A criança e as dificuldades de aprendizagem
A criança e as dificuldades de aprendizagem – Artigo enviado pelo nosso parceiro “Professor Marcos L Souza – Pedagogo – Psicopedagogo – Educador.
A criança e as dificuldades de aprendizagem
Muitos são os alunos que ao longo da sua escolaridade apresentam dificuldades de aprendizagem. Face a esta realidade inúmeros pesquisadores e professores têm procurado diagnosticar as suas causas de modo a minimizar, ou, se possível, eliminar os seus efeitos. Este é, inquestionavelmente, um dos maiores desafios do processo de ensino- aprendizagem da atualidade. Como causas para as dificuldades de aprendizagem têm sido apontadas as cognitivas sendo a intervenção realizada por meio do treino cognitivo e, nem sempre tem sido dada atenção à questão emocional, atenção esta que exige um estudo sistematizado e uma relação afetiva para que possa se perceber o que está acontecendo com a criança.
A psicologia tem estudado a inteligência humana, tendo incidido, inicialmente, a sua atenção nas capacidades cognitivas e nos seus usos e só posteriormente passou a incluir a inteligência emocional, em especial a capacidade para reconhecer, expressar e gerir emoções. Tal deve-se, em grande parte, ao desenvolvimento da neurobiologia dentro do campo da pisicologia educacional, que começou a atribuir um papel de extrema relevância às emoções, sobretudo nos processos cognitivos ligados a aquisição da aprendizagem. Desde então tem-se procurado determinar o papel das emoções no bem-estar psicológico dos alunos.
Ter um elevado quociente de inteligência (QI) não é garantia de êxito, uma vez que a inteligência envolve, não apenas a capacidade cognitiva mas, também, a perceção, expressão e controlo de emoções. É fundamental que o indivíduo adquira confiança em si próprio, possua autonomia e facilidade relacional, bem como aptidões para comunicar e capacidade para dominar as suas emoções, para além das capacidades e competências técnicas. Estas habilidades devem merecer destaque impotantíssimo desde a mínima idade da criança porque, é neste processo de aquisição que a mesma irá moldar seu caráter.
De acordo com Gottman e Declaire (2000:16) os investigadores “(…) descobriram que a consciência emocional e a capacidade de lidar com os sentimentos são muito mais determinantes que o QI para o sucesso e a felicidade em todas as fases da vida, inclusivamente nas relações familiares”.
Refere Weisinger (1997) que existem, no mínimo, três elementos que determinam a Inteligência Emocional: capacidade de perceber, avaliar e expressar corretamente uma emoção; capacidade de originar ou ter acesso a sentimentos quando eles permitirem auxiliar na compreensão de si mesmo ou de outrem; capacidade de compreender as emoções e o conhecimento decorrente dela; e, capacidade de controlar as próprias emoções para fomentar o crescimento emocional e intelectual.
A criança tem de aprender a lidar com as emoções, para poder ter sucesso nas realizações intrapessoais e interpessoais. Aquele que apresenta capacidade para dominar as emoções desenvolve um bom comportamento racional, conseguindo diminuir a ansiedade, e, assim, é capaz de agir de um modo calmo e com mais autoconfiança. Refere Fonseca (2007) que, quando a pessoa demonstra capacidade para lidar com as emoções, quando é capaz de se motivar a si mesmo, de perseverar mesmo perante as frustrações, de controlar impulsos é capaz de canalizar as emoções para situações apropriadas o que permite evidenciar as suas aptidões.
Wang, Heartel e Walberg (s/d cit. por Zins & Elias, 2006) entendem que os fatores sócio emocionais podem exercer influência na aprendizagem, começando-se a aceitar que as dificuldades de aprendizagem possam estar relacionadas com a inteligência emocional. Como refere Arándiga (2009:148) “Recientes investigaciones sobre la inteligência emocional y su influencia en aspectos escolares ponen de relieve la importância que tiene disponer de esta capacidad para una buena adaptación escolar”. Quando são produzidas emoções desajustadas, o comportamento infantil e juvenil é alterado afetando a convivência familiar, social, escolar, bem como o seu bem-estar psicológico.
Para compreender o conceito de inteligência emocional e as suas implicações é preciso, desde logo, compreender o conceito de dificuldade de aprendizagem, de inteligência e de emoção. Para tal, no primeiro momento especifico o conceito de dificuldade de aprendizagem, as características e problemas socio-emocionais das crianças com dificuldades de aprendizagem. No segundo momento apresento a definição de emoção, as suas bases biológicas, componentes e classificação, e no terceiro momento procuro proceder a uma contextualização da inteligência, através da sua definição e teorias. O quarto momento aborda essencialmente a inteligência emocional e as suas implicações na educação da criança.
DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM
Se compreender como é o processo de aprendizagem é essencial para o desenvolvimento da criança, permitindo a aquisição de conhecimentos e de competências. Trata-se de um processo, na medida em que não é algo momentâneo, mas que se realiza ao longo do tempo em interação com o meio ambiente. Por outro lado, a aprendizagem apresenta um caráter intimo e pessoal resultante de fatores socioculturais, biológicos e inatos, bem como desenvolvimentais.
Através da aprendizagem a criança vai-se adaptando a situações novas, inéditas e imprevisíveis.
Nas escolas os professores deparam-se com muitas crianças que, ao longo do seu processo educativo apresentam dificuldades de aprendizagem, sentindo-se desmotivadas e incomodadas com as tarefas escolares.
As crianças com dificuldades de aprendizagem apesar de serem inteligentes, não conseguem alcançar realizações escolares significativas, e muitas delas desenvolvem um sentimento de incapacidade e frustração.
As dificuldades de aprendizagem não são unicamente um problema escolar, mas também são um problema social.
DEFINIÇÃO DE DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM
Muitas crianças, apresentam invariavelmente dificuldades de aprendizagem e, consequentemente insucesso escolar.
As dificuldades de aprendizagem, apesar das diversas pesquisas já realizadas, ainda surgem como algo pouco compreensível para a grande maioria dos pesquisadores, pais e professores.
De modo geral classificam-se estes alunos por uma avaliação prévia como pouco inteligentes e ou preguiçosos e na maioria dos casos, crianças com problemas de transtornos, em vez de procurar forma de os ajudar a ultrapassar as suas dificuldades. Um aluno com dificuldades de aprendizagem não tem forçosamente um QI baixo ou alto, mas apenas é portador de uma dificuldade específica numa determinada área, podendo ter sucesso escolar, se adequadamente apoiado.
As dificuldades de aprendizagem representam obstáculos que tanto podem ser ténues, fracos, e, deste modo, facilmente ultrapassados, como podem ser fortes e duradouros e, nem sempre é fácil determinar as suas causas.
Para se poder apoiar as crianças com dificuldades de aprendizagem é essencial compreender o seu significado e a sua origem. O conceito de dificuldades de aprendizagem é muito amplo, pois engloba qualquer dificuldade patenteada por um aluno em acompanhar o ritmo de aprendizagem de colegas da mesma faixa etária. Estas dificuldades podem manifestar-se na aquisição e uso da escrita, fala, leitura, no raciocínio ou habilidades expecíficas como: matemática.
O aparecimento do conceito de dificuldade de aprendizagem ocorreu na década de 60 do século passado. Autores como Kirk e Bateman (s/d, cit. por Lopes 2010) distanciaram o campo das dificuldades de aprendizagem das questões de etiologia, deslocando-o para o das características dos alunos.
Embora realce a origem neurológica das dificuldades de aprendizagem, Kirk salienta que o conceito é, desde logo, educacional: “The term “learning disability” 1s, (…) primarly na educational concept”.
O DSM – IV, incluiu as perturbações de aprendizagem nas perturbações que aparecem habitualmente na primeira e segunda infância ou adolescência e define-as como um funcionamento escolar bastante inferior ao esperado para a idade cronológica da criança ou adolescente, nível de inteligência e para um nível educacional adequado à idade.
Segundo Miranda Correia, numa perspetiva educacional, as dificuldades de aprendizagem refletem uma incapacidade ou impedimento para a aprendizagem da leitura, da escrita, ou do cálculo ou para a aquisição de aptidões sociais. Isto quer dizer que os alunos com dificuldades de aprendizagem podem apresentar problemas na resolução de algumas tarefas escolares e serem brilhantes na resolução de outras. Quer ainda dizer que, em termos de inteligência, estes alunos geralmente estão na média ou acima da média”
Numa perspetiva orgânica, as dificuldades de aprendizagem são vistas como desordens neurológicas que interferem na receção, integração ou expressão de informação, caracterizando-se por dificuldades significativas na aquisição e uso da audição, fala, leitura, escrita, raciocínio, habilidades matemáticas ou habilidades sociais.
Lopes (2010: 36) refere que “(…) O conceito de “Dificuldades de Aprendizagem”, ao contrário do que usualmente se supõe, está longe de alcançar o patamar das definições consensuais”. Acrescenta (Lopes, 2010:37) que “ O próprio termo Dificuldades de Aprendizagem não é pacifico, sendo que o problema das crianças que ao longo do seu trajeto escolar revelam um insucesso crónico têm recebido diversas designações: insucesso escolar, dificuldades de aprendizagem, subrealização escolar, dificuldades de aprendizagem específicas, distúrbio específico de desenvolvimento, problemas de aprendizagem, etc.”
