a usar o trivial das ruas e botequins, e iam pedir a Rui Barbosa, aos mestres da língua, expressões que castigassem fortemente o adversário. Esse material seleto vinha esmaltar artigos de polêmica (polemizava-se muito, nos jornais do começo do século), discursos políticos e um pouco os incidentes de calçada.
ANDRADE, Carlos Drummond de. Modos de xingar, In: Poesia e prosa. 5ª ed. Rio de Janeiro: Nova Aguiar, 1979, p. 1411/1413.
Acessado em 05.09.2009: http://albiofabian.blogspot.com/2008/11/modos-de-xingar.html
3. Após a apresentação, o professor propõe uma discussão a partir das questões:
a) Qual o assunto do texto?
b) Vocês compreenderam as palavras usadas por eles?
c) Queriam ser chamados daquela forma? Por quê?
OBS: Espera-se que os alunos percebam que, mesmo não sabendo o significado delas, pelo contexto, coisa boa não era.
d) O professor escreve no quadro as palavras: Biltre- Sacripanta- Charro – Onagro- e solicita que os alunos levantem hipóteses sobre o significado de cada uma delas. OBS: As hipóteses levantadas pelos alunos deverão ser registradas no quadro.
e) Após ouvir e registrar as hipóteses levantadas pelos alunos sobre o significado das palavras do texto, o professor propõe a consulta ao dicionário.
Biltre: s.m. Homem desprezível, tratante, patife; salafrário, safardana.
http://www.dicio.com.br/biltre/
Sacripanta: adj. e s.m. e s.f. Velhaco, patife, capaz de todas as violências e indignidades; pessoa desprezível. http://www.dicio.com.br/sacripanta/
Charro: adj. Tosco, grosseiro, rude.
http://www.dicio.com.br/charro/
Onagro: s.m. Mamífero ungulado selvagem, do Irã e da Índia, intermediário entre o cavalo e o asno. / Burro, jumento. / Balista utilizada
http://www.dicio.com.br/pesquisa.php?q=Onagro
Atividade 2: Discutindo o gênero textual crônica
1- O professor entrega uma cópia do texto apresentado anteriormente e propõe que os alunos discutam as questões:
a) Que texto é esse?
b) Onde normalmente encontramos esse texto?
c) Como ele se organiza?
d) Qual o provável leitor desse texto? OBS: Espera-se que os alunos consigam identificar esse texto como sendo uma crônica. Caso isso não aconteça, o professor pode fazer as intervenções necessárias.
2- A partir da discussão anterior e com o objetivo de sistematizar o conhecimento sobre o gênero textual crônica, o professor coloca no quadro as informações abaixo, propondo que os alunos, relendo o texto, as identifiquem no mesmo.
As características abaixo foram citadas por vários autores que tentaram entender a crônica enquanto estilo literário:
- Ligada à vida cotidiana;
- Narrativa informal, familiar, intimista;
- Uso da oralidade na escrita: linguagem coloquial;
- Sensibilidade no contato com a realidade;
- Síntese;
- Diz coisas sérias por meio de uma aparente conversa fiada;
- Uso do humor;
- Brevidade;
- É um fato moderno: está sujeita à rápida transformação e à fugacidade da vida moderna.
http://www.sitedeliteratura.com/Teoria/Caracteristicas.htm
3- O professor entrega uma cópia do texto abaixo propondo a leitura do mesmo e após a leitura, o professor solicita que os alunos, identifiquem no texto, as partes que se referem à época em que aconteceu o fato mencionado na crônica. Ford Modelo T, conhecido no Brasil como Ford de Bigode, foi o produto da fábrica estadunidense que popularizou o automóvel e revolucionou a indústria automobilística. Vigésimo projeto da marca, a partir de 1903, foi produzido por 19 anos entre os anos de 1908 e 1927.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:TModel_launch_Geelong.jpg
4. O professor propõe que os alunos discutam o significado das palavras e expressões abaixo, procurando identificar a quais palavras e expressões essas corresponderiam nos dias atuais.
a) floresta capilar:
b) usar o trivial das ruas e botequins:
c) expressões que castigassem fortemente o adversário:
d) material seleto:
e) incidentes de calçada:
Atividade 3: Produzindo uma crônica
a) O professor divide a turma em grupos e propõe que relembrem algum “incidente de calçada” que já viveram ou presenciaram. Dos “incidentes” lembrados pelo grupo, a equipe deverá escolher um.
b) Em seguida, o professor retoma as características de uma crônica trabalhadas na segunda atividade dessa aula, solicitando que o grupo escreva uma crônica a partir do “incidente de calçada”escolhido pela equipe.
c) O professor socializa as produções, faz os comentários necessários, sistematizando o conhecimento sobre o gênero textual crônica.
