O que é: Pragmática na Filosofia

O que é Pragmática na Filosofia

A pragmática é um ramo da filosofia que estuda a relação entre a linguagem e o contexto em que ela é utilizada. Ela se preocupa em entender como as palavras e as expressões são usadas para comunicar significados e como esses significados são interpretados pelos interlocutores. A pragmática busca compreender como a linguagem é usada para realizar ações e influenciar o comportamento das pessoas.

A origem da pragmática

A pragmática como campo de estudo surgiu no final do século XIX, com as obras do filósofo e lógico norte-americano Charles Sanders Peirce. Peirce foi um dos primeiros a explorar a relação entre a linguagem e a ação, e a desenvolver uma teoria da comunicação baseada na pragmática. Ele argumentava que a linguagem não é apenas um sistema de símbolos, mas também uma ferramenta para ação e interação social.

Outro importante filósofo que contribuiu para o desenvolvimento da pragmática foi o britânico John Langshaw Austin. Em seu livro “How to Do Things with Words” (Como Fazer Coisas com Palavras), Austin propôs uma teoria da linguagem baseada em atos de fala. Ele argumentava que as palavras não são apenas usadas para descrever a realidade, mas também para realizar ações, como fazer promessas, dar ordens e expressar desejos.

Os princípios da pragmática

A pragmática se baseia em alguns princípios fundamentais para entender como a linguagem funciona na prática. Um desses princípios é o da intencionalidade, que afirma que a linguagem é usada com o propósito de influenciar o comportamento dos outros. Ou seja, quando falamos, temos uma intenção por trás das nossas palavras, seja convencer alguém, expressar uma emoção ou solicitar algo.

Outro princípio importante da pragmática é o da contextualidade. A linguagem não é usada de forma isolada, mas sempre em um contexto específico. Esse contexto inclui não apenas o ambiente físico em que a comunicação ocorre, mas também as crenças, valores e expectativas dos interlocutores. O contexto é fundamental para a interpretação das palavras e expressões utilizadas.

Os atos de fala

Um dos conceitos centrais da pragmática é o de ato de fala. Segundo Austin, quando falamos, não apenas descrevemos a realidade, mas também realizamos ações. Ele identificou três tipos de atos de fala: os constatativos, os performativos e os exercitivos.

Os atos constatativos são aqueles em que o falante descreve ou afirma algo sobre a realidade. Por exemplo, quando dizemos “Está chovendo”, estamos fazendo um ato constatativo, pois estamos descrevendo uma situação.

Os atos performativos são aqueles em que o falante realiza uma ação ao proferir determinadas palavras. Por exemplo, quando dizemos “Eu te prometo que farei isso”, estamos realizando um ato performativo, pois estamos fazendo uma promessa.

Os atos exercitivos são aqueles em que o falante realiza uma ação ao proferir determinadas palavras, mas essa ação não é uma promessa ou uma descrição da realidade. Por exemplo, quando dizemos “Eu te desafio a fazer isso”, estamos realizando um ato exercitivo, pois estamos desafiando alguém.

A implicatura

Outro conceito importante da pragmática é o de implicatura. A implicatura é um tipo de significado que não é expresso literalmente pelas palavras, mas é inferido pelo interlocutor com base no contexto e nas intenções do falante. Por exemplo, quando alguém diz “Você não vai ao cinema hoje?”, a implicatura é que a pessoa espera que você vá ao cinema.

A implicatura pode ser dividida em dois tipos: a implicatura conversacional e a implicatura convencional. A implicatura conversacional ocorre quando o interlocutor infere um significado além do que é expresso literalmente pelas palavras, com base nas regras da conversação. Por exemplo, quando alguém diz “Está um pouco quente aqui”, a implicatura é que a pessoa quer que alguém abra a janela.

A implicatura convencional ocorre quando o interlocutor infere um significado além do que é expresso literalmente pelas palavras, com base em convenções sociais. Por exemplo, quando alguém diz “Você está linda hoje”, a implicatura é que a pessoa está elogiando a aparência da outra.

A relevância na pragmática

A relevância é outro conceito fundamental na pragmática. Segundo a teoria da relevância proposta pelo filósofo britânico Dan Sperber e o linguista francês Deirdre Wilson, a comunicação é um processo em que os interlocutores buscam maximizar a relevância das informações transmitidas. Ou seja, as pessoas tendem a interpretar as palavras e expressões de forma a obter o máximo de informação relevante.

Segundo Sperber e Wilson, a relevância é determinada pela relação entre o esforço cognitivo necessário para processar uma informação e a quantidade de informação nova e útil que essa informação fornece. As pessoas tendem a interpretar as palavras e expressões de forma a minimizar o esforço cognitivo e maximizar a informação relevante.

A pragmática e a teoria da mente

A pragmática também está relacionada com a teoria da mente, que é a capacidade de atribuir estados mentais, como crenças, desejos e intenções, a outras pessoas. A teoria da mente é fundamental para a compreensão da linguagem, pois nos permite inferir as intenções e os significados dos outros.

Quando interpretamos as palavras e expressões de alguém, estamos constantemente fazendo inferências sobre as suas intenções e estados mentais. Por exemplo, se alguém diz “Estou com fome”, podemos inferir que a pessoa deseja comer algo. Essas inferências são fundamentais para a compreensão da linguagem e para a interação social.

A pragmática na comunicação cotidiana

A pragmática tem uma aplicação prática importante na comunicação cotidiana. Ela nos ajuda a entender como as palavras e expressões são usadas para influenciar o comportamento dos outros e como interpretar os significados implícitos nas mensagens.

Por exemplo, a pragmática nos ajuda a entender quando alguém está sendo irônico ou sarcástico, mesmo que as palavras utilizadas não expressem literalmente esse significado. Ela também nos ajuda a interpretar as entrelinhas de uma conversa e a entender as intenções por trás das palavras.

Conclusão

A pragmática é um campo da filosofia que estuda a relação entre a linguagem e o contexto em que ela é utilizada. Ela busca compreender como as palavras e expressões são usadas para comunicar significados e como esses significados são interpretados pelos interlocutores. A pragmática é fundamental para a compreensão da linguagem e para a interação social, pois nos ajuda a entender como as palavras são usadas para realizar ações e influenciar o comportamento das pessoas.

Compreender a pragmática é essencial para uma comunicação eficaz, pois nos permite interpretar os significados implícitos nas mensagens e entender as intenções por trás das palavras. Através da pragmática, podemos aprimorar nossa capacidade de se expressar e de compreender os outros, tornando nossas interações mais claras e satisfatórias.