Um dos problemas mais salientes decorre do fato de se tratar de uma construção observadora que se infere a partir de comportamentos ou indicadores observáveis. Deixando de lado o ponto de vista da forma como se tenta avaliá-los. Em grande parte a avaliação deste constexto funda-se na ideia de que as dificuldades de aprendizagem são “inesperadas” e ocorrerem em sujeitos normalmente inteligentes.
Atualmente o conceito de dificuldades de aprendizagem é aplicado a um grupo de indivíduos que apresenta uma discrepância significativa entre aquilo que é esperado em função da idade e aquilo que efetivamente realiza em termos acadêmicos”.
Os alunos com dificuldades de aprendizagem mostram-se incapazes de desempenhar as tarefas expecificas com sucesso.
De acordo com Ballone (2004) não se deve tratar as dificuldades de aprendizagem como se fossem problemas insolúveis, mas como desafios que são parte do próprio processo da aprendizagem.
CARACTERÍSTICAS DAS CRIANÇAS COM DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM
As crianças com dificuldades de aprendizagem são um grupo bastante heterogéneo, pois cada criança é única e diferente de todas as outras e as suas dificuldades são também diferentes umas das outras. No entanto, há alguns aspetos comuns à maior parte das crianças com dificuldades de aprendizagem.
Os autores, que se têm debruçado sobre as crianças com dificuldades de aprendizagem referem que elas apresentam algumas características comuns que podem ser agrupadas em três áreas distintas: discrepância académica/escolar; problemas cognitivos; problemas sócio emocionais.
A discrepância acadêmica/escolar significa uma diferença entre o potencial intelectual da criança e o seu rendimento escolar, essencialmente na leitura, escrita e cálculo.
Os problemas cognitivos relacionam-se com os processos psicológicos básicos que estão diretamente ligados à aprendizagem, nomeadamente a perceção, a memória, a atenção/concentração.
Os problemas sócio emocionais, estão relacionados com as dificuldades que este grupo de crianças apresenta na sua relação consigo mesma e com os outros.
PROBLEMAS SÓCIO EMOCIONAIS DAS CRIANÇAS COM DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM
Um problema relacionado com as dificuldades de aprendizagem é o transtorno comportamental, que se manifesta através de conflitos entre a criança e os outros, tanto na escola como fora dela.
Roeser & Eccles (2000 cit. por Stevanato et al., 2003) entendem que as dificuldades comportamentais e emocionais exercem uma forte influência nas realizações acadêmicas e estas afetam os sentimentos e os comportamentos das crianças.
Alguns estudos salientam a baixa popularidade que as crianças com dificuldades de aprendizagem têm entre os seus companheiros e a menor facilidade em fazer e manter amigos. Os professores consideram os alunos com dificuldades de aprendizagem como alunos pouco habilidosos socialmente e com mais problemas de comportamento que os outros.
A família, professores e a sociedade em geral têm para com estes alunos uma atitude de pouca compreensão e baixa tolerância e frequentemente os rotulam, de um modo errado tratando-as como preguiçosas. Por regra os adultos exigem à criança que se corrija ou se esforce para obter um melhor desempenho escolar o que pode aumentar ainda mais os níveis de stress e os problemas familiares.
Na escola, a criança recebe as avaliações dos professores, os comentários dos colegas e as repreensões dos pais sobre as suas habilidades em acertos e erros, com base nelas, constrói uma visão de si.
O fracasso em diversas tarefas faz com que as crianças com dificuldades de aprendizagem se possam sentir culpadas pelas suas falhas, atribuindo-as à sua incompetência, enquanto os êxitos são atribuídos à facilidade da tarefa, à sorte ou a outros fatores externos.
Isto relaciona-se com o conceito de locus de controlo. Um locus de controlo interno significa que a criança atribui a culpa do seu insucesso escolar a si própria, enquanto no locus de controlo externo, a criança atribui as causas do seu insucesso aos outros, à escola, ao professor, ou até mesmo à própria sociedade.
Assim as crianças apresentam sentimentos de vergonha, insegurança em si mesmas, baixa autoestima e autoconceito, experimentam sentimentos de raiva, distanciamento das tarefas, expressando hostilidade em relação aos outros, frustração e agressividade.
