20 anos após ouvir de professora que sequer seria alfabetizado, autista se forma em Medicina
Com 26 anos, Enã Rezende acaba de se formar em medicina pela Universidade de Cuiabá (Unic), no Mato Grosso. Enã é autista e cresceu com dificuldade de desenvolver a fala e a interação com as pessoas à sua volta.
Frequentemente, o jovem sofria bullying dos colegas de sala e sua mãe, Érica Rezende, chegou a escutar de uma professora que ele, na época com sete anos, não conseguiria aprender a ler e escrever. Érica o mudou de escola.
Enã foi diagnosticado com psicose infantil e só aos 19 anos recebeu a análise de que era autista em grau leve.
Quando criança, o pai de Enã sofreu um acidente de carro e veio a falecer. O fato fez o jovem ter interesse em compreender o universo da medicina.
Dessa forma, durante os anos na universidade, a principalmente dificuldade de Enã era o de ter contato com os pacientes, devido à dificuldade de olhar nos olhos, só que com o tempo o cenário foi se revertendo. Ele não sofreu obstáculos na aprendizagem, tanto que não foi reprovado em nenhuma disciplina.
“O Enã é uma pessoa extremamente inteligente, mas por conta dessa dificuldade de interação, acabava ficando mais isolado. Então, passamos a tomar iniciativas, junto com professores e os próprios colegas, para que ele fosse colocado em grupos e tudo isso o ajudou na inserção social”, conta a coordenadora do curso de medicina da Unic, a endocrinologista Denise Dotta, em entrevista à BBC News Brasil.
Assim também, agora que se formou, em fevereiro ele começará a trabalhar em uma unidade do Exército em Rondonópolis. Logo, em 2020 pretende se especializar em neurologia.
Atualmente, conforme informado pelo site de notícias G1, o jovem desenvolve um projeto de inclusão social nas escolas sobre o autismo. O objetivo do projeto ‘Autismo nas escolas’ é que crianças e adolescentes entendam o comportamento de um autista e aprendam a respeitá-lo, com palestras nas escolas.