Entenda a diferença entre os métodos escolares
Entenda a diferença entre os métodos escolares |
Nas últimas décadas a forma de ensinar e aprender mudou bastante e isso se reflete no dia a dia das escolas. Mas nem sempre é fácil entender as diferenças entre os métodos utilizados. Para começo de conversa, é um engano reduzir os conceitos, como os que dizem que “na escola tradicional existe disciplina, enquanto que na escola construtivista não há tantos limites e o aluno faz o que quer”.
Na educação de hoje podemos falar de uma tendência: um modelo de ensino está dando lugar a outro. Quem sai de cena é o ensino focado no excesso de conteúdos, com matérias distantes da realidade concreta, no qual o professor expõe conceitos para todos ao mesmo tempo e os estudantes são obrigados a decorar para passar nas provas – momentos quase sempre estressantes, já que a nota é um instrumento de controle.
Em seu lugar, as escolas têm buscado cada vez mais um método que dedica tempo à formação de qualidade, sem correria para cumprir o programa. Em vez de dar tantos conteúdos, o foco é preparar para a vida. Por isso, questões de cidadania e ética fazem parte do currículo. Mais do que decorar coisas, o objetivo é aprender o sentido das do que se aprende, ensinar a pensar. Esse método não é massificador, e sim personalizado, respeitando os ritmos dos estudantes e o jeito de aprender de cada um.
Quando uma escola tem como proposta atender o aluno de forma personalizada, a ideia é potencializar os talentos da criança e do jovem, de forma global (intelecto, dimensão afetiva, física, etc. Essa teoria se aplica em práticas bem concretas, como por exemplo:
– Atividades que estimulem a autonomia, por exemplo, não só mandando o aluno fazer coisas, mas envolvendo-o na organização e planejamento de trabalhos e pesquisas, para que os estudantes exerçam a iniciativa e a liberdade de escolha.
– Atividades em que os estudantes possam exercitar a sua capacidade de comunicação e expressão, num processo de abertura para os demais e empatia.
– Interesse da escola em conhecer de perto seus estudantes e suas famílias: quem são, o que pensam, o que fazem, o que esperam, como é a sua vida.
– Elaboração de um plano de desenvolvimento para a turma e para cada aluno.
– Avaliação personalizada, adaptada às possibilidades e ao ritmo do estudante.
– Oferta de atividades comuns a todos e outras opcionais.
– Atenção do professor a todos os estudantes e a cada um em particular, em vez de se dedicar prioritariamente àqueles que avançam mais rapidamente.
Vale dizer que, hoje, praticamente não existem escolas só “tradicionais” ou, por outro lado, totalmente “avançadas”. Prova disso é o caso das escolas religiosas: embora o imaginário social as associe ao rigor e à excessiva disciplina, a maior parte delas vem incorporando as novas tendências às suas práticas, com flexibilidade e inovação. Da mesma forma, é um engano considerar que nas escolas mais modernas não há regras. As boas escolas buscam o equilíbrio e aproveitam o melhor de cada método.
Aqui você tem um resumo bem simples de algumas das linhas pedagógicas. Mas atenção: não entenda esta lista como uma descrição exata do que acontece em escolas com essa denominação. Há muitas nuances e, além disso, muitas escolas costumam aplicar uma combinação de duas ou mais dessas teorias.
Tradicional – Ênfase no conteúdo. O professor é o transmissor do conhecimento. Rigidez quanto a normas e conduta disciplinar.
Construtivista – Organiza a aprendizagem de acordo com as etapas do desenvolvimento mental. Privilegia atividades que levam o estudante a aprender a aprender. Valoriza os conhecimentos anteriores que o aluno traz.
Sócio-interacionista – Similar ao construtivismo, com ênfase na dimensão sociocultural do estudante. Dá importância ao contexto em que se aprende. Foco em atividades de grupo, na linguagem e no relacionamento interpessoal.
Waldorf (Antroposófica) – Busca o desenvolvimento físico, individual, social e emocional. Os alunos são agrupados por idades e não necessariamente por séries, portanto não há o conceito de “repetir de ano”. Há ensino de outros conteúdos além dos acadêmicos, como música e artes plásticas. A avaliação dos alunos é baseada nas atividades diárias e envolve habilidades sociais e virtudes como interesse e força de vontade. O objetivo é formar um adulto equilibrado e seguro.
Montessoriano – Busca desenvolver o senso de responsabilidade da criança pelo próprio aprendizado. O ensino é ativo, enfatiza os exercícios de concentração individual e, nas fases iniciais, estimula a manipulação e montagem de objetos. O professor é entendido como um guia que ajuda as crianças a superar as dificuldades.
Freireano (Paulo Freire) – Parte do princípio de que os conteúdos precisam fazer sentido para o estudante, com palavras que carreguem conceitos importantes para sua vida: trabalho, tijolo, salário. Entende que a educação é um instrumento de conscientização política. Estimula a valorização do saber do aluno e o diálogo.
Logosófico – Baseia-se nos conceitos da Logosofia, que busca promover o conhecimento de si mesmo, a integração do espírito com as leis universais e o domínio das funções de aprender, ensinar, pensar e realizar. A pedagogia se baseia no conhecimento e no afeto. Objetiva libertar as faculdades mentais para que o sujeito compreenda os verdadeiros objetivos da vida e se sinta motivado e mais consciente de seus atos.
Ao matricular os filhos, é preciso conhecer como tais métodos são aplicados na prática e, ao longo do ano letivo, entender os objetivos das atividades propostas, para apoiar a formação do estudante.
Vale lembrar: não há um método mais eficaz do que todos os outros por excelência. Cabe aos pais entender qual estilo se adapta melhor às necessidades do seu filho, em cada etapa de sua formação. Uma dica: se ele estiver feliz, satisfeito, interessado em ir à escola e em aprender, contando coisas positivas com entusiasmo, é um sinal de que a escolha foi boa.