ANSIEDADE
As crianças com dificuldades de aprendizagem apresentam níveis de ansiedade elevados face a situações relacionadas com a escola, chegando, mesmo a rejeitar a escola, por a considerarem ameaçadora. Podem, inclusive, desenvolver a chamada fobia escolar , se retraindo para seu mundo interior.
- Autoconceito
Estas crianças apresentam um baixo autoconceito Stevanato et al. (2003), desenvolveram um estudo que lhes permitiu concluir que as crianças com dificuldades de aprendizagem apresentam um autoconceito geral mais negativo que as crianças com bom desempenho escolar.
- Depressão/Suicídio
Algumas pesquisas evidenciam que as crianças com dificuldades escolares, apresentam problemas de ordem emocional e comportamental (Medeiros, 2000). Estas crianças, patenteiam, frequentemente, terem dificuldades intra e interpessoais como solidão, depressão. Alguns estudos apontam para o risco de desenvolvimento de uma patologia depressiva, associada ou não ao suicídio, em crianças com dificuldades de aprendizagem (Adrián et al., 2002).
A criança com dificuldades de aprendizagem, se não for adequadamente, apoiada poderá não ultrapassar as suas dificuldades, mas se for devidamente apoiada e houver uma intervenção atempada pode apresentar progressos significativos
AS EMOÇÕES
As emoções têm sido alvo do estudo e interesse humano e científico desde há muito tempo, em diferentes áreas do saber. Elas surgem como processos centrais no funcionamento humano, desempenhando um papel importante como organizadores no desenvolvimento cerebral e em diversos domínios do funcionamento psicológico e social.
A pessoa é, constantemente, confrontada com situações onde a emoção se encontra presente, pelo que se torna importante aprender a lidar com as situações emocionais e adquirir hábitos emocionais.
Há autores que fazem referência a dois tipos de emoções: as emoções-choque e as emoções-sentimento. Nas emoções-choque, a reação é muito curta. A pessoa reage a um dado acontecimento imprevisto evidenciando falta de mecanismos de adaptação adequados. Estas emoções são globais. As reações a sentimentos são duradouras e menos intensas, pelo que são também denominadas apenas por sentimentos.
A emoção, qualquer que seja o seu tipo, exerce determinadas funções, como seja, a de preparar o sujeito para a ação, modelar comportamentos futuros, na medida em que possibilitam a aquisição de informação que orienta o sujeito na escolha das respostas futuras mais adequadas e ajudam a regular a interação social8.
Ao longo deste capítulo procede-se à abordagem de alguns aspetos relacionados com a emoção, nomeadamente procura-se explorar a definição de emoção.
2.1. Definição
O termo emoção deriva da palavra latina movere (mover), aludindo à tendência para agir, que se encontra subentendida em toda emoção.
Nem sempre a definição de emoção é apresentada de forma clara ou consensual, não sendo raro verificar-se alguma confusão terminológica entre sentimentos e emoções, dois
termos que podem significar processos relacionados, mas distintos, embora, frequentemente usados de forma equivalente.
Gray (1987) entende as emoções como estados internos provocados por acontecimentos externos ao organismo, por contingências.
Por sua vez Goleman (1996: 310) refere-se à emoção como “ (…) a um sentimento e aos raciocínios daí derivados, estados psicológicos e biológicos, e o leque de propensões para a ação.”
Gross (1998) fala de, pelo menos, três componentes-chave da emoção, designadamente a expressão comportamental, a experiência subjetiva e as respostas fisiológicas periféricas.
Doron & Parot (2001: 270) definem a emoção como sendo um “ (…) estado particular de um organismo que sobrevém em condições bem definidas (uma situação dita emocional), acompanhado de uma experiência subjetiva e de manifestações somáticas e viscerais.”
Segundo Bisquerra (2003:61) a emoção é “Um estado complexo do organismo caracterizado por uma excitação ou perturbação que predispõe a uma resposta organizada. As emoções surgem como uma resposta a um acontecimento externo ou interno.”
Na perspetiva de Damásio (2003: 28), as emoções são “ (…) ações ou movimentos, muitos deles públicos, visíveis para os outros na medida em que ocorrem na face, na voz, em comportamentos específicos”. Nesta perspetiva, de fundamento neurobiológico, uma emoção é ativada como reação automática a um (Damásio, 2003:53 “ (…) estímulo emocionalmente competente»), caracterizando-se por um conjunto de reações químicas e neuronais específicas”. Segundo Damásio (2003) pode-se fazer referência a algumas emoções básicas como o medo, a raiva, a surpresa, a tristeza, a felicidade ou a aversão/repugnância, caracterizadas por uma programação inata, e de emoções algo mais complexas, chamadas de emoções sociais, de que são exemplo a simpatia, o embaraço, a vergonha, a culpa, o orgulho, a inveja, a gratidão, a admiração e o desprezo.
