Ataque em escola: alunos e pais relatam clima de violência e bullying
São Paulo – Pais e alunos da Escola Estadual Thomazia Montoro, na Vila Sônia, zona oeste da capital paulista, relatam que havia um clima recente de brigas e bullying na unidade onde uma professora de 71 anos morreu, após ser esfaqueada por um estudante na manhã desta segunda-feira (27/3). Outras três professoras e um aluno ficaram feridos.
“É muita briga na escola. Tem dia que meu filho não aguenta vir para a escola. Os alunos ficam o dia inteiro, é estressante. Meu filho sai 6h e chega 16h30 em casa. A escola é boa, o estudo é muito bom, o que falta é melhorar a comida, ter mais gente para conversar com os alunos sobre bullying, sobre briga. A escola não tem estrutura para ser de tempo integral”, afirma a cozinheira Maria Livramento, mãe de um aluno da mesma sala do agressor.
Veja o momento em que o aluno invade a escola e ataca professoras
Segundo relatos, os casos de bullying têm sido comuns na unidade. “Meu filho sofreu bullying quando ele entrou. Eu cheguei a reportar para a escola”, disse o cuidador de idosos Josimar Evangelista, pai de outro aluno da escola. “A gente nunca espera que vai acontecer [um atentado]”, disse.
“A gente tem muito medo de acontecer algo com eles, com os funcionários”, afirma a tia de uma aluna, que não quis se identificar.
Possível motivação
Ainda de acordo com relatos de alunos e pais, uma briga na semana passada teria sido o início da desavença que acabou na tragédia. Eles afirmam que o aluno de 13 anos, responsável pelo ataque, envolveu-se em uma briga com um colega, depois ambos trocarem xingamentos.
A professora que morreu, Elizabeth Tenreiro, teria sido a responsável por separar os dois e, por isso, os alunos acreditam que ela teria sido o alvo principal.
“Minha filha contou que teve essa briga e o menino já estava planejando matar outro adolescente. Ele deve ter ido para cima das professoras porque elas impediram essa briga”, diz a doméstica Maria José Fernandes, mãe de outra aluna.
Transferência recente
O adolescente de 13 anos responsável pelo ataque estudava no oitavo ano da escola estadual e havia se transferido recentemente para a unidade.
Segundo o secretário estadual da educação, Renato Feder, o jovem havia pedido transferência da escola, mas acabou retornando para a unidade no dia 15 de março.
O secretário afirmou que a direção da escola não tinha histórico de violência do aluno e que foi “pega desprevenida”.
De acordo com relato de um estudante, o aluno agressor havia saído da escola devido a uma briga com outro colega.
Os adolescentes descrevem o menor apreendido como uma pessoa tímida e quieta, sem muitos amigos.