Goiana ganha bolsa integral de cerca de R$ 2 milhões para estudar em universidade dos Estados Unidos
Nicole Vieira, de 18 anos, quer ser a primeira astronauta brasileira: ‘Temos que sonhar grande’. Ela também é uma das dez pessoas do mundo selecionadas para integrar projeto com vencedores do Prêmio Nobel.
Moradora de Goiânia, Nicole Vieira Pires, de 18 anos, foi contemplada com uma bolsa de cerca de R$ 2 milhões para estudar na Universidade de Columbia, em Nova Iorque, nos Estados Unidos. Além disso, é uma das dez pessoas do mundo selecionadas para integrar o programa “Science Research Fellow”, uma comunidade científica que coloca jovens em contato direto com professores vencedores do Prêmio Nobel.
“Temos que sonhar grande, independente dos empecilhos, precisamos fazer o melhor sem esperar o resultado, mas sim fazer um impacto na sociedade”, diz a jovem.
A carta oficial de aprovação da universidade chegou no último dia 6 de abril, e, por 4 anos, ela fará graduação de física e ciência da computação, áreas que escolheu para ajudá-la a realizar um sonho antigo.
“Quero ser a primeira astronauta mulher brasileira a ir para o espaço e fazer o país se tornar linha de frente em ciência mundial. Desde criança eu tenho esse sonho, antes ele ficava só no imaginário, mas agora tenho métodos para fazê-lo acontecer”, revela a estudante.
A mãe de Nicole, a corretora de seguros Celma Vieira da Silva, diz que, desde os primeiros anos de vida, a filha era muito dedicada. “Ela sempre foi muito estudiosa, com quatro anos já sabia o alfabeto inteiro, mas quando entrou no ensino médio começou a ter esse entusiasmo de estudar fora”, assegura.
Nicole explica que, para receber a bolsa, precisou fazer uma inscrição criteriosa com a renda dos pais detalhada e traduzida para o inglês. Ao G1, ela mostra o valor detalhado da bolsa, que além dos estudos, inclui moradia e alimentação. O documento aponta que, por ano, seriam gastos $89,540, pouco mais de R$ 475 mil, segundo a cotação do dólar nesta quarta-feira (19). Celma comemora o recebimento da bolsa.
“O fato de ela ter ganhado a bolsa integral foi fantástico, porque senão a gente não conseguiria arcar com os custos”, afirma a mãe.
Nicole completa que, para conseguir estudar e ser aprovada, participou de mentorias gratuitas no Brasil e no exterior. Em um dos projetos, ela recebeu, por exemplo, ajuda financeira para ir a outras cidades realizar provas de proficiência de idioma, necessárias para a inscrição na universidade.
Com passagem comprada e partida definida para o dia 19 de agosto, ela divide o tempo em se organizar para a viagem e compartilhar conhecimento sobre estudar fora do país em suas redes sociais. A futura cientista atribui a aprovação ao apoio de sua família e relembra uma frase da mãe: “Ela sempre me disse que educação é a arma que ninguém te tira e nunca me esqueço disso”.
Histórico premiado
Amante da ciência desde a infância, ela coleciona prêmios, como uma medalha de ouro no Campeonato Brasileiro de Xadrez de 2019. A jovem conta ainda que tem um artigo científico publicado na Revista Internacional de Humanitats e lançará um livro antes da partida para o exterior. Já em 2020, foi selecionada para um programa de estudos de verão na Universidade de Stanford, na Califórnia, nos Estados Unidos.
Nicole explica que, também em 2019, recebeu medalha de bronze na International Young Physicists Tournament (IYPT), conhecida como Copa do Mundo de Física, e no ensino médio participou de uma iniciação cientifica no Laboratório de Bioquímica da Universidade Federal de Goiás. No projeto, ela estudou por seis meses como uma bactéria poderia tirar partículas de óleo do oceano.
A mãe de Nicole celebra as conquistas da filha e diz que tem muito orgulho da trajetória acadêmica da jovem, mas desabafa sobre a partida. “Quando ela coloca um propósito, vai afinco, ela tem um foco muito grande na pesquisa, é uma mistura de sentimentos, ao mesmo tempo em que estou muito feliz, estou com o coração apertado, mas quero que ela realize os sonhos”, conta.