Atividade 4 Ampliando conhecimentos
1- O professor retoma a frase do texto: “Leitor de Camilo Castelo Branco” e questiona: Quem será Camilo Castelo Branco citado na crônica? OBS: Espera-se que os alunos percebam que ele foi um escritor em função da pista linguística contida na frase.
2- Quem já leu algum livro dele?
3- O professor apresenta a biografia de Camilo Castelo Branco
Camilo Ferreira Botelho Castelo Branco (Lisboa, 16 de Março de 1825 — São Miguel de Seide, 1 de Junho de 1890) foi um escritor português. Camilo foi romancista português, além de cronista, crítico, dramaturgo, historiador, poeta e tradutor.
Principais Obras
Anátema (1851)
Mistérios de Lisboa (1854)
A Filha do Arcediago (1854)
Livro negro de Padre Dinis (1855)
A Neta do Arcediago (1856)
Onde Está a Felicidade? (1856)
Um Homem de Brios (1856)
Lágrimas Abençoadas (1857)
Cenas da Foz (1857)
Carlota Ângela (1858)
Vingança (1858)
O Que Fazem Mulheres (1858)
O Morgado de Fafe em Lisboa (Teatro, 1861)
Doze Casamentos Felizes (1861)
O Romance de um Homem Rico (1861)
As Três Irmãs (1862)
Amor de Perdição (1862)
Memórias do Carcere (1862)
Coisas Espantosas (1862)
Coração, Cabeça e Estômago (1862)
Estrelas Funestas (1862)
Cenas Contemporâneas (1862)
Anos de Prosa (1863)
Aventuras de Basílio Fernandes Enxertado (1863)
O Bem e o Mal (1863)
Estrelas Propícias (1863)
Memórias de Guilherme do Amaral (1863)
Agulha em Palheiro (1863)
Amor de Salvação (1864)
A Filha do Doutor Negro (1864)
Vinte Horas de Liteira (1864)
O Esqueleto (1865)
A Sereia (1865)
A Enjeitada (1866)
O Judeu (1866)
O Olho de Vidro (1866)
A Queda dum Anjo (1866)
O Santo da Montanha (1866)
A Bruxa do Monte Córdova (1867)
A doida do Candal (1867)
Os Mistérios de Fafe (1868)
O Retrato de Ricardina (1868)
Os Brilhantes do Brasileiro (1869)
A Mulher Fatal (1870)
A Infanta Capelista (1872) (conhecem-se apenas 3 exemplares deste romance porque D.Pedro II pediu a Camilo para não o publicar, uma vez que versava sobre um familiar da Família Real Portuguesa e da Família Imperial Brasileira)
O Carrasco de Victor Hugo José Alves (1872)
O Regicida (1874)
A Filha do Regicida (1875)
A Caveira da Mártir (1876)
Novelas do Minho (1875-1877)
Eusébio Macário (1879)
A Corja (1880)
A senhora Rattazzi (1880)
A Brasileira de Prazins (1882)
O Arrependimento
O Assassino de Macario
D. Antonio Alves Martins: bispo de Vizeu
Folhas Caídas
O General Carlos Ribeiro
A Gratidão Luiz de Camões
Sá de Miranda
Salve, Rei!
Suicida
O vinho do Porto
Voltareis ó Cristo?
Theatro comico: A Morgadinha de Val d’Amores
Entre a flauta e a Viola
A espada de Alexandre
O Condenado: drama
Como os anjos se vingam: drama
As obras cujos títulos estão negritados, poderão ser consultadas no endereço abaixo:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Camilo_Castelo_Branco#Principais_Obras
4- O professor fará uma seleção das obras de Camilo Castelo Branco e planejará com a turma a HORA DA LEITURA, que deverá acontecer pelo menos uma vez por semana. Nessa atividade, o professor será o leitor mas poderá combinar com a turma a participação dos alunos como leitores também.
OBS: É importante ressaltar que a HORA DA LEITURA é um momento para se ouvir histórias desenvolvendo o gosto pela leitura. Não é atividade para ser avaliada.
Recursos Complementares
Avaliação
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