Açúcar e Hiperatividade na infância: Essa relação existe?
O açúcar realmente contribui para a hiperatividade na infância, ou isso é mito? E o famoso “copo de água com açúcar” para acalmar, não contradiz essa suposição?
A resposta é: até o momento não existem pesquisas científicas que confirmem a veracidade dessa afirmação.
Açúcar e Hiperatividade na infância: Essa relação existe? |
A ciência está em constante evolução, e sempre surgem novas teorias sobre um mesmo objeto de estudo. Muitas pesquisas já foram realizadas com o objetivo de identificar a influência do açúcar no sistema nervoso, mas nada se comprovou até agora.
Especialistas afirmam que o chocolate, por conter cafeína, pode sim estimular o sistema nervoso, mas não o açúcar como elemento isolado.
A euforia das crianças diante de uma mesa de doces envolve mais o fator emocional, já que se trata do sabor que elas mais apreciam. Os pequenos tendem a ficar agitados e entusiasmados, quando estão em atividades prazerosas, e saborear um bolo ou um sorvete, uma bala ou pirulito, certamente os deixa mais alegres. Longe de ser classificado como um quadro de hiperatividade.
Nos dias atuais, o transtorno de hiperatividade se popularizou, ganhou notoriedade, e é comum que as pessoas desconfiem que seus filhos, ou alunos, estejam manifestando sinais e sintomas desse quadro.
“Essa criança não para quieta, é muito agitada, será que não é hiperativa?”
Adultos: deixem as crianças serem crianças. Eles precisam pular, correr, brincar o tempo todo, gastar energia. Existe uma longa distância entre o pique da infância e a inquietação do Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade.
Esse transtorno existe sim, mas estudos sobre sua prevalência indicam que, no Brasil, menos de 5% das crianças e adolescentes sofrem, de fato, com esse quadro. Digamos que é um número relativamente pequeno em contraste com a quantidade de crianças que são encaminhadas aos consultórios médicos, apenas porque são agitadas.
Será que os adultos não estão querendo “adultizar” as crianças? Será que a correria da sociedade moderna não está fazendo com que os pais tenham menos paciência para lidar com a “bagunça” dos filhos, e menos disposição para acompanhá-los nas brincadeiras?
O cenário que se configura, hoje, é bem diferente do que se vivia nas décadas passadas. As crianças já não tem liberdade para brincar na rua, até entardecer, seja pela violência que deixa os pais inseguros de deixarem seus filhos livres, seja pela tecnologia que aprisionou as pessoas dentro de suas casas.
As crianças precisam extravasar, de alguma forma, toda a vivacidade que elas contêm. Se não podem fazer isso ao ar livre, em espaço amplo, através de brincadeiras e atividades que gastem energia, provavelmente irão direcionar todo esse vigor às aventuras que puderem criar dentro de casa, em espaços limitados.
Os pequenos estão, constantemente, em busca de novidades, na ausência de tarefas que prendam a atenção deles, obviamente vão ficar entediados, e procurar por algo novo. Ordenar a uma criança pequena que fique quieta, é como dizer a um adulto para parar de pensar. É inevitável, é impossível, foge ao controle.
Mas, voltando ao açúcar: não, não existem evidências de que os doces sejam vilões e afetem o comportamento das crianças, com exceção do chocolate, por causa da cafeína, como já foi dito.
Em todo o caso, não é recomendável “entupir” os pequeninos de açúcar. Não é um alimento saudável, não fornece nutrientes necessários para o organismo, pode causar cáries, obesidade, diabetes e demais doenças associadas ao seu consumo.
Como cada organismo manifesta suas próprias reações diante de cada alimento ingerido, também é válido observar como a criança reage após o consumo do açúcar. Se notar que existe alguma alteração significativa no comportamento, tome as precauções necessárias e retire os doces do cardápio, ou ao menos reduza as quantidades.
Recapitulando: evite dar doces aos seus filhos, se achar que isso pode prejudicá-lo (e em partes, pode); não acredite que toda a agitação é sinônimo de Transtorno de Hiperatividade, é necessário um diagnóstico minucioso para comprovar esse quadro; e o principal: deixe a criança aproveitar essa fase da vida em que a principal função dela é brincar!