CONCLUSÃO
Observamos que as dificuldades de aprendizagem podem ser geradas tanto por fatores extrínsecos como intrínsecos ao ser humano, ou seja, para além dos aspectos psicológicos e biológicos ela envolve principalmente o ambiente no qual o sujeito está inserido, pois será o meio e os estímulos que irão determinar a dificuldade em maior ou menor grau da criança. Geralmente o cérebro da criança com dificuldade tende a ter um desenvolvimento e amadurecimento mais tardio e demorado (SMITH; STRICK, 2012), a isso soma-se o fato das escolas estabelecerem certos padrões para o desenvolvimento dos alunos e tudo o que não se encaixa neste padrão é considerado um “problema”. Assim, acabam sendo criados enganos, estigmas e rótulos, sobre os alunos que não aprendem no tempo predeterminado pela escola ou pressionados pelos pais.
Estes enganos ocorrem principalmente pelo fato de que não é possível encaixar todas as pessoas em um padrão de desenvolvimento ou em um modelo de aprendizagem universal, uma vez que cada ser humano é singular em sua existência, experiência e possibilidades. Estes padrões tendem a ser totalizantes não deixando espaços para os alunos que precisam de mais tempo ou de outros recursos e meios para aprender.
Aprender a ler e escrever, fazer calculos etc, não é uma tarefa fácil, para que a criança seja alfabetizada da maneira mais correta possível, é necessário estimular todo um conjunto de habilidades e conhecimentos que envolvem a coordenação motora, memória, orientação espacial, discriminação visual e auditiva, dentre outras habilidades. Além disso, quando fazemos uma leitura por exemplo, precisamos colocar em funcionamento vários processos e realizarmos várias conexões que são bem complexas. Geralmente as pessoas que já estão alfabetizadas não se dão conta deste fato, porque estes processos e conexões já se encontram internalizadas nas mesmas.
Todos nós possuímos facilidades ou dificuldades em aprender determinado conteúdo
ou em adquirir certas habilidades, contudo devemos ressaltar que mesmo que haja algumas dificuldades isso não quer dizer que nunca poderemos aprender. As dificuldades de aprendizagem podem se originar principalmente por uma falta de motivação, algum transtorno emocional ou inadequação a um método ou material de ensino. Devemos levar em conta que não existe uma única maneira, um único modo de caminhar para que a aprendizagem ocorra, cada aluno possuí um ritmo e aprende de diferentes maneiras. Nesse sentido o professor mediador deve realizar seu trabalho de modo a conseguir abranger todos os ritmos e modos de aprender de seus alunos, valorizando as diferentes maneiras que eles utilizam para encontrar as respostas das questões que são colocadas a eles.
As crianças tendem a responder emotivamente aos acontecimentos, sendo assim a relação que o professor estabelece com os alunos irá ditar o modo como estes discentes vão se enxergar e o modo como eles irão se relacionar com o conhecimento. Em relação às crianças que possuem dificuldades de aprendizagem, estas tendem a ser desvalorizadas por conta de suas dificuldades estarem em áreas que são mais valorizadas socialmente, nesse sentido é fundamental que o professor mediador demonstre acreditar na capacidade do aluno procurando trabalhar e ressaltar os acertos e pontos fortes do mesmo.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
OLIVEIRA ,Cássio Rodrigo de, RIBEIRO, Luzia Lúcia, CARVALHO, Paulo Henrique Claro
de, BORGES, Thiago Ribeiro, AZEVEDO, Antonia Cristina Peluso de. Análise CríticoReflexivo
Das Dificuldades De Aprendizagem, 2014.
Disponível em: http://www.psicopedagogia.com.br/new1_artigo.asp?entrID=1693#.
STEVANATO, Indira Siqueira, LOUREIRO, Sonia Regina, LINHARES, Maria Beatriz
Martins, MARTURANO, Edna Maria. Autoconceito De Crianças Com Dificuldades De
Aprendizagem E Problemas De Comportamento, 2003
Disponivel em: http://www.scielo.br/pdf/pe/v8n1/v8n1a09.pdf
FREIRE, Paulo, Carta De Paulo Freire Aos Professores, Ensinar, Aprender: Leitura Do
Mundo, Leitura Da Palavra, Esta carta foi retirada do livro Professora sim, tia não. Cartas a
quem ousa ensinar (Editora Olho D’Água, 10ª ed., p. 27-38), 1993. Disponível em:
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-
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