A aquisição da linguagem na perspectiva behaviorista
A aquisição da linguagem na perspectiva behaviorista – O termo ‘behaviorismo’ é oriundo da língua inglesa, na qual a palavra behavior significa comportamento.
A aquisição da linguagem na perspectiva behaviorista
O Behaviorismo, também conhecido na literatura como Comportamentalismo, é uma abordagem psicológica de estudo do comportamento animal humano e não humano surgida nos meios acadêmicos dos Estados Unidos no começo do século XX, que dominou a maior parte da psicologia norte-americana entre os anos de 1920 e 1960. John B. Watson (1878-1958) é considerado o principal fundador da escola behaviorista. Suas ideias, que passaram a receber maior atenção na comunidade acadêmica a partir de 1913, tomaram como base os estudos desenvolvidos pelo cientista russo Ivan P. Pavlov (1849-1936) e tornaram-se conhecidas como Behaviorismo Metodológico. Outro importante teórico desse paradigma foi o psicólogo americano Burrhus Frederic Skinner (1904-1990), cuja abordagem é denominada ‘Behaviorismo Radical’. Como veremos mais adiante, Skinner foi responsável por algumas ampliações importantes nesse enfoque psicológico e permaneceu sendo o teórico behaviorista mais conhecido desde a década de 1930 até seu falecimento, em 1990.
De acordo com os preceitos do behaviorismo, a fim de que seja considerada uma ciência empírica, a Psicologia deve conceber como seu objeto de estudo somente aquilo que pode ser observado e descrito de forma rigorosa e objetiva. Nessa concepção, a análise de dados científicos deve dar-se a partir da observação objetiva do comportamento dos organismos ao invés de tomar por base o funcionamento de sua mente, uma vez que todo e qualquer tipo de comportamento – humano e não humano – pode e deve ser descrito e explicado sem qualquer referência a eventos mentais ou processos psicológicos internos. Isso significa dizer que não há qualquer espaço na teoria científica para a introspecção e que construtos teóricos como mente razão, consciência, ideias, conhecimento e pensamento não possuem qualquer utilidade para a Psicologia científica. Segundo Skinner, por exemplo, é equivocado dizer que um indivíduo que fala português possua qualquer tipo de “conhecimento de português”; o que se pode afirmar é que esse indivíduo aprendeu um conjunto de comportamentos que permitem a ele responder de forma apropriada em situações de interação realizadas em português.
No curso do desenvolvimento da teoria psicológica, termos mentais ou conceitos abstratos utilizados para descrever ou explicar comportamentos devem ser eliminados e substituídos por termos comportamentais, dado que propriedades da mente – se é que elas existem – estão intrinsecamente fora do alcance da ciência, o que torna, portanto, tal tipo de investigação completamente sem sentido.
Mas, o que é o comportamento, foco primordial dos estudos behavioristas? Para esse grupo de teóricos, o comportamento é a resposta dada por um determinado organismo a algum fator externo que o estimule, sendo que tal resposta pode sempre ser observada, descrita e quantificada. É possível, também, observar e quantificar com rigor os fatores externos (estímulos ambientais) que dão origem a esse comportamento, ou seja, os estímulos, bem como os fatos que o sucedem ou que resultam desse comportamento. Partindo da crença de que todos os tipos de aprendizagem são hábitos que resultam da formação de associações entre estímulos e respostas – e reforços –, gerados na interação dos organismos com o meio no qual estão inseridos, os behavioristas se atêm somente aos comportamentos observáveis externamente. Segundo essa concepção, tais associações, por si só, podem oferecer as explicações científicas necessárias e suficientes para todo e qualquer comportamento tornando, portanto, desnecessária qualquer menção a possíveis pré-disposições inatas do ser humano. O ser humano, portanto, é concebido como uma espécie de ‘caixa preta’, cuja natureza interior não pode ser analisada ou sequer levada em consideração pela teoria psicológica.
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