Como melhorar sua memória: estratégias para crianças e adultos
Nas escolas, uma das formas mais eficazes de melhorar o aprendizado é ensinar os alunos a entender como funciona sua própria memória. De modo geral, quanto mais conhecimento eles acumularem e quanto mais praticarem estratégias de memorização eficientes, mais fácil será adquirir novos conhecimentos.
Costumamos categorizar a memória das pessoas como “boa” ou “ruim”, mas é mais complexo do que isso. Você pode conhecer alguém que tenha dificuldades para lembrar nomes e rostos, mas que seja excelente em aprender idiomas. Outra pessoa pode se lembrar de eventos passados com grande riqueza de detalhes, mas ter dificuldade para memorizar números de telefone.
Essas diferenças refletem a complexidade da memória humana, que é composta de diferentes sistemas e suportada por estruturas e mecanismos neurobiológicos distintos. O que estamos aprendendo e como aprendemos afeta os processos envolvidos na memorização. Por exemplo, aprender um idioma envolve mecanismos diferentes dos utilizados ao aprender informações científicas. Isso torna difícil generalizar uma única estratégia de memorização eficaz em todos os contextos educacionais.
Neste artigo, vamos nos concentrar na memória declarativa, que envolve informações explícitas, como fatos, datas, nomes, eventos e conceitos, que podemos acessar conscientemente.
Estratégias mnemônicas e visualização
Estudos com especialistas em memorização competitiva mostram que, embora a genética influencie a capacidade de lembrar, é possível desenvolver uma memória excepcional por meio de prática. Técnicas mnemônicas, que são métodos para melhorar a retenção de informações, geralmente exigem muito treinamento. Elas se baseiam na criação de imagens mentais ou na associação verbal.
Uma técnica popular é o “método de loci”, que envolve associar itens a serem lembrados com lugares específicos. Por exemplo, para memorizar uma lista de compras, você pode visualizar os itens em diferentes pontos do caminho para o trabalho. Quando precisar se lembrar da lista, basta refazer o percurso mentalmente. Neuroimagens mostram que, durante a memorização, pessoas que usam essa técnica têm maior ativação nas áreas cerebrais responsáveis pelo processamento espacial.
As estratégias mnemônicas eficazes são baseadas em três princípios:
- Relacionar novas informações com conhecimentos pré-existentes.
- Lembrar do caminho para acessar as informações, além da própria informação.
- Praticar continuamente para fortalecer a memória.
Essas técnicas podem ser úteis em escolas para memorizar listas, como os planetas ou elementos químicos, mas não são tão eficazes para conteúdos mais complexos.
Codificação e redes de conhecimento
Diante das limitações das mnemônicas em contextos educacionais, é importante explorar outras formas de melhorar a memória. Podemos focar no processo de codificação e recuperação de informações.
O aprendizado começa quando uma informação é percebida, registrada e codificada no cérebro. O fator mais importante não é o desejo de aprender, mas o que fazemos com a informação. Processar os dados de maneira profunda, relacionando-os com o conhecimento prévio, é fundamental para facilitar a memorização. Por isso, criar redes ricas de conhecimento é essencial para integrar novos conteúdos de forma eficiente.
Além disso, a recuperação das memórias é tão importante quanto sua codificação. Muitas vezes sabemos algo, mas não conseguimos acessar essa informação. Para melhorar a memória, é necessário treinar o processo de recuperação, praticando repetidamente.
Compreendendo sua própria memória
Nas escolas, o método mais eficaz não é apenas ensinar técnicas de memorização, mas ajudar os alunos a entender como sua memória funciona. Quanto mais conhecimento eles tiverem e mais tempo dedicarem às estratégias de memorização, mais fácil será adquirir novos conteúdos.
É igualmente importante ensinar quais técnicas são mais eficazes para diferentes tipos de conteúdo e avaliações, e aplicar essas estratégias de maneira flexível.