Alfabetizar na EJA: o que muda no planejamento das aulas?

Alfabetizar na EJA: o que muda no planejamento das aulas?
Alfabetizar na EJA: o que muda no planejamento das aulas?
A defasagem na escolaridade leva muitos alunos a procurarem a Educação de Jovens e Adultos (EJA). Em geral, este público é atendido por professores formados para atuar no Ensino Fundamental e que costumam trabalhar paralelamente com as crianças das turmas regulares. Apesar de o currículo ser essencialmente o mesmo, quem frequenta a EJA já é adulto e busca outra finalidade com os estudos. Por isso, o professor precisa fazer adaptações na escolha dos temas, na abordagem e no tratamento que dá à turma. 
Segundo a Proposta Curricular em Educação Para Jovens e Adultos do Ministério da Educação, quem trabalha neste segmento deve conhecer os alunos “suas expectativas, sua cultura, as características e problemas de seu entorno e suas necessidades de aprendizagem”. Respeitar a realidade do estudante é fundamental em todos os níveis de ensino, mas ganha uma importância ainda maior quando eles já são experientes. É preciso levar em conta a bagagem da turma. O papel do educador na EJA é, principalmente, o de ajudar o adulto a perceber mais sensivelmente o mundo que o cerca e ampliar o repertório dos alunos para que consigam solucionar questões do cotidiano com mais propriedade.

Segundo a Proposta Curricular em Educação Para Jovens e Adultos do Ministério da Educação, quem trabalha neste segmento deve conhecer os alunos “suas expectativas, sua cultura, as características e problemas de seu entorno e suas necessidades de aprendizagem”. Respeitar a realidade do estudante é fundamental em todos os níveis de ensino, mas ganha uma importância ainda maior quando eles já são experientes. É preciso levar em conta a bagagem da turma. O papel do educador na EJA é, principalmente, o de ajudar o adulto a perceber mais sensivelmente o mundo que o cerca e ampliar o repertório dos alunos para que consigam solucionar questões do cotidiano com mais propriedade.

A professora Miriam Capitânio Macgnani, da EM Madre Celina Polci, em São Bernardo do Campo (SP), dá aulas para uma turma de 19 alunos que trabalham na construção civil. Eles fazem parte de um projeto da prefeitura e frequentam a escola durante o expediente para elevar o grau de escolaridade e aprimorar os conhecimentos da profissão. Além das aulas regulares, são acompanhados por um professor de nível técnico. 

Para aproximar os conteúdos curriculares da realidade dos alunos, Miriam propôs uma pesquisa sobre diferentes tipos de construção e suas funções. Como muitos vivem em moradias irregulares, o impacto destes ambientes na sociedade, na natureza e na saúde dos estudantes é debatido em sala, com o apoio de fotos do acervo municipal.

Em outra ocasião, uma das estudantes, de 27 anos, contou que já estava na nona gestação apesar da pouca idade. Ciente que o tema era familiar ao resto do grupo, a professora preparou uma aula sobre métodos contraceptivos e saúde da mulher, que contou com boa participação da turma. “Contextualizo o conteúdo porque o aprendizado para eles têm que ser significativo, afinal buscam a escola para mudar a própria vida”, explica a docente.

Muitos dos alunos de Miriam ainda não sabem ler. Para alfabetizá-los a Secretaria de Educação desenvolveu um material exclusivo. Na hora de propor aos alunos a escrita de uma lista de palavras, por exemplo, ela opta por termos relacionados ao cotidiano da construção civil. Esta é uma escolha importante, já que aquilo que é utilizado na alfabetização dos pequenos, como parlendas e listas com nomes de animais, não serve para os adultos. O trato infantilizado é, inclusive, um dos motivos que afastam os alunos da EJA da escola e pode ser apontado como uma das causas para a queda de 6% nas matrículas, revelada no último Censo Escolar. Uma dica é substituir estes textos por poesias ou letras de músicas conhecidas. 

Assim como o planejamento das aulas é diferente, as dificuldades também mudam do Ensino Fundamental nas turmas regulares e nas turmas de EJA. Miriam observa que, ao contrário das crianças, os adultos têm mais medo de errar, principalmente na hora de formular hipóteses de escrita. Em entrevista à NOVA ESCOLA a pesquisadora Sandra Medrano, coordenadora pedagógica do Centro de Educação e Documentação para Ação Comunitária (CEDAC), explicou que este receio tem um motivo. Em geral, este aluno tem mais dificuldade para compreender que escrever “errado” ou não conseguir ler todas as palavras é uma maneira de alcançar o acerto. A sugestão é que o professor mostre que o mais importante, no caso da alfabetização, é pensar sobre o sistema de escrita, o que inclui refletir e discutir sozinho e com os colegas quais letras usar e em que ordem, quais palavras são familiares e o que pode ser referência para escrever algo novo.
RETIRADO DO SITE: NOVAESCOLA
ESCRITO POR: Camila Camilo